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Abandono de animais pode ser reduzido se poder público e sociedade se empenharem juntos, diz biólogo

9 de maio de 2010
3 min. de leitura
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Enquanto não houver uma campanha permanente de conscientização, de empenho conjunto da sociedade e o poder público, não há como reduzir o ébrio dos que se desalinham e permanecem no limite da estupidez. De “gente indiferente” à existência de animais perambulando pela cidade, estradas e rodovias, desnutridos, imundos, praguejados, abatidos, esqueléticos, machucados, às mínguas; gente que ignora os enjaulados, breteados, enfim, os subjugados, espancados e humilhados para dar espetáculos, como se fossem objetos, palhaços.

Piracicaba minimiza a visão especista, a antropocêntrica, ao dar importância à fala codificada dos bichos. A Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais (SPPA) é a pioneira contra os atos de crueldade. Nos idos de 90, mesmo com sua parca estrutura, batalhou sem trégua contra os cambões e a fumigação hitleriana do antigo canil, que hoje é moderno, representa o Executivo através de campanhas educativas, como a do “Adote um Amigo” e na agilização do processo de castração, vacinação e vermifugação dos animais em geral.

A Vira-Lata Vira-Vida assumiu a responsabilidade de uma empresária em dificuldades para manter seus 500 cães, recolhidos das ruas. Sua chácara foi transformada em um abrigo digno, com o propósito de recuperar a saúde dos animais, de castrá-los, doá-los e promover o trabalho voluntário, a educação e formar novos protetores. Seus 430 cães consomem seis toneladas de ração por mês, mantidos com os recursos provindos dos cidadãos conscientes. Seu ambulatório é padrão, e os cães são separados em baias, de acordo com o sexo, afinidade e idade, assistidos por duas veterinárias, diariamente.

A fim de solucionar ou minimizar o problema do abandono de cães e gatos domésticos no Campus “Luiz de Queiroz”, a Coordenadoria do Campus elaborou, em 2006, uma comissão composta por voluntários, membros da comunidade esalqueana, cidadãos externos ao campus, e do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), cujo objetivo principal é criar ações que possibilitem a adoção desses animais através de feiras realizadas no próprio campus e divulgação através de jornais, rádios e do site do Grupo (http://www.pclq.usp.br/gcaa/).

A Lei Municipal 6.482/09 e o Decreto 13.247/2009, de autoria do vereador Laércio Trevisan, regulamentam o programa de atendimento aos animais abandonados, maltratados ou doentes, sob a responsabilidade do CCZ. A eutanásia é proibida, a menos que o laudo veterinário ateste que a doença do animal seja perniciosa aos humanos. A Lei 6.647/09, do mesmo edil, proíbe a instalação, no município, de circos que tenham como atrativo a exibição de animais de qualquer espécie. Só falta a lei contra o sadismo dos rodeios.

Elogios a ação da Polícia Ambiental, que aplica a lei da ecologia no combate ao tráfico de animais e à pesca predatória. Elogios, também, aos jornais piracicabanos de grande circulação – Gazeta e A Tribuna -, que cedem espaço em artigos e reportagens sobre o assunto. Grandes elogios aos protetores independentes, os etiquetados sofredores.

Vamos aguardar que as entidades religiosas preguem aos seus fiéis, o sentido da guarda responsável, a importância de não comprar um animal e sim a de adotar, e, mais: que as escolas ensinem aos alunos o valor da ética, da dignidade, da cidadania, do respeito, a começar pelo respeito aos animais.

João O. Salvador, é biólogo do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) – USP (Universidade de S. Paulo)
E-mail: [email protected]

Fonte: Gazeta de Piracicaba

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