Um dono de pet shop está sendo acusado de sequestrar pombos de parques públicos e os vendê-los para caçadores, que os usam como alvos vivos durante a temporada de caça.
Michael Scott, co-proprietário da loja Broadway Pigeon & Pet Supplies, em Nova York (EUA), é acusado há décadas de roubar pombos, segundo a ativista de direitos animais Tina Piña, que afirma que seu próprio bando de pombos no Brooklyn foi capturado pelo dono da loja neste mês.
“Meus amados pombos foram pegos com rede há uma semana, e eu sei que isso acontece – mas quando acontece com você, é diferente”, disse Piña, cujos pombos vivem no Maria Hernandez Park, em Bushwick. Ela organizou um protesto com 60 pessoas em frente à loja no sábado (12/04).
Uma testemunha relatou a Piña, conhecida como “Mother Pigeon” no Instagram, que 15 a 20 de seus pombos, que ela cuida há dez anos, foram capturados por um homem no parque no início da madrugada do dia 1º de abril. Nos dias seguintes, o mesmo indivíduo teria pego mais pombos, e Piña acusa Scott de estar por trás do esquema.
Capturar pombos em propriedade pública é ilegal e considerado abuso animal, de acordo com o portal NYC 311. A Secretaria de Bem-Estar Animal da Prefeitura informou ao The Post que está “em contato com a equipe de investigação de crueldade animal da NYPD sobre essas alegações”.
Michael e seu irmão Joey Scott já foram alvo de críticas em julho de 2008, quando um advogado admitiu que a loja vendeu pássaros para um intermediário que organizava torneios de tiro a pombos na Pensilvânia – onde esse tipo de competição, chamada “flyer shooting”, ainda é legal.
“Acreditamos que alguns dos pombos usados como alvos vivos na Pensilvânia vêm de intermediários da Broadway Pigeons em Nova York,”, disse um representante da Humane Society of the United States ao The Post na época.
Piña afirmou que é difícil rastrear tráfico de pombos para outros estados, mas não surpreende que seu bando tenha sido roubado logo antes da temporada de competições. “É uma questão de tempo… Eles coletam os pombos logo antes do fim de semana do torneio, e depois os pombos desaparecem”, afirmou ela.
Um relatório de 2018 da New York City Bar Association, que apoiava uma lei na Pensilvânia para proibir esses tiroteios, concluiu que muitos pombos usados como alvos são capturados ilegalmente em Nova York e transportados para outros estados.
Segundo o relatório, em 2016, ocorreram mais de 20 desses eventos, com milhares de pombos mortos. Algumas aves “sofreram uma morte lenta e dolorosa, não receberam cuidados veterinários e, em alguns casos, tiveram suas cabeças arrancadas e corpos esmagados por crianças contratadas para recolhê-los”.
Piña afirma que a captura com rede é um fenômeno antigo na cidade, com registros datando de pelo menos 2010.
Ela diz que isso acontece em parques como Father Demo Square (West Village), Tompkins Square Park (East Village), Washington Square Park, e até em esquinas. Um vídeo do Instagram do grupo Pigeons4Miles supostamente mostra Michael Scott “ou um de seus amigos” em ação.
Ver essa foto no Instagram
Um representante do NYC Parks disse que fiscais que testemunharem a captura “tomarão medidas”.
Mas John Di Leonardo, diretor-executivo da ONG Humane Long Island, afirma que a questão da captura de pombos precisa de uma repressão mais dura para acabar de vez com a prática.
“As autoridades precisam investigar, e [Michael Scott] deve ser preso por violar leis estaduais e locais”, disse Di Leonardo. “Leis só funcionam se forem aplicadas, e a NYPD precisa levar a crueldade animal a sério e prender esse cara. Isso já dura décadas.”
“A cidade sabe, a unidade de crueldade animal sabe quem está fazendo isso”, acrescentou Piña. “Eles têm placas de carro, têm relatórios – mas decidiram que isso não é uma prioridade.”
Piña decidiu levar a questão para as redes sociais e organizar protestos durante todo o verão – “até que isso pare”. “Parece uma causa perdida, porque a propaganda contra pombos é muito forte”, disse ela.
A mulher saiu em defesa dos pombos. “Eles são incríveis e trazem vida à cidade… Nova York não tem rios, córregos ou florestas para caminharmos – temos pombos, que nos reconectam com a natureza”, finalizou