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A libertação Animal do grupo VEM no extremo norte do país

15 de março de 2012
15 min. de leitura
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Em física, movimento é a variação de posição espacial de um objeto ou ponto material no decorrer do tempo. Na filosofia clássica, o movimento é um dos problemas mais tradicionais da cosmologia, desde os pré-socráticos, na medida em que envolve a questão da mudança na realidade. Assim, o mobilismo considera a realidade como sempre em fluxo.

O VEM (Vegetarianos em Movimento) é um grupo abolicionista no extremo norte do país, Belém do Pará, vivendo logo ao lado de uma das maiores florestas do mundo e de um dos maiores exemplos de desrespeito contra a fauna e flora, este grupo segue firme movimentando, transformando a cultura clássica do especismo e desrespeitando o atual modo de pensar, onde uma árvore ou um animal não humano têm o mesmo status perante tudo e a todos, mercadorias.

O VEM é uma organização de ativistas pelos DIREITOS ANIMAIS, para estes e muitos outros ativistas, o VEGETARIANISMO (como dieta) é a ação individual básica de manifestação de respeito, uma tarefa pessoal, única que cada um pode praticar em benefício de animais que não são dotados de inteligência e força para organizar-se a favor da sua própria libertação. É um ato de solidariedade e compaixão no campo físico à Animais não humanos desprezados por “sinais” humanos (leia-se desculpa ou motivos) para justificar o uso e exploração destes.

O fato de animais não humanos não fazerem uso da razão não é um fator chave para o uso e exploração dos mesmos, sabemos muito bem que alguns humanos adultos ou crianças com problemas mentais, psicológicos ou não, também não são capazes de fazer este uso (razão), mais nem por isso comemos ou exploramos indiscriminadamente recursos de animais humanos débil mentais.

Sinais são aos montes, organização social, voto, movimento articulado, noção de existência própria, alimentação, sobrevivência, força, inteligência, conhecimento da própria morte, enfim. O que o VEM e outros grupos abolicionistas estão fazendo é mostrar que os “sinais” nada são perante a única e mais importante similaridade que temos com os animais não humanos, o poder de sentir (Senciência) e o interesse em não sentir dor.

O VEM pratica veganismo, e praticar veganismo é praticar posicionamentos e atitudes politicas em direção á verdadeiras reformas da moral humana, com relação aos animais humanos, não humanos e direitos da Natureza. Afinal veganismo não é odiar humanos mesmo que os quais maltratam, comem ou exploram animais, nem mesmo não se importar ao meio ambiente, o veganismo é tão amplo que estes conceitos são todos abordados. Não tem nexo nenhum amar os animais e odiar os humanos/meio ambiente.

O verdadeiro objetivo do VEM e de outros grupos abolicionistas é tentar de alguma forma tirar o maior número possível de pessoas que se encontram no estado do conformismo e os levarem à luta. A levantarem faixas, assoprarem apitos, gritarem frases de guerra, mesmo sendo ridicularizados e serem chamados de “Eco-chatos” etc. O trabalho de grupos abolicionistas é difundir a filosofia vegetariana/ Vegana e o VEM está fazendo isso muito bem na Amazônia. Primeiramente adotando uma luta pacífica pela abolição animal; depois como a atitude mais significativa e eficiente na defesa do planeta e de seus ecossistemas.

Com uma população que ultrapassa um milhão de habitantes, Belém é classificada como a maior densidade demográfica da região norte e conhecida como “Metrópole da Amazônia”, título importante e pesado decorrente a todas as responsabilidades trazidas com ele.

O VEM Trabalha realizando manifestações artísticas de rua, amostras de vídeos com debates, passeatas e também através de parcerias com outros grupos de defesa animal.

O Grupo mantém a iniciativa de manter fixamente uma barraca vegetariana em uma movimentada praça da capital, a praça da república, onde normalmente abrem aos domingos, dia que a feira de artesanato é instalada na praça. Nesta praça, são divulgadas todas as campanhas que o grupo apoia, são coletadas assinaturas para eventuais abaixo assinados que trazem temas de divulgação do vegetarianismo/ veganismo. É realizado panfletagens e bate papo com transeuntes. Essa barraca serve de ponto de encontro entre os vegetarianos de Belém, servindo como referência máxima do movimento vegetariano na cidade.

