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Abandono de cães cresce e sobrecarrega ONGs e CCZ

12 de dezembro de 2010
5 min. de leitura
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O abandono de cães, problema comum durante o ano, piora no período de férias. Há famílias que viajam e, na falta de alguém para cuidar do animal, optam por abandoná-lo. “Em vez de encontrar alguém que cuide, muita gente acha mais fácil descartar os animais”, explica a presidente da ONG Anjo dos Animais, Heloísa Murta.

Criada há dois anos, a organização não governamental tem um espaço próprio e trabalha com 27 voluntários que cuidam de aproximadamente 200 animais em lares improvisados até encontrar um tutor para eles.

Além dos inúmeros cachorros que vagam pelas ruas, entidades de proteção e defesa dos animais de Maringá mantêm 200 bichos espalhados por lares improvisados, no aguardo de pessoa interessada em adotá-los. Foto:Rafael Silva

Antônio Carlos é dono de um pet shop e também voluntário da ONG. Ele conta que no ano passado, chegou a ter 40 animais para doação nesta época do ano. Recentemente, estava com 20 cães e oito gatos. “Quando a loja fica cheia, avisamos a Heloísa para buscar os bichinhos e levar para a feirinha”, conta. Aos sábados, das 12h às 19h, a equipe da Anjo dos Animais organiza uma feirinha no Shopping Cidade para incentivar a adoção.

David Krochmalnik, também dono de um pet shop, orienta as pessoas a fazer em um planejamento antes de adotar um animal. “Muitos adotam sem pensar no futuro. Aí quando vão sair de férias ou mudar de casa, acabam deixando o bicho de lado e encontram no abandono a solução”, explica.

A fundadora da ONG Aparu (Associação de Proteção aos Animais de Rua), Adriane Ferraz, destaca a importância de campanhas de conscientização sobre tutela responsável para acabar com o problema do abandono. “Além disso, a castração dos animais é fundamental para impedir que a reprodução desenfreada continue ocorrendo e haja superpopulação de animais nas ruas”.

Este ano, por meio de uma parceria com a prefeitura, a ONG conseguiu castrar 500 animais “Batalhamos para colocar em prática a primeira parte do projeto, queremos continuar com a ação”, explica.

Descaso

De acordo com a médica veterinária Marilda Fonseca de Oliveira, gerente de Controle de Zoonoses da Secretaria da Saúde (CCZ), atualmente 40 animais aguardam adoção no órgão. Ela explica que a CCZ faz uma captura seletiva, que inclui o resgate de animais doentes, vítimas de acidentes ou agressivos, como os pit bulls, que têm sido vítimas constantes de abandono.

A veterinária explica que grande parte dos animais que vive nas ruas tem tutor. “Cerca de 70% das pessoas não têm tutela responsável, elas não pensam que eles podem trazer doenças para dentro de casa e muitas delas são transmissíveis aos seres humanos”, diz.

Após chegar ao Centro de Controle de Zoonoses de Maringá (PR), há uma espera de três dias para que o tutor faça o resgate do animal. Depois disso, a Zoonoses o encaminha para adoção.

De acordo com Marilda, como o espaço para abrigar os animais é menor do que a demanda, há períodos em que, dependendo da disponibilidade de espaço no canil do CCZ, alguns animais têm que ser sacrificados. “Um animal saudável tem ficado em média 60 dias aguardando uma adoção, depois disso, com a superlotação, precisamos fazer a eutanásia, infelizmente”.

O serviço gratuito de castração é oferecido. Os interessados devem entrar em contato com a CCZ e preencher um cadastro. As castrações ficaram temporariamente paradas, devido ao período de férias de um funcionário. No momento há mil animais aguardando. “Esta semana os atendimentos voltam ao normal”, explica Marilda.

Indignação

Na última terça-feira, 17 filhotes foram abandonados em uma caixa de papelão no Jardim Paris III. A aposentada Alice Paz, uma das vizinhas que estão ajudando a cuidar dos filhotes, está indignada. “Eu acho um absurdo fazer uma coisa dessas, não sei como alguém tem coragem. Eu já tenho três e não posso ficar com eles”, conta.

Alice Paz retira da caixa os 17 filhotes que foram abandonados perto de sua casa, no Jardim Paris III. Foto: Rafael Silva

Como os cães são de ninhadas diferentes, a presidente de Anjo dos Animais, que também está ajudando os cachorrinhos, desconfia de alguns pet shops. “Eles cobram entre R$ 15 e R$ 20 para manter os animais para doação, mas não conseguem doar, aí jogam pela cidade.”

Além de incentivar a adoção, ela orienta que a população denuncie. “Abandono é crime e quem faz isso deve responder judicialmente pelos seus atos.”

Fonte: O Diário

Nota da Redação: Ao contrário do que afirma a veterinária Marilda Fonseca, a eutanásia jamais poderá ser concebida como uma solução para os animais que são vítimas do abandono e que aguardam adoção por um tempo prolongado. Se assim fosse, teríamos de exterminar todos os moradores de rua, porque não encontram um lar para viver. A lógica é a mesma e os direitos também. Assim como um morador de rua merece recobrar sua dignidade e permanecer vivo em busca dela, o mesmo se dá com os animais. Respeitar a vida implica também em não aceitar discursos absurdos como esse, que pregam o assassinato como uma pseudo solução fácil para um problema que é de responsabilidade de todos. O tratamento dado a esses animais condenados à morte pelas autoridades é indigno de respeito.

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