Yanê
Através do Blog
Em maio do ano passado (2010) foi “inaugurado” em Curitiba, com pompa e circunstância, o ônibus da Universidade Federal do Paraná, denominado Unidade Móvel de Esterilização e Educação em Saúde (UMEES) e erroneamente chamado de “Castramóvel”.
Foi um frisson, noticiado em jornais e na internet e comemorado por muitas ONGs e pessoas envolvidas na proteção animal no país inteiro. Muita gente ingênua acreditou (e ainda acredita) que a situação caótica em que se encontra Curitiba com relação aos cães e gatos abandonados, começaria a mudar.
Ledo engano… Hoje, 1 ano e 2 meses depois, o dito ônibus não castrou nem 50 animais, acredito eu! Eles não fornecem os números.
Então vamos esclarecer a comunidade que ama e se preocupa com os peludos!
Primeiro: Os professores responsáveis pelo veículo estão pedindo que não se refiram mais a ele como Castramóvel ! porque ele não é para castrar!!! É para educar o povo para a Guarda responsável!
O que este ônibus faz: vai até os bairros carentes da capital ecológica e conversa com a população: mostra as duas salas cirúrgicas e diz para população: “Vocês têm que castrar seus animais para evitar a superpopulação e as doenças e etc” (todos os motivos que já conhecemos para se castrar um animal).
O fato de que é um bairro onde residem pessoas carentes economicamente e de que nas clínicas o valor pedido pela castração varia de 120 a 450 reais não interessa. É o seguinte cidadão: “Você tem que castrar sua cadelinha! Ah! Não tem dinheiro? Arranja, quem manda ter cachorro!”
Eu, Yanê, presenciei uma cena assim no dia da “inauguração” do veículo. Dona Maria, moradora de um barraquinho e contemplada com uma casa da COHAB (portanto apta a ser beneficiada com esta ação), chegou lá no campus Politécnico com duas cadelinhas para castração. E depois de vários NÃOS, dos professores da UFPR, dos veterinários do ônibus, do Coordenador da Rede de Proteção Animal de Curitiba e recomendações de que procurasse as ONGs, foi embora, com suas duas cadelinhas …
O professor James Andrade, cirurgião veterinário da UFPR, afirma ainda que a estrutura do centro cirúrgico da Umees é de ponta. “Muita clínica fixa em Curitiba não tem a estrutura que nós temos aqui”, diz ele. A unidade móvel tem capacidade para até duas cirurgias simultâneas, ao todo 30 por dia. Sua adaptação em centro cirúrgico custou cerca de R$ 60 mil. Ela é equipada, inclusive, com aparelhos de ressuscitação, para eventuais complicações cirúrgicas […] Leia aqui.
O que o ônibus fez até agora: no dia da inauguração, em maio 2010, castrou 3 cães machos (porque é bem mais fácil castrar machos) cães lá do Campus Politécnico mesmo. Daí em maio mesmo, castrou 10 cães na Vila Pantanal , eram 15, mas outros cinco cachorros restantes não foram castrados porque se alimentaram e não puderam receber anestesia. (Ué? Porque não voltaram lá para castrar os outros 5?) Leia aqui.
A UMEES esteve nas cidades de Pinhais e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, mas acho que só para fazer propaganda. Não sabemos se castrou algum animal.
Em setembro de 2010 foi até Antonina e castrou 10 cães (nossa! 10!). “Não fazemos um mutirão de castração, onde a cirurgia é feita de qualquer jeito, como linha de montagem, oferecendo risco aos animais. Conosco, eles recebem acompanhamento pré e pós-operatório”, garante Felipe Wouk. (Cirurgia feita de qualquer jeito? Nos mutirões de que tenho notícia as cirurgias são muito bem feitas, por ótimos veterinários.) Leia aqui.
E por fim, esteve no Parque São Lourenço no dia 11 de junho deste ano, microchipando (não castrando) animais. Entenderam né? Não é para castração, é para educação e não faz mutirão!
Então é isto: em Curitiba continuamos precisando urgentemente de castração gratuita para todos os animais independente da renda do responsável. Pois não aguentamos mais pagar do nosso bolso por mais esta omissão do poder público.