Famílias de Campina Grande, na Paraíba, construíram abrigos de alvenaria na calçada de suas casas para abrigar animais que vivem em situação de rua e disponibilizaram comedouros e bebedouros para os animais. Bem-vindas para protegê-los do sol, as casinhas são ainda mais úteis durante o inverno, já que garantem que eles se aqueçam, o que é fundamental para que sobrevivam às baixas temperaturas.
A protetora de animais Marisete Sousa, de 58 anos, é uma das pessoas engajadas em projetos que visam minimizar o sofrimento de animais abandonados. Atualmente, ela mantém 18 cachorros em sua casa que são cuidados por ela e pelo marido, Lucas Martins, de 58 anos, que também a ajuda no trabalho voluntário com os animais que vivem na rua. O casal decidiu não levar mais cães para casa por não ter condições de adotar mais animais, mas faz o que pode em prol dos que permanecem sem lares.
Uma das iniciativas do casal foi a construção de um abrigo na calçada. Feita com tijolos, a casinha para animais abandonados é chamada de “cãodomínio” pela dupla.
“Nós não temos como abrigar todos os animais em casa e [criar um abrigo na calçada] foi uma forma que encontramos de amenizar o sofrimento deles”, afirmou a protetora ao G1.
Marisete se sente feliz em realizar o voluntariado em prol dos animais e conta que suas ações são retribuidas pelos cachorros, que lhes dão muito carinho. “A todo momento recebemos o retorno deles. Eles têm uma maneira especial de agradecer a gente”, disse.
O trabalho voluntário que ela realiza, no entanto, não seria o mesmo não fosse o auxílio que a protetora recebe do marido. “Sem ele eu não teria como cuidar de tantos animais”, pontuou.
A compaixão que levou o casal a se dedicar a animais em situação de vulnerabilidade foi a mesma que motivou a protetora Angélica Catarine, de 27 anos, a montar um comedouro e um bebedouro, feitos com canos de PVC, em frente à casa dela. O trabalho de ter que colocar diariamente água e ração nos recipintes e de mantê-los limpos, para Angélica, não requer esforço algum. Isso porque a protetora se sente grata por realizar essas ações que permitem que cães e gatos abandonados matem a sede e a fome.
“Eu entendo que todos podem ajudar de alguma forma, seja apadrinhando um animal, ajudando alguma ONG, doando ração para protetores independentes que estão super lotados de animais, mas que não recebem a ajuda de ninguém, ou até mesmo em divulgar quando tem algum animal perdido. Eu vejo que muita gente sente pena quando vê um animal em situação de rua, mas a sua pena não vai mudar a vida daquele animal que já sofre fome e frio nas ruas”, disse Angélica.
O adoecimento de animais abandonados
Sem proteção contra o frio e a umidade trazida pelas chuvas, animais abandonados que não têm como se proteger das condições climáticas acabam adoecendo.
De acordo com o médico veterinário Mateus Moraes, a umidade é um forte transmissor de doenças virais aos animais. Além disso, “a baixa temperatura pode influenciar na baixa do sistema imunológico e, consequentemente, acarretar em doenças do trato respiratório como, por exemplo, as popularmente conhecidas ‘gripe dos canis’ ou a ‘rinotraqueíte felina’”.
Para piorar, o número de animais abandonados aumenta cada vez mais. São milhões de cães e gatos espalhados por ruas do Brasil. E os abandonos aumentaram ainda mais desde o início da pandemia de coronavírus por conta da crise econômica gerada nesse período. Em Campina Grande não foi diferente. Segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), cresceu o número de cães e gatos abandonados e reduziram as adoções.
De janeiro a junho de 2021, o CCZ resgatou 1.255 animais e encontrou novos lares para apenas 358. No mesmo período de 2019, antes da crise sanitária, foram 1.141 animais resgatados e 418 doados.