Mudar a situação atual em que se encontram os animais e ajudá-los a sair desta

que é a pior e mais violenta manifestação humana de massacre e utilização de violência já vista em toda nossa história, decididamente será uma tarefa árdua, difícil e demorada. Esta mudança não acontecerá do dia para noite, não será televisionada, não será fácil, mais também não será impossível.

Sem ativismo, todos nós da questão abolicionista acreditamos que não haverá

revoluções, a sociedade talvez ainda nem conheça esta prática, aos olhos de Marias e Joões no Brasil a fora não existe violência no jantar, muito menos no café da manhã, tampouco no sapato de couro da lida. São coisas completamente desconexas que ainda precisa ser trabalhado ética e moralmente. Não só o VEM mais todos os abolicionistas envolvidos com a causa animal faz necessário que cada vegetariano/vegano se torne ativo para que no futuro possam estabelecer uma relação minimamente justa com os animais.

As ações diretas pacificas nas suas mais variadas formas, são capazes de mudar a consciência das pessoas. Se hoje existem veganos no mundo, é porque houveram ativistas que se mobilizaram para mudar aquela consciência. Dessa forma, todos nós ativistas somos o exemplo vivo de que uma mudança é plenamente possível.

Diferentemente de outras regiões do país, na região norte a crença e a cultura indígena/popular é muito forte, em consequência a esse fato alguns animais acabam sendo explorados de forma indiscriminada sob estas condições. Observa-se que a caça do Boto cor de rosa para diversas finalidades, desde motivos que denunciam crendices populares, até por questões econômicas.

A lenda do boto cor de rosa, caracteriza-se por um animal que transforma-se em um homem sedutor que conquista as mulheres em noites de lua cheia, levando-as para dentro do rio, com o objetivo de engravidá-las. A lenda foi e talvez ainda seja usada para justificar a gravidez repentina de muitas mulheres nos interiores da região, às vezes até justificando a gravidez de crianças. Devido a essa lenda, muitas comunidades desenvolveram um certo “ódio” pelo boto, que até então seria responsável pela gravidez de esposas, filhas e netas dos pescadores e ribeirinhos. Outros acreditam que os órgãos genitais e olhos do boto são amuletos de sorte no amor e praticam a caça do animal apenas para retirar algumas partes e usá-las na confecção de banhos e sortilégios. Além disso, também, há quem acredite que praticar sexo com um boto, cura problemas de impotência sexual. Todas essas crenças giram em torno do imaginário popular de que o boto seja um ser mágico e místico.

O Boto na região norte é brutalmente assassinado e perseguido pelas mais diversas formas de crendices especistas, traço forte da diferenciação de culturas existentes no Brasil, isso não vai mudar se você anti-especista ficar lendo este artigo agora e indo deitar como se nada estivesse acontecendo. É necessário seguir exemplos como o do VEM e ir as ruas distribuir informação para as pessoas e trabalhar de forma a conscientizar sobre a questão dos animais, não pelos seus “sinais” e sim pela sua natureza, senciênte e interessada a ter uma vida livre de dor.

Hoje é proibida a caça e comercialização de produtos derivados do boto, que está ameaçado de extinção, havendo instituições especializadas e desfazer esse imaginário popular. Geralmente essa prática é mais comum nos interiores do Estado do Pará, onde o animal é vitima de todo tipo de violência. Porém, apesar da proibição, ainda se consegue encontrar na capital do Estado do Pará, a venda de partes do boto para a realização de sortilégios do “amor”. Essa prática já foi marginalizada na cidade de Belém e redondezas, mas infelizmente ainda ocorre.

Foto: Divulgação/Inpa

Também é comum a caça do boto para fins econômicos, pois sua carne serve como isca para a piracatinga, peixe muito consumido no Nordeste brasileiro e exportado para a Colômbia.

Se não existirem pessoas interessadas a não compactuar com essa violência desnecessária e trabalharem no sentido de investigação, denúncia, pressão ou qualquer outra ferramenta viável para a paralização desta prática assassina, o que seria/será deste animal que perde sua vida por mera e humanas crendices? O que será de milhões de botos na Amazônia se não existissem grupos como VEM nesta região?

Além do boto, outra classe de animais bastante explorados no Norte, devido a grande fauna e flora presentes no território são as diversas famílias de aves. A região amazônica é conhecida pela sua exuberância de fauna e flora e os seus animais ainda são vitimas de caçadores, pseudo cientistas, traficantes de animais e do imaginário popular, que é norteado de lendas que incentivam a caça, captura e morte dos animais.

