Este artigo tratará da questão da Omissão . Ele não vai esgotar a discussão e nem e nosso objetivo , mas sim trará a tona uma realidade com a qual todos nós convivemos , conhecemos e muita das vezes, fazemos parte.
A omissão pode ser caracterizada em dois aspectos : a estrutural , que está ligada aos “Aparelhos Ideológicos do Estado”, o qual norteia a vida dos cidadãos em todos os aspectos e a omissão individual , aquela que a pessoa ignora a realidade do outro e de forma cruel faz com que ele sofra .
Este tipo de omissão e tão violenta porque toca de perto as pessoas que dela precisam , e ao ignorá-las o omisso passa a ter uma atitude de desprezo pelo seu semelhante de forma que, em tudo que possa acontecer com o outro , ele vai sentir prazer . A pessoa omissa é alguém que tem extremo conhecimento da realidade do outro, ele não é uma pessoa alienada , “eu não faço porque não sei”, não , ele não faz porque o outro nada lhe diz e sua situação menos ainda , por isso que a pessoa omissa é capaz de compreender perfeitamente o que o outro precisa , tem consciência , mas não age em seu favor , apenas ignora o fato não deixando se influenciar pela realidade que esta gritando ao seu ouvido .
A pessoa omissa tem uma grande frieza em relação aos acontecimentos, pois lhe falta a sensibilidade , o carinho , a compreensão pelo outro , o omisso não tem compaixão , ele não se apaixona pelo outro , pelas causas importantes que dão sentido a vida do ser humano , como transformar o mundo numa realidade melhor de forma democrática e participativa . Ele não sabe o que é participar , ajudar , pois a sua insensibilidade não permite tais atitudes , ele caminha do lado contrário da humanidade , consciente dos acontecimentos e capaz de desviar de forma criativa a sua omissão de maneira que tais fatos não o atinjam .
A omissão não permite o experimentar do amor , a sua forma de amar e extremamente dominante e individualista , a relação Eu -Tu ou Eu -Outro é ausente em suas relações sociais e afetivas , pois o que lhe dá prazer é a necessidade do outro e não a felicidade , daí a omissão ser um ato pernicioso e cruel com quem dele precisa , pois o ato do omisso é capaz de matar ou deixar que o outro morra para que ele se salve . O omisso é um verdadeiro delator da integridade física e moral das necessidades do que o outro precisa .
O omisso ignora os apelos ecológicos, ambientais , ignora a defesa dos animais , como disse antes , não que ele não tenha consciência , ele a tem , mas falta-lhe a sensibilidade transformadora e envolvente nas causas sociais e muitas vezes é capaz ate de opinar , sempre como dono da verdade e de forma como entrou , sai de mansinho , é o mínimo que se permite , não que ele esteja preocupado ou que possa ter passado por uma situação que obrigou-o a ter pelo menos que se manifestar , um verdadeiro martírio para ele , mas não o toca , apenas o irrita .
Como superar está situação que pode ser muito melhor analisada, no campo da psicologia?
É um verdadeiro jogo de paciência por parte do outro ou das instituições que precisam agir na sociedade e buscar parceiros. É a oportunidade do acolhimento, ele não sendo acuado , oprimido , o omisso pode passar de caçador para um grande defensor da caça .
Vale a pena tentar , sim , é um grande desafio , pois testamos nossa maneira de acolher o outro , o diferente , abrimos nosso coração para aquilo que acreditamos . O amor transforma, rejuvenesce , e capaz de derreter os corações endurecidos pela vida , afinal e nisso que acreditamos, ou não?
Tente e depois você me diz .
Boa sorte .
Padre Rogério Cruz – Icab – Filósofo – Teólogo – cursando mestrado em Eco-Teologia em Belo Horizonte , Presidente da Ong Vivacão www.ongvivacao.com.br – [email protected]