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ESTRESSE E DEPRESSÃO

A insensatez de criar visitantes de papelão para supostamente animar um peixe-lua aprisionado num aquário

Peixes-lua não precisam de companhia artificial, mas de liberdade. A verdadeira crueldade está em mantê-los cativos.

24 de janeiro de 2025
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução/Twitter/@shimonoseki_aq

Em uma cena digna de um episódio de humor ruim e sombrio, funcionários de um aquário em Yamaguchi, no Japão, decidiram criar visitantes de papelão para “animar” um peixe-lua em cativeiro. A justificativa? Combater a solidão do animal durante a reforma do aquário.

Mas o que deveria ser uma reflexão sobre a fragilidade da vida em cativeiro acabou sendo uma exposição da completa falta de consideração, respeito, compreensão sobre as necessidades de um animal que nunca deveria ter sido aprisionado.

Os peixes-lua, por natureza, são criaturas solitárias. Na vastidão do oceano, eles habitam águas profundas, movimentando-se de forma livre em espaços que não têm qualquer paralelo com as frias e limitadas paredes de vidro de um tanque. O confinamento priva esses animais de espaço e estímulo e os expõe a uma rotina artificial, sob constante vigilância e exposição.

Segundo os responsáveis pelo aquário, o peixe-lua apresentou sinais de apatia e perdeu o apetite quando o fluxo de pessoas diminuiu. Essa explicação reflete mais a inadequação do cativeiro do que qualquer evidência de “solidão”.

Animais marinhos não existem para entretenimento humano, e sua adaptação às condições artificiais do cativeiro é uma falácia que agrava ainda mais seu sofrimento.

A ilusão da “companhia”

Colocar figuras de papelão como substitutos para visitantes humanos é uma solução tão absurda quanto simbólica. Mostra o quanto o aquário está disposto a mascarar os problemas gerados pelo cativeiro em vez de solucioná-los. A suposta “melhora” do apetite do peixe-lua após a inserção dos visitantes falsos revela, talvez, mais um reflexo de estresse do que um sinal de bem-estar.

Os peixes têm a capacidade de reconhecer e sentir, algo frequentemente ignorado por pessoas e instituições que os exploram. Essa sensibilidade, no entanto, não implica que eles desejem companhia, e sim que são profundamente afetados pelo confinamento.

Uma espécie vulnerável e constantemente ameaçada

Os peixes-lua, classificados como vulneráveis pela Lista Vermelha da IUCN, já enfrentam inúmeras ameaças na natureza, como pesca acidental, ingestão de lixo plástico e redes fantasmas. A captura intencional para cativeiro é mais uma das crueldades impostas por uma humanidade que insiste em tratar a fauna marinha como uma atração de parque temático.

Enquanto o aquário tenta projetar uma narrativa de cuidado e preocupação, a realidade é que esses locais contribuem direta e contundemente para o sofrimento animal. Manter um peixe-lua aprisionado, exposto à luz artificial e sob o olhar constante de visitantes, é brutal e desrespeitoso.

Os animais nasceram para ser livres e não viver aprisionados em cativeiro para alimentar a ganância e o lucro de alguns.

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