O Cemitério da Saudade, localizado em Piracicaba, no interior de São Paulo, é um exemplo que mostra perfeitamente o descaso do poder público com os animais. Uma estimativa da ONG Gatos do Cemitério, que há 18 anos atua no local para minimizar o sofrimento de gatos abandonados, diz que aproximadamente 900 gatinhos vivem lá atualmente.
De acordo com Elcian Granado, coordenadora do grupo, a ONG surgiu para oferecer suporte aos gatos, incluindo alimentação, captura para castração, cuidados veterinários e encaminhamento para adoção. “Estamos há 18 anos em atividade e, há 11 anos, começamos com o projeto de castração. Até hoje, já castramos cerca de quatro mil gatos”, relatou Elcian em entrevista ao Jornal de Piracicaba.
A iniciativa é essencial para controlar a população de gatos e evitar que mais animais nasçam em condições precárias.
O trabalho do grupo é intenso e diário. Todos os dias, das 7h às 14h, voluntários percorrem o cemitério, que possui uma área de quase 145 mil metros quadrados, para alimentar os animais e trocar a água, que chega a consumir 200 litros diários.
Ver essa foto no Instagram
Matheus Tunin, contratado pelo grupo, é um dos responsáveis por essa rotina. Ele percorre cerca de 12 quilômetros para abastecer 185 pontos de alimentação e água, além de posicionar potes e casinhas de forma estratégica para evitar a presença de insetos e animais venenosos.
“Eu sou muito fã de gatos. Quando surgiu a oportunidade de participar, foi algo que tocou profundamente meu coração. Estou quase completando um ano na equipe, dedicando muito amor e cuidado a todos esses gatinhos”, compartilhou Tunin.
Apesar do esforço dedicado, o grupo enfrenta desafios financeiros e estruturais. A iniciativa depende de doações de parceiros, da contribuição do Poder Público – que fornece 30 quilos de ração – e, muitas vezes, de recursos tirados do próprio bolso dos voluntários. “São tantos anos nessa luta. Nosso trabalho é diferenciado”, afirma Elcian, destacando a necessidade de mais apoio para garantir a continuidade das ações.
Ver essa foto no Instagram
A situação no Cemitério da Saudade reflete um problema maior: o abandono de animais e a falta de políticas públicas eficazes para lidar com a superpopulação de animais domésticos. Enquanto organizações como o “Gatos do Cemitério” trabalham incansavelmente para mitigar os efeitos desse abandono, a ausência de uma abordagem mais ampla e sistemática por parte do governo mantém o ciclo de sofrimento animal.