Além disso, é comum o fascínio por certas aves, consideradas raras, que são capturadas para serem vendidas como animal de estimação. Tais práticas, partem da ideologia especista de que o animal é um objeto, ora bonito, ora místico, ora de sorte ou azar, que precisa ser capturado para ser admirado e/ou usado ou simplesmente exterminado.

Lendas como a do boto cor de rosa ou do pássaro Uirapuru, que fala sobre um jovem guerreiro que se apaixonou pela esposa do grande cacique. Como não poderia se aproximar dela, pediu a Tupã que o transformasse em um pássaro. Tupã transformou – o em um pássaro vermelho telha, que à noite cantava para sua amada. Porém foi o cacique que notou seu canto. Ficou tão fascinado que perseguiu o pássaro para prendê-lo. O Uirapuru voou para a floresta e o cacique se perdeu. À noite, o Uirapuru voltou e cantou para sua amada. É por isso que o Uirapuru é considerado um amuleto destinado a proporcionar felicidade nos negócios e no amor. Essas crendices não desaparecerão do dia para noite, trabalhos de educação animal são importantes para uma cultura de paz, entre todas as espécies, e as Manifestações Diretas Pacíficas VEM para trabalhar exatamente nesse foco, dando informação e desconstruindo a realidade atual.

Como a maioria dos grupos abolicionistas no Brasil, o VEM não opera com um número grande de participantes, são 12 pessoas decididamente bem intencionadas a proporcionar mais informação a qualquer que seja, homem, mulher, jovem, criança, idosos.

A mais recente campanha do grupo foi a “Não compre, adote”, que objetiva conscientizar a população a respeito dos prejuízos gerados para os animais com a sua comercialização e também da necessidade e benefícios da adoção de animais abandonados.

Em Belém há uma lei municipal que proíbe a venda de animais em locais públicos (Lei 8.413/05), no entanto, antes da campanha, havia um mercado tradicional de venda de animais em praças e ruas públicas. O combate desse comércio iniciou-se em 2009 com uma outra associação, a Asdepa (Associação de Defesa e Proteção Animal), que através de seus membros e colaboradores passaram a exigir do Poder Público o cumprimento da Lei, acionando inclusive o Ministério Público.

A atuação do VEM junto à Asdepa, no combate ao comércio de animais em Belém, iniciou-se com uma filmagem de uma feira ilegal instalada na praça da república para a realização da venda de filhotes. Essa filmagem aconteceu após os vendedores terem assinado um termo de compromisso com o MP de que não venderiam mais animais em locais públicos. A partir daí foi determinada a apreensão de todos os animais encontrados em situação de risco. Esses animais seriam colocados sob a guarda da Asdepa e posteriormente encaminhados para a adoção. Somente no ano seguinte, em 2010, foi lançada oficialmente a Campanha “Não compre, Adote”, em parceria com a Asdepa.

Hoje a luta se dá: 1º No sentido de exigir a aplicação da lei municipal n° 8.413/05 que proíbe a venda de animais domésticos em locais públicos; 2º Através da campanha para aprovação do PL 1277/10 Municipal que irá estipular sanções mais rigorosas para aqueles que forem pegos vendendo animais e sua destinação veiculada à Asdepa (abaixo-assinado e pareceres técnicos que confirmam a existência de maus tratos); 3º Através de campanhas de conscientização acerca dos maus tratos, abandono, fábrica de filhotes, castração e divulgação da ideologia vegana que confere aos animais status de sujeitos de direitos; 4º Intervenção direta dos ativistas nas feiras de animais, principalmente na feira da praça da república, que apesar da existência da Lei, ainda ocorre eventualmente através de vendedores ambulantes; 5º Panfletagem, manifestações, intervenções artísticas nos eventuais locais de venda. 6º Ação Civil Pública contra os vendedores de animais.

O grupo segue com outras atividades no decorrer do ano, sempre procurando estabelecer ideias novas e formas mais atrativas para mostrar Direitos Animais para as pessoas, o grupo também é responsável a dar programação à região para os “eventos” nacionais/mundiais da causa animal, como o dia do veganismo, Dia Internacional dos Direito dos animais e etc. Nesse sentido, no ano de 2011 realizaram vários eventos, dentre eles, WEEAC, 1º Seminário Amazônico de Direito Animal e Almoço Vegetariano do Círio de Nazaré. Mais a mais tradicional e permanente atividade é sua Barraca aos domingos na feira de artesanato da praça da república.

