A situação do abrigo de animais da Sociedade de Defesa da Vida Animal, localizado na cidade de Igarassu, no Grande Recife é preocupante. Não só falta abrigos públicos para bichos carentes, mas também ajuda do poder público para a causa. Os proprietários do local, que hoje abriga 160 cachorros e mais de 50 gatos, apelam para que a Prefeitura ajude a ONG, que está ameaçada a fechar.
Várias contas estão atrasadas, incluindo o aluguel do espaço onde o abrigo funciona. Os débitos vêm ameaçando a continuidade do trabalho de acolhimento a animais abandonados e o espaço necessita de uma reforma. Além de paredes mofadas e canis e gatis com as estruturas levantadas improvisadamente, há ainda a escassez de alimento.
A responsável pelo abrigo, a socióloga aposentada Socorro Dantas, de 62 anos, conta que já procurou a Prefeitura de Igarassu por várias vezes e nada foi feito. Ela ressalta que se não fosse a ajuda de colaboradores da causa animal, o abrigo já não estaria mais funcionando. “Tivemos várias reuniões com a gestão passada, mas nada foi feito. Precisamos urgente de ajuda para continuar cuidando dos animais carentes”, expôs.
Além da auxílio financeiro, Socorro ainda apela por um transporte para que sejam feitos resgates de animais em situação de vulnerabilidade. “Muita gente nos liga denunciando casos de animais abandonados, mas não temos como ir buscar eles sem transporte. O ideal seria se tivéssemos uma Kombi. Queremos continuar ajudando”, disse.
O abrigo da Sociedade de Defesa da Vida Animal é uma referência no acolhimento a animais carentes. Além de abrigar, o trabalho consiste no salvamento daqueles considerados excluídos, que é quando o tutor abandona o animal por ele estar velho, doente ou esperando filhote. A iniciativa existe há aproximadamente 17 anos.
“Muita gente entra em contato conosco o tempo todo. É gente do interior do Estado e até das próprias prefeituras que pedem para a gente abrigar os animais. Cada animal aqui tem uma história triste. Muitos vieram do antigo CVA (Centro de Vigilância Ambiental) do Recife, na época em que se faziam matanças”, contou Socorro. Para ajudar na continuidade do abrigo, basta doar qualquer quantia ou rações. “Usamos aqui 50kg de ração por dia, o que ainda é pouco”, completou.
Ajuda esbarra em burocracia
A Secretaria de Meio Ambiente de Igarassu informou que, por conta de questões burocráticas, não é possível ajudar o abrigo. É que o local pertence a uma iniciativa privada e não é de responsabilidade da Prefeitura. Além disso, o espaço abriga animais trazidos de vários municípios e a gestão municipal só tem obrigação com os da própria cidade. No entanto, o secretário da pasta, Roberto Siqueira, explica que está buscando formas jurídicas para tentar ajudar a responsável pelo abrigo afirmou que já chegou a se encontrar com ela este ano.
“Estamos produzindo uma lógica para que possamos ajudar o abrigo sem esbarrar com as questões burocráticas”, disse. O secretário garantiu que vários projetos voltados para a causa animal já estão sendo praticados no município. Enquanto a solução jurídica para ajudar o abrigo não chega, iniciativas não-oficiais de funcionários da administração municipal são promovidas por meio do incentivo de doação.
Fonte: Folha PE