Sou feliz porque sou o que sou. Porque faço o que tenho vontade. Porque não me preocupo em ter que agradar, seja porque estou com fome, seja para ganhar qualquer agrado.
Sou feliz porque sigo minha natureza. Porque estou na natureza, que é o meu lar e de onde jamais deveríamos sair. Onde deveríamos permanecer, desde o dia em que saímos do ovo ou da placenta de nossas mães, até o dia em que a natureza, a mesma que nos deu a vida, nos chamasse de volta para o céu dos animais.
Sou feliz porque vejo os da minha espécie comigo. E porque não vejo a sua rondando a nossa em busca de qualquer um de nós, seja para se alimentar, se entreter ou se vestir.
Aqui, o dia dura exatamente tanto quanto o Sol quer. E a noite vem com toda sua magia e plenitude, até que a Lua fique transparente a se confundir com o céu azul claro, banhado pela luz da manhã.
Bem diferente do que acontece com nossos irmãos por vocês encarcerados, a espera de mais um dia de tortura ou da morte libertadora. Quer visitar-nos, faça. Sabendo que esta é a nossa casa. E que, queiramos nós ou não, é de vocês também. Trate-a com respeito e estará oferecendo seu respeito a ti mesmo, como parte da natureza que é.
Humano – animal cuja memória, tão poluída quanto o ar que devolve morto ao céu, e que padece à mercê da ganância e da ignorância – trate de logo acordar. Só te pertence a vida que tem e, ainda assim, um dia sua carcaça se juntará à terra que, como mãe esplendorosa, te acolherá e abraçará como filho, para que retorne ao teu céu. O céu de todos nós.