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PANDEMIA

Abandono de cães e gatos aumenta em Belo Horizonte (MG)

26 de novembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

A pandemia fez o abandono de animais domésticos disparar em Belo Horizonte (MG), apontam proprietários de clínicas veterinárias da cidade. A falta de recursos para manter os animais em casa estão entre os principais motivos desse infortúnio.

Em uma clínica da capital, uma câmera de monitoramento registrou o momento em que uma cadelinha foi abandonada pela sua tutora. A mulher apertou a campainha do estabelecimento e em seguida deixou a caixinha de transportes do animal no chão. Antes de ir embora, ela olhou para os lados para ver se alguém estava olhando a ação. O animal estava com a pata machucada e tinha indícios de maus-tratos.

O abandono de animais é crime previsto em lei com punição de 2 a 5 anos de reclusão e pagamento de multa administrativa, que pode chegar ao valor de 40 salários mínimos. Infelizmente, a Lei Sansão não impede que milhares de animais sejam abandonados na capital mineira todo os anos.

A investigadora especializada em crimes contra a fauna Luísa Lisboa, falou um pouco sobre como funcionam as intervenções em entrevista para o G1. “No caso de cães e gatos, após a Lei Sansão, o procedimento a ser instaurado é o inquérito policial. Para os demais animais vítimas de maus-tratos, seria o termo circunstanciado de ocorrência. Essa é a porta de entrada de investigação”, diz a agente. “Se é um animal que está em risco de morte, primeiro vamos socorrê-lo para depois tratar da parte da investigação. A vida do animal é prioridade”, reitera Luísa.

O Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte (CCZ-BH) recolheu 1.585 cachorros e 1.206 gatos, em 2020. Neste ano, até outubro, foram 983 cães e 914 gatos recuperados das ruas.

No bairro Caiçara, região noroeste da cidade, mais de 20 gatos foram recolhidos por apenas uma clínica no período mais crítico da pandemia. Nina foi um dos animais recolhidos pelo médico veterinário Denerson Rocha, ela foi encontrada em uma caixa de papelão e estava grávida de quatro filhotes.  Muitas vezes os animais são abandonados por que estão doentes ou exigem cuidados específicos, que muitos tutores não querem desempenhar.

Depois de muita experiência com o abandono criminoso, o médico veterinário Denerson Rocha resolveu colocar uma câmera de segurança na porta da sua clínica. “Com a pandemia a gente percebeu que o abandono se intensificou demais. Tudo parece que está ligado somente à questão financeira, de não dar conta de sustentar o animal”, diz o veterinário.

Achada no meio da rua, Mel hoje recebe todo o amor da sua guardiã, a empresária Simone Mayrink, que há um ano e meio encontrou a cadela abandonada. “Não é só o risco que eles correm na rua de atropelamento, de maus-tratos e tudo mais. É a tristeza que eles sentem de serem abandonados assim. Acho muito cruel”, conta Simone, que já recuperou outros sete animais em situação de rua.

As autoridades confirmaram o aumento de ocorrências de maus-tratos a animais, mas não divulgou os números oficiais. Um estudo comparativo ao período anterior da Lei Sansão está em andamento. A prefeitura de Belo Horizonte, reforça que os pedidos de recolhimento de animais em situação de abandono devem ser feitos no CCZ-BH ou por meio das polícias Militar, Civil, Rodoviária e o Corpo de Bombeiros.

Os animais resgatados pelo município passam por consulta preliminar onde são examinados, vacinados e no caso de enfermidades, recebem o tratamento médico adequado.

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