Letícia é uma cadelinha que foi atropelada no mês passado por um ônibus na Vila La Brunetti, em Itapetininga, no interior paulista. Depois do acidente, ela perdeu os movimentos das patinhas e, desde então, vem passando por um tratamento milenar que está ajudando a cadelinha a voltar a andar.
O acidente de Letícia aconteceu no dia 8 de dezembro. A União Internacional Protetora dos Animais (UIPA) registrou um boletim de ocorrência denunciando o motorista que foi embora sem prestar socorro à cadela.
Uma testemunha presenciou o acidente e levou a cachorrinha para uma clínica veterinária próxima. Lá, ela acionou a ONG UIPA, que precisou levar Letícia às pressas para um hospital mais equipado, que pudesse prestar atendimento especializado de emergência. Um raio-x revelou que o animal fraturou duas vértebras.
Reynaldo Landgraf é médico veterinário e terapeuta, e conta que a acupuntura feita em animais é muito parecida a realizada em pessoas. “Os equipamentos e as agulhas são semelhantes aos utilizados nas pessoas. A diferença está na anatomia de cada ser vivo. Basicamente, cada ponto (agulha) ajuda a estimular o sistema nervoso”, explica o veterinário.
Para Reynaldo, a cadelinha tem chances de voltar a andar, pois apresenta contrações musculares, o que representa uma recuperação parcial dos movimentos. O tratamento também é eficaz para o estímulo sanguíneo, relaxamento e alívio de dores, podendo ser aplicado em diversas espécies.
“Já realizei acupuntura em tarântulas, jabutis e até em uma píton. O número de sessões depende muito da necessidade do animal e cada uma delas dura em média 40 minutos”, relata o veterinário, que há dez anos atua nessa especialidade.
O terapeuta diz ser encantado pela cultura da China, país onde se originou a acupuntura, mas que a sua identificação com a prática se deu quando ele fez uma sessão. Depois da experiência, ele leu alguns livros sobre o tema e começou a investir em cursos voltados aos animais.
“Apesar de comprovado cientificamente, no começo as pessoas estranhavam a técnica em animais. Com o tempo fui apresentando para elas os benefícios. Hoje, por semana, atendo mais de 30 animais”, revela.
Crime
Na cidade de São Paulo, foi sancionada em agosto de 2021, a Lei nº 17.619 que obriga os motoristas que atropelarem um animal a o socorrerem. Caso o resgate não seja feito pelo condutor, ele poderá ser penalizado com multa no valor de mil reais, sendo o valor dobrado em caso de reincidência.
O acidente da cadelinha Letícia está sendo investigado pela Polícia Civil, que averigua possível “dolo eventual” por parte do motorista, que é quando se assume a responsabilidade pela possível morte animal do ferido.
A ONG UIPA, informou que tentou contato com a empresa responsável pelo ônibus que atropelou a cachorra, mas que o proprietário se recusou a arcar com os custos do tratamento de Letícia. A cadela segue sob tutela da ONG.