Pequenas vitórias fazem parte da vida destes vegetarianos em movimento, isso vai desde a conquista de mais um vegano(a) ativista para o movimento até a criação de um projeto de lei abolicionista para os animais. Podemos dizer, que o ano de 2011 foi cheio dessas pequenas vitórias para eles, pois conseguiram realizar varias ações voltadas para a causa animal. Dentre elas, a realização do 1º Seminário Amazônico de Direito Animal; a evolução judicial e política da campanha “não compre, adote”, o grande sucesso de público do almoço vegetariano do círio e no mesmo dia, a realização da intervenção artística do WEAC, que ocorreu no mesmo dia do Círio de Nazaré e em local de percurso, dentre outras vitorias mais.

Recentemente acompanhamos o assassinato do “Rio Xingu”, campanha federal para construir uma usina hidrelétrica as margens do rio. Alguns participantes do grupo se envolveram com a defesa do meio ambiente neste assunto, nada mais natural para indivíduos VEGANOS. Talvez pela presença da floresta amazônica morando logo ao lado, o envolvimento com a natureza do vegano presente nesta região seja ainda maior dos demais estados do Brasil. Os direitos da natureza são indissociáveis dos direitos dos animais, pois muitos animais ainda dependem diretamente dela. Nesse contexto, os veganos de forma geral, salvo é claro por exceções, somos absolutamente contra a construção da UHE de Belo Monte, pois esta irá assassinar milhões de animais selvagens, assim como aconteceu na construção da UHE de Tucurui.

De maneira indireta todos os membros do VEM participam dos atos contra a UHE de Belo Monte, organizados pelo Comitê Xingu Vivo Belém e alguns participam de maneira direta, participando da construção do processo de luta contra Belo monte e organizando suas ações, através da realização de trabalhos de base em Altamira (Cidade onde será construída a UHE); campanhas de conscientização, manifestações, etc.

Baseados principalmente nas teorias de Gary Francione e Tom Regan o abolicionismo do VEM segue somando conquistas aos animais não humanos. Para muitos de nós e principalmente o VEGANISMO é um conjunto de posturas éticas, no sentido de incluir os animais no âmbito das relações morais humanas. Uma dessas posturas é o boicote a produtos, ambientes, empresas que exploram ou financiam a exploração animal de maneira direta (alimentos, cosméticos, remédios, roupas, eventos, etc) e também da desconstrução do ideário especista, que tortura, explora e mata bilhões de animais não humanos e não que veganismo é uma simples dieta alimentar que exclui produtos de origem animal. Pois a dieta baseada no não consumo de produtos de origem animal é apenas uma vertente do veganismo, que comporta um conjunto de atitudes que visam a libertação animal.

Para estes ativistas em movimento Veganismo é a abstenção de todo produto que implica em sofrimento, dor e exploração animal e também abstenção e combate de toda ideologia especista, responsável pela coisificação dos animais não humanos.

Um recado do grupo:

Vamos moralizar o homem também com relação aos animais e isso acontecerá através da reforma do pensamento e da moral humana, que se dárá através de uma educação libertária promovida pelo ativismo vegano. Dessa forma, acreditamos que o ativismo pelos direitos doa animais é essencial para a libertação destes, pois sem ativismo não há processo revolucionário e nem mudança de comportamento. Cada vegetariano e vegano são esseciais para a luta dos direitos dos animais, logo, são imprescindiveis dentro dos movimentos de direitos dos animais, nas academias e universidades, nas escolas e nas ruas.

Dessa forma, o recado que os Vegetarianos em movimento lhes deixa é: Não basta apenas se abster, temos que agir de forma direta sobre as causas de exploração animal, criando alternativas, mobilizado e se reinventando para transforma a sociedade em que vivemos, portanto, VEM pra luta!

O VEM mantem um site oficial onde o grupo disponibiliza e force informações sobre suas atividades, o endereço é http://vegetarianosemmovimento.blogspot.com

Se quiser entrar em contato com eles use o endereço eletrônico [email protected] ou entre diretamente na página de contato no site.

Se você fizer parte das redes sociais, acesse: http://facebook.com/vegetarianosemmovimento

Aqui você pode assistir uma entrevista disponibilizada no Youtube sobre as atividades do grupo.

O movimento é aberto e qualquer um pode participar!

 

Dúvidas, críticas ou sugestões:

[email protected]

 

 

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