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A negação da individualidade e as salsichas

4 de março de 2013
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A pessoa que vai a um açougue e compra dois quilos de alcatra sabe que está levando um pedaço de músculo retirado do corpo de um boi ou uma vaca. Mas quem vai a uma lanchonete e pede um hamburger não sabe exatamente o que vai comer.

São pedaços de corpos misturados a outros pedaços de corpos muito difíceis de serem identificados. Já não temos um animal individual morto, mas uma maçaroca de organismos retirados de bovinos misturados e concentrados num disco achatado.

A descoberta de carne de cavalo em lasanhas à bolonhesa na Inglaterra leva o debate a um novo nível. Então quem devora um hamburger com ketchup já nem pode ter certeza de que está comendo uma única espécie. Pois se existe carne de cavalo mi3sturada à carne do boi, por que não poderia haver carne de cachorro? Ou de rato? Ou de ser humano?

Existe um certo exagero aí, claro. Mas como disse o célebre líder alemão Otto von Bismarck, “os cidadãos não poderiam dormir tranqüilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis”. Quem come carne industrializada deveria saber o risco que corre.

E existe uma questão ética. A industria frigorífica está chegando a novos patamares de desumanidade. Quando mistura espécies diferentes num mesmo alimento, está dando mais um passo no sentido de tratar animais como mercadorias sem identidade.

A individualidade de uma vida se dissolve num nugget, que compacta pedaços de frangos numa mesma pasta. Seres com personalidade e inteligência como porcos não merecem qualquer respeito nem depois da morte, quando são triturados e têm seus corpos misturados numa salsicha.

E agora já nem sabemos se são apenas porcos.

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