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A vida em um circo sem animais

20 de junho de 2013
3 min. de leitura
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Por Helena Barradas Sá (da Redação)

Laços familiares e de amizade unem os artistas dessa tenda levantada com esforço e superação. (Foto: Guillermo Ossa/EL TIEMPO)
Laços familiares e de amizade unem os artistas dessa tenda levantada com esforço e superação. (Foto: Guillermo Ossa/EL TIEMPO)

“Não se esqueçam: ninguém deveria ser tão pobre que não pudesse ter em suas lembranças a ida a um circo. Muito obrigado por sua presença!”

Com essas palavras e sempre com um sorriso no rosto, Carlos Álvarez encerra mais uma de suas funções no Circo Medellín: o espetáculo em que a superação e a vontade de ter uma vida saudável saltam e dançam debaixo da mesma lona. As informações são do jornal El Tiempo.

Oito artistas, um técnico e uma equipe de sete pessoas formam essa família chamada “Títiritrastos”, da qual hoje Carlos é o líder. Os integrantes do grupo são amigos de infância e, há doze anos, mudaram o cenário de sua vida.

A vida andarilha e descomprometida nas ruas e um ou outro mau hábito foram substituídos por arte, disciplina e uma alta dose de alegria.

Porém, nessa irmandade algo mais forte chama a atenção: os laços de sangue. Os irmãos Anderson, Didier e Elmer Silva encontraram aquilo que seria o seu projeto de vida quando ainda eram bem jovens.

“Não éramos crianças ruins, mas corríamos o risco de nos desviarmos do caminho correto. Estávamos com 10, 12 e 13 anos, e vagávamos pelas ruas. Conhecíamos todo o Centro e estávamos conhecendo o mundo muito rápido. A arte mudou a nossa visão”, conta Anderson.

Com 22 anos, hoje ele integra a equipe de Clown (a arte de ser palhaço) e a de pantomima (mímica). Foi agraciado com a oportunidade de aprender com artistas internacionais. Didier tem 25 anos, é palhaço, mágico, domador de “cavalos de pano”. Com a “roda alemã”, ele rouba a cena! Não vê sua vida fora do circo. Seus cavalos são produzidos pelo irmão Elmer, com 24 anos, que também atua como palhaço. Baseia-se em revistas para fazer os bonecos e elementos do cenário.

Conhecer a história desses rapazes não é suficiente. A verdadeira magia acontece ao vê-los no palco juntos com seu primo Chicho e seus companheiros Edinson, Andrés, Luis e Carlos.

A cada domingo, a tenda do Circo Medellín abre suas portas para todos.

Esse projeto teve início com o padre Rubén, dos “Irmãos Missionários da Caridade”. Foi ele que, há 12 anos, tirou das ruas um grupo de jovens vulneráveis e lhes ensinou arte, formando o grupo ‘Títiritrastos’.

Há cinco anos, Rubén se mudou para a Inglaterra e deixou o grupo sob a liderança de Carlos. Com ele, nasceu a Fundação Circo Medellín, que hoje funciona próximo à colina Nutibara, num terreno concedido por comodato pela Prefeitura de Medellín.

“Nós cuidamos deste lugar, plantamos árvores, preservamos a natureza que já estava aqui antes de que chegássemos. Nós podamos e conservamos o campo para que nosso público tenha um lugar onde passar bons momentos com a família ao terminarmos nossas apresentações.  É uma casa para todos”, finaliza Carlos com seu grande e peculiar sorriso.

Shows sem animais

Antes de o Senado aprovar a Lei que proíbe o uso de animais nativos e exóticos nos circos da Colômbia, as apresentações do Circo Medellín já levavam vantagem, porque nunca utilizaram animais. “Para nós, o respeito pela natureza é primordial, e acreditamos tanto no talento de cada um dos integrantes de nossa família circense que não precisamos recorrer à presença de qualquer tipo de animal”, comenta Carlos Álvarez, palhaço e líder do projeto.

Nos shows do Circo Medellín, os únicos animais utilizados são um cavalo e um burro feitos de retalhos. Esses animais ganham vida pela manipulação dos próprios artistas.

Este grupo de palhaços não abre mão de manter como princípio a não utilização de animais em seus shows. Além disso, defendem que para fazer um bom espetáculo não é preciso contar com animais.

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