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RESTRIÇÃO DE ALIMENTOS

A pesca está prejudicando diretamente a alimentação de pinguins-africanos trazendo risco à espécie 

Ativistas pedem a proibição da prática próximo às colônias de pinguins

3 de junho de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: kallerna | Wikimedia Commons

Biólogos e ativistas da África do Sul estão preocupados com a alimentação dos pinguins-africanos. Isso porque eles estão sofrendo com uma escassez de peixes e ganhando bem menos peso do que deveriam nessa época do ano.

Uma das pinguins saiu da colônia de Stony Point em Betty’s Bay pesando 2,7 quilos para buscar alimentos e quando voltou estava pesando apenas 285 gramas a mais, um sinal preocupante de estoques de peixes em declínio. Eles normalmente podem ganhar até um terço do seu peso corporal em um dia.

Eleanor Weideman, gerente de projeto de aves marinhas costeiras da BirdLife South Africa, está preocupada. “Em um ano bom, eles voltam com os estômagos inchados,” diz ela. “Mas simplesmente não há mais peixes lá fora.”

Além disso, esse alimento não é apenas para ela, mas também para seu parceiro e filhotes. No outro dia, o casal de pinguins troca de papéis, a fêmea fica no ninho enquanto o macho busca alimentos. Se as condições melhorarem, eles poderão criar duas ninhadas de ovos nesta temporada. No entanto, na taxa atual, eles podem ter que abandonar a reprodução completamente.

Nos últimos 120 anos, a população de pinguins-africanos despencou mais de 99%. Com um declínio anual de 7,9%, eles podem estar extintos na natureza até 2035. A extinção da espécie seria uma catástrofe ecológica, visto que os pinguins servem como espécie indicadora para seu ecossistema.

Em resposta, a BirdLife South Africa e a Southern African Foundation for the Conservation of Coastal Birds tomaram medidas legais contra a Ministra de Silvicultura, Pescas e Meio Ambiente da África do Sul, Barbara Creecy. Eles alegam que ela não implementou fechamentos de pesca cruciais ao redor de seis colônias de pinguins, que abrigam 76% da população global de pinguins-africanos.

Alistair McInnes, chefe do Programa de Conservação de Aves Marinhas da BirdLife South Africa, explica que as proibições de pesca propostas se aplicariam apenas a embarcações comerciais que utilizam redes de cerco, que são redes grandes projetadas para capturar cardumes inteiros de pequenos peixes pelágicos como sardinhas e anchovas. Essas espécies são vitais para a dieta dos pinguins e seus estoques estão em níveis historicamente baixos.

Corvos-marinhos-do-cabo, outra espécie de ave ameaçada, também se beneficiariam das proibições propostas. Um painel de especialistas nomeado por Creecy relatou em julho de 2023 que os fechamentos de pesca direcionados provavelmente ajudariam na proteção dos pinguins e outras aves.

No entanto, a ministra implementou apenas fechamentos limitados. Por exemplo, em Stony Point, a área protegida é um terço do que o painel recomendou, tornando a escassez de alimentos uma questão persistente para os pinguins.

Embora a pesca seja um fator significativo, não é a única ameaça aos pinguins. Mudanças climáticas, predadores terrestres e poluição sonora causada pelo reabastecimento de navios na colônia de St. Croix, perto de Gqeberha, também representam perigos.

Entretanto, a disponibilidade de presas continua sendo crucial para a sobrevivência e reprodução dos pinguins-africanos. A colônia de Boulders, perto da Cidade do Cabo, onde a pesca com redes de cerco está proibida há muito tempo, é a única colônia com uma população estável.

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