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A relação sombria entre o comércio de marfim e o cativeiro de elefantes em zoos

23 de setembro de 2017
5 min. de leitura
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Com menos de 650 mil elefantes no planeta, eles correm um sério risco de extinção e é nosso dever protegê-los. Uma das maiores ameaças aos animais é a caça.

Grupo de elefantes
Foto: Flickr

Durante décadas, os elefantes enfrentaram a iminente ameaça de extinção, já que suas presas são arrancadas brutalmente de seus rostos para atender a demanda global por marfim.

Este comércio está repleto de corrupção em todos os níveis e os lucros geralmente financiam grupos terroristas perigosos.

A crise do marfim tem estado sob os holofotes recentemente, conforme um número crescente de municípios dos EUA é responsabilizado por sua participação nesse comércio. Embora muitas pessoas acreditem que ele  ocorre apenas em países distantes, onde os elefantes moram, isso não poderia estar mais longe da realidade.

Estima-se que cerca de um elefante seja morto a cada 15 minutos por suas presas, totalizando a perda diária de 100 elefantes. Considerando o ritmo lento de reprodução dos animais, muitos cientistas acreditam que eles podem ser extintos da natureza nos próximos 20 anos.

A população mundial de elefantes foi seriamente prejudicada durante o século 20 como resultado direto do comércio mundial de marfim. Em um esforço para proteger a população de animais, uma proibição internacional do marfim foi estabelecida em 1989.

Porém, de acordo com esta legislação, qualquer marfim que já estava em circulação antes da proibição ainda poderia ser importado e exportado. Com essa brecha, marfins mais recentes conseguiram entrar em circulação e os traficantes passaram a falsificar documentos e produtos de marfim para fazê-los parecer antigos.

Quando um elefante é assassinado por seu marfim, isso afeta também toda a sua família. Os bebês são privados do amor de suas mães enquanto os elefantes mais velhos perdem seus filhos, irmãs ou irmãos. O vínculo entre as mães e os bebês elefantes é semelhante ao das mães e crianças humanas.

Os elefantes vivem naturalmente em grupos matriarcais, liderados por uma fêmea mais antiga que geralmente é substituída por sua filha mais velha depois que ela morre. As fêmeas se ajudam com o cuidado e a educação dos jovens enquanto os machos adultos ficam em grupos separados. Os laços profundos e amorosos entre essas famílias duram a vida inteira, mas quando a família é destroçada por caçadores, eles se perdem para sempre.

Para impedir o comércio do marfim, o primeiro passo é parar de comprar produtos de animais selvagens. Todo item de marfim foi criado a partir de um elefante que foi morto. Mas o que mais os amantes de animais podem fazer? Muitos zoológicos se vangloriam dos seus esforços de proteção e afirmam que ajudam a combater esse comércio, mas isso não é verdade.

O papel dos zoológicos

Elefantes na natureza
Foto; Pixabay

Muitos zoos alegam que seus programas de reprodução em cativeiro  ajudam a preservar espécies e que a exposição de animais é uma forma de proteção. Porém, na realidade, eles compram os animais, sequestrando-os da natureza e mantendo-os confinados para obterem lucros.

Quando os elefantes adultos são assassinados por suas presas, muitos bebês órfãos são vendidos para terem uma vida em cativeiro. Por exemplo, em 2015, um grupo de filhotes foi exportado do Zimbábue, meses depois de terem sido capturados da natureza para serem vendidos para zoos na China. Mais recentemente, em Maio deste ano, a Namíbia vendeu cinco filhotes para um zoo em Dubai por um valor não divulgado, segundo o One Green Planet.

Os zoos podem argumentar que manter os animais em cativeiro funciona para proteger a espécie, mas, de acordo com a organização Born Free USA, isso não ocorre. O principal risco para os elefantes é a caça na natureza. Mesmo com a pequena população de elefantes, nada justifica sua captura.

Os elefantes na natureza são ameaçados por caçadores, mas aqueles que vivem aprisionados enfrentam um grande sofrimento. Estatísticas mostram que as taxas de mortalidade dos animais aumentam significativamente em zoos.

Os indivíduos selvagens podem viver em média até 75 anos e a expectativa de vida típica entre os animais confinados varia de apenas 20 a 30 anos.

“Há pouco debate sobre como a caça de elefantes é uma prática brutal. Isso, no entanto, não justifica a colocação ou a criação de elefantes em zoos. Pelo contrário, as estatísticas apontam que as taxas de mortalidade de elefantes aumentam significativamente em zoos, além  dos riscos conhecidos nos de doenças físicas, problemas psicológicos e até doenças. Além disso, não há evidências para mostrar que a denominada proteção nos zoos terá impactados sobre o declínio dos elefantes devido à caça”, disse Prashant Khetan, da Born Free.

Os zoológicos apresentam uma réplica triste de um ambiente “natural” e animais que foram separados de suas famílias para serem exibidos como entretenimento. As condições do cativeiro e os pisos rígidos provocam artrite e problemas nos pés e nas articulações.

O sofrimento psicológico causado pela ausência de exercício e companheirismo faz com que os elefantes em cativeiro tenham comportamentos anormais e repetitivos. Alguns zoos ainda realizam adestramentos cruéis, como ameaçar os animais com bullhooks, uma ferramenta dolorosa. Esta prática resultou em mais de 135 feridos humanos e 18 óbitos humanos desde 1990.

Os zoos perpetuam a ideia de que os elefantes são nossos, mas nenhum animal deveria ser explorado por seres humanos. Os zoos não possuem  valor educacional para as crianças.

Os elefantes mantidos em cativeiro estão com excesso de peso e 40% são considerados obesos e exibem regularmente sinais claros de zoochosis mental, como movimentos repetitivos e automutilação. Além disso, eles sucumbem frequentemente a doenças que muitas vezes não são encontradas na natureza, incluindo tuberculose, artrite, infertilidade, entre muitas outras.

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