Sempre caminhava preocupada pelas ruas da cidade a procura de animais abandonados ou em estado de sofrimento. O dom magnânimo de amar os animais e a fé em São Francisco de Assis, nasceram com ela, desde menina já carregava a graça e a meiguice na alma quanto ao respeito pelos animais. Parecia entender a linguagem entre eles e vivia a conversar com os cães e como eles a entendiam! Curava perna quebrada, feridas, micoses e também as dores do abandono. O carinho era o seu melhor remédio! E como Deus a protegia! Nunca adoeceu, sequer se contaminou com nenhuma doença! Gastava toda a sua aposentadoria em alimentos e remédios para os animais abandonados. Dividia seu teto com eles e sabia que Deus queria assim.
Sua oração diuturna era para São Francisco de Assis, a pedir a cura dos animais doentes e feridos, vítimas da maldade humana.
Foi delegada dacional da UIPA por quase meio século, lutou bravamente pelos direitos dos animais, sem contar com ajuda do poder público. Sempre muito discriminada pelas pessoas que se rotulavam de religiosas. Apenas contando com seus próprios esforços e sua sublime abnegação Adelina Pulpa de Mello cumpriu sua honrosa missão!
Defendia os cavalos que eram judiados pelos donos, as capivaras, os gatos, os passarinhos, os macacos, os cães. Lutava por eles tal e qual guerreira ensandecida!
Infelizmente, muito humilhada pelos hipócritas que nada faziam, mas sabiam criticar essa mulher valorosa e corajosa a denominando de mulher dos cachorros. Porém esse apelido não a ofendia, muito pelo contrário, quando a questionavam sobre o fato, dizia: “Muito me honra ser assim chamada, me ofenderiam se me chamassem de Madame Fulano de Tal!”
Foi o anjo protetor dos animais. Foi ela que deu o grito de alarme quanto às leis sobre a proteção e o direito dos animais e direitos ambientais. E, com galhardia foi nomeada delegada nacional da UIPA. Foi ela quem sempre defendeu, por mais de meio século, os animais de rodeio contra o crime de judiação quanto ao uso de esporas cortantes e outros instrumentos de tortura. Uma grande guerreira que lutou ardorosamente pela proteção dos animais.
Adelina Pulpa de Mello sempre será lembrada, pelas pessoas justas, honradas e verdadeiramente cristãs, como a protetora dos animais. E, os médicos não sabiam explicar o motivo de mesmo ao lidar com animais doentes e contaminados, ela nunca adoeceu!
Minha mãe fez da vida uma obra de arte em prol da flora e da fauna. Um exemplo de caridade e abnegação para todos que a conheciam!
Veio a falecer no dia 17 de maio de 2008 com 98 anos de idade, sem sofrimento, apenas adormeceu para sempre. E na missa de sétimo dia, no altar principal, aos pés de Cristo, quatro cães marcaram presença e permaneceram em silêncio durante a missa! A Protetora, como era chamada na cidade, morreu de velhice e com a consciência a brilhar! E, fato curioso e costumeiro é encontrar cães abandonados aconchegados aos pés de seu jazigo, tais e quais guardiões a proteger quem tanto fez por eles! Pois, os animais desconhecem a ingratidão e sabem que ali está, na paz de Deus, minha mãe querida, meu exemplo maior Adelina Pulpa de Mello, a protetora!
E pasmem, essa heroína nunca recebeu uma homenagem sequer pelo nobre e abnegado trabalho realizado por décadas, porém, recebeu com galhardia diuturnamente a companhia, as bençãos e gloriosa proteção de São Francisco de Assis!