No sul da Espanha, a cidade de Sevilha enfrenta a quarta onda de calor que marcou o verão europeu. Porém, o fenômeno que atinge a região atualmente tem um significado diferente: a onda foi batizada de Zoe, tornando-se a primeira do mundo a ser nomeada. No mês passado, a gestão municipal lançou um programa-piloto para monitorar as ondas de calor e que colocará em prática um sistema para nomear e ranquear os fenômenos da mesma maneira como acontece com furacões.
Além de Zoe, outros quatro nomes foram definidos: Yago, Xenia, Wenceslao e Vega, seguindo a ordem alfabética invertida. Na última semana, a temperatura ultrapassou os 43ºC e apenas as ondas de calor mais severas receberão nomes dentro do sistema de classificação do novo programa.
Ao mesmo tempo em que a iniciativa responde a uma demanda de grupos que defendem que ondas de calor devem receber a mesma atenção de furacões e tornados, por exemplo, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou em nota que não tem planos para criar um sistema oficial para dar nomes a este tipo de evento climático.
De acordo com o órgão, “atualmente, não há nenhum sistema ou protocolo internacional acordado para nomear ou coordenar a nomeação de eventos de ondas de calor”. Ainda, a instituição fez um alerta: “o que foi estabelecido para eventos de ciclones tropicais pode não necessariamente se traduzir facilmente em ondas de calor. Deve-se ter cuidado ao comparar ou aplicar lições ou protocolos de um tipo de perigo para outro, devido às diferenças importantes na natureza física e nos impactos de tempestades e ondas de calor”.
Há uma discussão para implementar o mesmo tipo de sistema na Califórnia, nos Estados Unidos. O argumento de formuladores de políticas públicas e ambientalistas é que essa pode ser uma forma de atrair a atenção do público para os problemas que são causados por ondas de calor.
Segundo a Fundação Arsht-Rock, considerar os impactos perigosos do clima na saúde, categorizar a gravidade dos eventos climáticos e nomear os piores eventos aumenta a probabilidade de as pessoas tomarem as medidas necessárias para se preparar e se proteger.
A instituição fez parte do desenvolvimento do projeto-piloto de Sevilha. Para a vice-presidente sênior e diretora do Centro de Resiliência da Fundação Arsht-Rock, Kathy Baughman McLeod, a iniciativa é um esforço coletivo para salvar vidas. “Esperamos que este piloto sirva de modelo para outros líderes e governos enquanto enfrentam pressão para enfrentar essa ameaça mortal. As pessoas não precisam morrer por causa do calor”, disse.
Fonte: Veja