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BANALIZAÇÃO DO MAL

Abuso de animais: um problema de segurança online

Imagens e vídeos mostrando o abuso e às vezes até a morte de animais, são facilmente acessíveis nas redes sociais, inclusive por crianças, com pouca ou nenhuma regulamentação.

24 de março de 2023
Tainá Dias | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

No início dessa semana, foi publicado no site da ONG International Wildlife & Conservation Charity (Born Free) que, em 2021, a coalizão Asia for Animals, da qual a Born Free é membro, divulgou um relatório aterrador e alarmante intitulado “Ganhar dinheiro com a miséria”. O relatório revelou o fenômeno do abuso de animais para fins lucrativos.

Isso foi seguido por outro relatório, publicado em julho de 2022, intitulado “Provocação como tortura”, que detalhou o número crescente de imagens e vídeos retratando crueldade contra animais, incluindo muitos jovens primatas, sendo distribuídos online. O conteúdo mostra animais sendo abusados psicologicamente, fisicamente contidos, esmagados, queimados e mutilados enquanto ainda estão vivos. Alguns até retratam zoofilia, o abuso sexual de animais.

Desde março de 2021, a Asia for Animals Social Media Cruelty Coalition identificou mais de 13 mil links de mídia social retratando o abuso de animais.

É profundamente angustiante que algumas pessoas prejudiquem deliberadamente e às vezes até matem animais dessa maneira. Talvez, ainda mais perturbador seja que vídeos e imagens de tais atos tenham um mercado, e que esse mercado possa ser monetizado por meio da mídia social.

Em entrevista concedida à ONG Born FREE , o chefe responsável pela política da ONG e também veterinário, Dr. Mark Jones, disse: “Como veterinário, estou profundamente chocado com qualquer ato de crueldade animal, mas o abuso deliberado de animais para fornecer conteúdo ao consumo on-line e para fins lucrativos atinge novas profundidades de depravação. Se tal comportamento não for controlado, existe um perigo real de que continue a aumentar e que muito mais animais sofram nas mãos de algumas pessoas profundamente perturbadas. A exposição a tal conteúdo também pode ser extremamente prejudicial, especialmente para pessoas jovens e/ou impressionáveis. Os governos devem agir para conter essa maré crescente.”

A pesquisa mostra claramente que testemunhar a crueldade animal pode resultar em danos psicológicos em crianças e torna muito mais provável que elas vejam esse abuso como “aceitável” e se envolvam em atividades semelhantes. Uma pesquisa feita em 2018, indicou que quase um quarto dos jovens de 10 a 18 anos havia testemunhado alguma forma de abuso animal online.

Foto: Ilustração | Freepik

Apesar dessas atividades infringirem claramente as políticas de muitas plataformas de mídia social, muitas vezes elas não removem o conteúdo ofensivo, mesmo quando recebem reclamações do público ou de grupos em defesa dos direitos animais. Claramente, isso não é algo que pode ser deixado para a indústria se autorregular.

No Reino Unido, o governo tem uma oportunidade real de tomar medidas decisivas ao incluir conteúdo que retrata o abuso de animais em sua Lei de Segurança Online. No entanto, embora os ministros do governo tenham indicado que estariam abertos a considerar a incorporação do abuso de animais no escopo do projeto de lei, eles até agora falharam em fazê-lo.

Uma emenda apresentada por Lord Stevenson de Balmaceda-Reino Unido, adicionaria ofensas de “sofrimento desnecessário” sob a Lei de Bem-Estar Animal de 2006 e ofensas sob a seção 1 da Lei de Mamíferos Selvagens (Proteção) de 1996, à lista de ofensas prioritárias estabelecidas no projeto de lei. Isso teria o efeito de classificar a maioria das filmagens de crueldade contra animais como conteúdo ilegal prioritário e estabeleceria às plataformas de mídia social o dever de tomar medidas para impedir que usuários, principalmente crianças, encontrem esse conteúdo.

A Born Free juntou-se a outros grupos de proteção animal para apoiar a emenda proposta. Também estão pedindo que o tráfico online de vida selvagem seja incluído no escopo do projeto de lei por meio da adição de infrações sob o Regulamento de Controle do Comércio de Espécies Ameaçadas 2018 (COTES) ao seu Anexo, ajudando assim a limitar o papel das mídias sociais e plataformas para permitir o tráfico de vida selvagem e manter os compromissos do Reino Unido para combater o crime global contra a vida selvagem.

Foto: Ilustração | Freepik

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