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Abrigo de animais mais antigo de Barcelona passa por dificuldades em meio a crise

22 de setembro de 2013
3 min. de leitura
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Foto: Toni Ferragut
Foto: Toni Ferragut

Neo tem nove anos. Seu companheiro Hancock, dois. São cachorros dóceis e obedientes. Seus olhares refletem a tristeza. Ainda perece estar fresco em suas memórias o episódio que a um mês deu uma virada em suas vidas. Em uma calorosa manhã de agosto, seus tutores, um casal que fora despejada do lugar onde vivem, se apresentaram no centro de adoção com eles. “Levavam dois dias dormindo dentro do carro, e já não tinham condições de cuidar de seus mascotes”, lembra Mercedes Hernández, diretora do canil a “Liga para proteção de animais e plantas de Barcelona”, que define aquele momento como um autêntico drama. “Queriam os cachorros como se fossem seus filhos. Me entregaram com lágrimas nos olhos, mas não havia outra alternativa”, relembra.

Situada na cara sudeste do Tibidabo, entre a Estrada de les Aigues e o emblemático tramvia blau, o centro, gerido pela Fundación para la Adopción, Apradrinamiento y Defesa de los Animales (FAADA), abriu suas portas em meados dos anos 40.

Igual a Hancockey Neo, uma centena de cachorros e 300 gatos convivem no local esperando serem adotados. Alguns já estão há 10 anos lá, outros acabam de chegar. A associação dispõe de uma equipe de sete pessoas contratadas, incluindo uma veterinária, e cerca de 200 voluntários, fixos e temporários.

“Os animais também são prejudicados pela crise”

Uma dúzia de cachorros ladram e brincam, ávidos ao lado de Cristina. Voluntária há 12 anos, quando joga a bola, os cães galopam por ela. “Venho sempre que posso. Os animais são muito agradecidos”, assegura. Cristina aproveita suas horas livres para passar pelo refúgio. “É uma terapia, me relaxa física e emocionalmente”.

Para trabalhar na organização, necessita ter vocação. A contínua sinfonia de latidos e o penetrante cheiro que emana das jaulas não são um obstáculo para os cuidadores. “Mais do que um trabalho, isto é um presente”, explica Xesco, que foi voluntário por mais de três anos e agora está a cinco meses contratado pelo centro.

“Desde a conscientização até a ação social, passando pela pedagogia, a fundação busca melhorar as condições de vida dos animais e diminuir o sofrimento”

Com contexto da crise atual, o trabalho da associação tem ainda mais sentido. Cada vez é maior o número de pessoas que, pressionadas pela falta de recursos econômicos, não podem manter seus animais de estimação, consequentemente diminuindo o número de adoções. Depois de 16 anos na fundação, Hernández confirma que a situação está pior que nunca. “Se adotam uns 17 cachorros e uns 20 gatos por mês, menos da metade que há cinco anos atrás. A protetora já não dispõem de espaço físico para acolher mais cachorros e alguns tutores estão na lista de espera para entregar seus animais.

Enquanto adoções estão despencando, a filosofia da protetoria não mudou nenhum pouco.

A entrega de um animal a sua família adotiva deve seguir seu processo. “Nos asseguramos de que, seja aonde ele vá, estará melhor do que aqui”, explica a diretora. Antes de efetivar a adoção, a associação estuda a situação econômica do futuro tutor, um cuidador visitará sua casa e se exige que ele vá ao centro durante uma semana para familiarizar-se com o animal.

A FAADA trabalha para erradicar este problema desde a raiz. A fundação busca melhorar as condições de vida dos animais e diminuir o sofrimento. Carla Cornella, presidenta e fundadora da entidade assegura que “É necessário seguir recenseando e identificando o maior número de animais, controlando sua reprodução (…) e assegurando que as sanções impostas pelo maltrato animal sejam exemplares, e também seguir avançando a nível legislativo”.

Enquanto isso, Hancock, Neo e os demais aguardam o momento de recuperar uma vida quebrada pela crise.

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