Autoridades do combate ao tráfico de vida silvestre dizem ter chegado a um acordo com uma minoria étnica de Mianmar para fechar mercados onde centenas de tigres caçados na Ásia são vendidos para uso em poções medicinais e afrodisíacos na China.
Os mercados, numa área no noroeste de Mianmar controlada pela minoria Wa, são considerados um dos principais pontos do mundo para o tráfico de vida selvagem e um dos poucos lugares onde pedaços do corpo de tigres são vendidos abertamente.
“Basicamente, o fechamento desses mercados aliviará a pressão sobre todas as populações de tigre da Ásia, porque as caçadas acontecem em áreas tão distantes quanto a Índia ou Sumatra”, disse William Schaedla, do grupo Traffic, que monitora o comércio de espécies silvestres. “Se fecharmos esses mercados, isso deteria o ataque a essas populações de tigres”.
Schaedla, diretor da Traffic para o Sudeste Asiático, falou às vésperas da “cúpula do tigre” marcada para São Petersburgo, na Rússia, e que tem o objetivo de salvar a espécie da extinção. Acredita-se que só existam 3.200 tigres vivos na natureza atualmente.
A conferência de 21 a 24 de novembro terá como anfitrião o primeiro-ministro Vladimir Putin. O objetivo é fechar um plano para dobrar a população de tigres até 2022.
Um relatório da Traffic informa que uma investigação de dez anos encontrou centenas de pedaços de mais de 4004 grandes felinos na cidade de Mong La, na fronteira entre China e Mianmar, controlada pelos Wa, e em Tachilek, na fronteira de Mianmar com a Tailândia.
Alguns comerciantes operam pequenos armazéns com estantes de peles de tigre e leopardo enroladas. Ossos, patas, pênis e dentes também foram vistos, usados para decoração, amuletos mágicos e produtos anunciados como tônicos e afrodisíacos.
Os Wa, que mantém uma região semiautônoma, são acusados há tempos de narcotráfico. “Eles estão interessados em entrar em contato com o resto do mundo, e esta é uma questão bem menos polêmica que outras coisas de que vêm sendo acusados, como tráfico humano ou de drogas. E talvez seja uma questão mais fácil para eles lidarem”, disse Schaedla.
Fonte: Estadão