Recorrer a tratamentos alternativos é um costume dos humanos, mas poucos sabem que os bichos também podem ser beneficiados por algumas terapias, como é o caso da acupuntura.
A técnica chinesa consiste em atingir pontos específicos do corpo, geralmente com agulhas, para melhorar sintomas e problemas de saúde. Segundo a médica veterinária Ayne Murata Hayashi, especialista em acupuntura animal, os benefícios da agulha já são comprovados para a melhora da dor crônica. Esse é um dos motivos que levam os tutores a procurarem o tratamento diferenciado.
Na maioria dos casos, os bichos apresentam problemas na parte locomotora, artrose, problemas de coluna e problemas neurológicos, como a paralisia. Em alguns casos, a técnica ajuda bastante..
A médica explica que na primeira consulta é feita uma avaliação de acordo com a medicina chinesa, onde são recolhidos dados importantes sobre o animal – informações como a queixa principal, além dos dados sobre o comportamento e também se o bicho prefere climas quentes ou frios.
Toda medicina chinesa é voltada para a teoria do Yin-Yang. Essa teoria acredita que o universo é dividido em duas forças opostas, onde cada uma tem características diferentes da outra. Para que o universo funcione, no caso, a saúde, as duas forças devem estar em equilíbrio. É preciso identificar para qual lado o animal mais pende, Yin ou Yang, para definir os pontos de acupuntura.
O método nos bichos é feito com diversas técnicas. A clássica é a introdução das agulhas em pontos específicos. Os pontos mais comuns onde a acupuntura é feita são as orelhas, extremidades das patas, coluna, pescoço e cabeça.
Se for paralisia ou dor, o aparelho de eletroacupuntura é acionado. Há também a técnica da massagem no ponto certo para aliviar a dor, que pode ser feita em casa pelos tutores. Outra forma é a fonte de calor, com o uso de ervas que emitem calor estimuladas em cima da pele..
As sessões duram em média de 30 a 40 minutos. A frequência depende do problema do animal, geralmente vai de uma a duas vezes por semana e os resultados começam a aparecer depois da 4º sessão. A cada quatro sessões, é preciso fazer uma reavaliação do estado do bicho.
No caso da artrose, os sintomas normalmente pioram com frio. Como é uma doença que não tem cura, a acupuntura acaba sendo melhor que anti-inflamatórios, pois não tem efeitos colaterais.
Foi exatamente a artrose que levou Carla Toscano a procurar um acupunturista para Beans. O poodle começou a desenvolver o problema quando chegou aos oito anos de idade. “Beans começou a ter dificuldades de movimentos. Quando a artrose foi diagnosticada, morri de dó dele. A veterinária receitou um anti-inflamatório que deveria ser dado mês sim, mês não, para o resto da vida. Procurei a acupuntura para ver se ajudava o meu velhinho. O Beans voltou a se movimentar e só recorro a anti-inflamatórios quando ele tem muita dor “.
A acupuntura não cura tudo, apenas melhora os sintomas e muitas vezes funciona como diagnóstico. Esse foi o caso do gatinho Nico. Em 2008, Nico caiu da varanda do terceiro andar, machucou a coluna e a pata, mas foi medicado e ficou ótimo. Um ano e dois meses depois, ele começou a caminhar esquisito. Após diversos exames, os veterinários acharam que Nico estava com um problema na coluna e recomendaram à mãe dele, Cristina Durán, que recorresse à acupuntura.
“Achei estranho, mas queria tentar tudo. Procurei a Dra. Ayne e ela chegou a fazer quatro sessões. Como Nico não melhorava, fizemos exames e descobrimos que o problema não era uma lesão na coluna, e sim leucemia felina”.
Após o diagnóstico, Cristina parou com a acupuntura, mas revela que Nico ficava incrivelmente bem, mais calmo e chegava até a dormir nas sessões. “Aos poucos eliminamos todos os medicamentos e só deixamos o floral, que ele toma todo dia de manhã. Quando tomava os remédios ficava estressado e até fugia de mim”.
Ayné conta que gatos costumam ser mais ariscos e por isso, as agulhas devem ser mais finas e as sessões mais rápidas. Também é comum usar o método do laser ou das massagens..
A própria Dra. Ayné já se surpreendeu com alguns casos. “Uma vez chegou a mim o caso de um pastor alemão que não andava mais. O tutor não acreditava que ele voltaria a andar, mas eu quis tentar. Em duas sessões, ele voltou a caminhar. O animal tetraplégico, mesmo com cirurgia, não voltaria a andar”.
Fonte: R7