A administração da região hidrográfica do Algarve mandou abrir, durante este fim de semana, a barra que liga a ribeira de Alcantarilha ao mar, para soltar peixes e águas poluídas retidas na lagoa que se forma atrás das dunas. “O rio está morto”, constata David Lamy, atribuindo esse fato a um alegado deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
Tânia Oliveira testemunhou vários peixes mortos nas margens, mas também assistiu à viagem de cardumes de algumas espécies em direção ao oceano. Sargos, linguados e pargos encontram na ribeira um lugar privilegiado para o crescimento.
A abertura da barra é considerada “fundamental” para permitir que a lagoa funcione como maternidade. “A poluição é que é um crime”, enfatiza Tânia Oliveira, reclamando “uma manutenção permanente para manter a barra aberta”. As críticas dirigidas às entidades com responsabilidade na área do domínio marítimo dizem respeito ao fato de a obra só se ter realizado depois de passar a época alta do turismo. Quando se deu a “mortandade”, em agosto passado, queixa-se de que não lhes “quiseram dar ouvidos”: “Recusaram abrir a barra, alegando que prejudicava o turismo.” Mas neste fim de semana a praia voltou a encher-se. “E os banhistas tiveram oportunidade de ver gaivotas e peixes mortos nas margens.”
Diferentes leituras
João Ministro, da associação Almargem, faz uma leitura diferente da situação. “Não há razão para as águas estarem poluídas, pois a zona é servida pela nova ETAR intermunicipal.” De resto, explica o dirigente ambientalista, é essa infraestrutura que “garante os caudais mínimos na lagoa dos Salgados [a cerca de três quilômetros de distância], garantido a vida nessa zona úmida, uma condição imposta pelo estudo de impacto ambiental”.
David Lamy considera positiva a abertura da barra, mas acrescenta que não foi realizada na melhor altura. “Com o mar de fora, a forte ondulação fecha a barra de um dia para o outro e é o que já se está a ver.”
Com informações de O Público