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A resposta da Fundação John Aspinall sobre gorilas enviadas para Belo Horizonte

6 de outubro de 2011
4 min. de leitura
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Por Dr. Pedro A. Ynterian (da Redação)

“O show dos gorilas”

O Zoológico de Belo Horizonte gastou mais de meio milhão de reais para trazer duas gorilas jovens da Inglaterra para juntar com o gorila Idi Amin (que, aliás, é um nome grotesco para um ser pacífico), que vive há mais de 25 anos sozinho após a morte prematura de outras duas gorilas. Os mais de 500 mil reais eram dos contribuintes da cidade e de estatais, ou seja, dinheiro público. Era necessário montar um “show” à altura para justificar essa dilapidação de fundos públicos, que poderiam ter sido melhor empregados na conservação de nossa fauna ameaçada. Porém, isso não dá IBOPE nem propaganda para os políticos mineiros.

O “show”, que foi divulgado com exclusividade de imagem por um programa dominical televisivo de grande audiência, tentou mostrar a integração das gorilas com o macho. Mas o que se viu num instante foi um jato de extintor no momento em que o gorila abraçava uma das fêmeas, com intenções não muito boas e que, se não fosse, porque ele é condicionado, poderia tê-la matado em um minuto. Esse “show” de irresponsabilidade que o zoológico realizou para justificar o dinheiro gasto nada tem a ver com a educação ambiental nem a preservação das espécies. É pura propaganda eleitoral.

Agora vamos à resposta ao parceiro inglês do Zoológico, a Fundação John Aspinall, da Inglaterra, que cometeu a outra irresponsabilidade, esta ainda mais grave, já que é uma instituição que tem em sua história alguns fatos sim relacionados com a preservação das espécies e a luta pela defesa de seu habitat.

A Fundação envia outra peça de propaganda de suas conquistas, especialmente na reprodução em cativeiro de grandes primatas e diversas espécies. Ela nega que compactua com a exploração comercial para o entretenimento, porém, não explica PARA QUE E POR QUE enviou duas gorilas jovens, de grande valor na conservação genética de uma espécie, que em 20-30 anos pode estar extinta, a um Zoológico que não tem a mínima tradição nem experiência no manejo de grandes primatas.

Reproduzimos aqui em inglês a resposta extensa dessa Fundação, mas não vamos traduzí-la, já que é um desperdício de tempo e esforço para fazer propaganda de uma Fundação que se estivesse tomando as decisões certas, em prol da conservação dos grandes símios, não precisaria fazer uma operação de alto risco como esta.

Anos atrás o Zoológico de Belo Horizonte nos enviou o chimpanzé Pongo, que é o melhor exemplo de como todos os zoológicos tratam seus hóspedes: como meros objetos. Pongo nasceu no Zoológico, foi tirado da mãe com poucos anos de vida, com quem era muito ligado. Um dia o colocaram numa gaiola de transporte e o enviaram a um Zoológico privado em Fortaleza, que estava se formando. Este Zoológico era um terror e terminou anos mais tarde sendo fechado pelo Ibama. Depois de receber Pongo, o zoológico conseguiu por método pouco lícito um grupo de chimpanzés do Zoológico Bwana Park, do Rio de Janeiro, que também era outro horror e também foi fechado pelo Ibama. Como tinha um recinto apenas – que era outro inferno; temos as imagens conosco – Pongo nunca saiu da gaiola e enlouqueceu.

Um dia recebemos um telefonema de um veterinário do zoológico de Belo Horizonte oferecendo aquele chimpanzé, sem maiores explicações. Como é nossa conduta, aceitamos de imediato e abrimos espaço para ele. Não sabíamos que era um ser enlouquecido pela separação precoce de sua mãe e por viver engaiolado meses a fio, em um lugar infernal. Tentamos colocá-lo com várias fêmeas e ele agrediu todas elas. Era impotente por sua loucura e culpava as fêmeas por sua incapacidade sexual.

Pongo continua conosco, está sozinho, tem companhia em ambos recintos laterais, com os quais se comunica, porém odeia profundamente os humanos – a todos – e com razão. Vive num mundo imaginário, onde tem visões, “conversa” com as paredes, com suas mãos, com seus pés.

É lamentável que o público brasileiro seja desinformado desse jeito por aqueles que tem a responsabilidade de gerar fatos e divulgar informações. Os animais usados como objetos de divertimento público é algo abjeto, que deve acabar.

Reflita, pense, discuta, debata, reaja, impeça que esse massacre de inocentes continue!

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