A morte de praticamente toda a vida na Terra há 250 milhões de anos foi causada por vários “assassinos”, cada um responsável por uma parte do golpe fatal. Agora, cientistas descobriram como um dos assassinos, o ácido, participou do “crime”. O estudo foi publicado no periódico Paleoceanography.
Pesquisadores da Universidade de Victoria (Canadá) realizaram uma simulação de computador e descobriram que altos níveis de gás carbônico na atmosfera teriam transformado os oceanos em ambientes ácidos demais para a vida marinha. De acordo com os cientistas, isso teria contribuído para a extinção em massa (clique aqui para saber mais sobre as extinções em massa que ocorreram ao longo da história).
Mais de 90% da vida marinha foi extinta ao fim do período Permiano, há 250 milhões de anos. Os principais “suspeitos” são os oceanos esgotados de oxigênio, uma grande erupção de sulfeto de hidrogênio, a falência de grandes ciclos de nutrientes marinhos e grandes erupções vulcânicas.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas simularam nove situações hipotéticas, misturando e combinando arranjos possíveis dos continentes, topografias do assoalho oceânico e níveis de gás carbônico atmosférico. Depois, os pesquisadores observaram o fluxo de gás carbônico entre o oceano e a atmosfera.
Quando os níveis de dióxido de carbono atingiam 3.000 partes por milhão — praticamente 10 vezes o nível registrado antes da revolução industrial — a maior parte do gás se dissolvia nos mares, formando ácido carbônico e liberando íons de hidrogênio. A acidez é medida numa escala de pH: quanto menor o número, mais ácida é a água. Os oceanos de hoje possuem um pH de 8,1. As simulações dos cientistas para o fim do período Permiano alcançaram 7,3 de pH perto da linha do equador e 7,1 perto dos pólos. Os pesquisadores explicam que essa acidez teria dificultado a utilização do carbonato de cálcio para a formação de cascos protetores em organismos marinhos. A velocidade com que o gás carbônico se acumulou na atmosfera teria afetado o nível de acidez dos oceanos.
Em entrevista à revista ScienceNews, o biólogo Jonathan Payne, da Universidade de Stanford, disse: “Se a concentração do gás aumentou rapidamente, então o modelo apresentado pelos especialistas do Canadá pode ser uma representação razoável de como o clima estava se alterando no fim do Permiano. Contudo, se o acúmulo se deu de forma lenta, os cientistas terão que encontrar outras explicações para a mudança.”
Fonte: Veja