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A importância da 'Mucura', espécie da família dos gambás, para o equilíbrio ambiental, e como preservá-la

Espécie não é agressiva; especialistas detalham mais hábitos desses animais

24 de setembro de 2022
5 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Já ouviu falar nos gambás? A “Mucura”, como é popularmente conhecida na Amazônia, é uma espécie deles. No entanto, elas sempre são confundidas com ratos. Em outras regiões do Brasil, podem ser chamadas de Timbu, Saruê, Micurê, Sarigué. Ao todo, são seis espécies diferentes de gambá e em nosso país existem quatro: Gambá-de-orelha-preta (D. aurita), Gambá-de-orelha-branca (D. albiventris), Gambá-comum (D. marsupialis) e o Gambá-amazônico (D. imperfecta). Todos pertencentes à família Didelphidae.

“Uma das contribuições deles é com o equilíbrio ecológico, pois eles são controladores de animais considerados pragas para a população humana, como escorpiões e insetos. Eles também são espalhadores de sementes. Por isso, é fundamental preservar os gambás e o seu papel na biodiversidade”, diz a professora Ana Silvia Ribeiro, médica veterinária coordenadora do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens da Universidade Federal Rural da Amazônia (Cetras Ufra).

A origem do nome vem do Tupi-guarani wa-ambá, que significa “mama oca” ou “seio oco”, por conta da bolsa onde os filhotes ficam “guardados” e se alimentam até o final do desenvolvimento. Ou seja, elas são marsupiais, já que possuem o marsúpio (a bolsa). Por serem confundidas com roedores, sempre são alvos da maldade humana. Porém, o que nem todos sabem, é que elas possuem um importante papel na natureza.

Os gambás se alimentam de frutas e insetos e geralmente saem para se alimentar pela parte da noite, além de possuírem hábitos solitários. Quando estão em período reprodutivo, as fêmeas reproduzem cerca de três vezes ao ano, com um período de gestação curto, que leva de 12 a 13 dias. Elas podem gerar de 10 a 20 filhotes em cada uma das vezes. Nem todos conseguem chegar as tetas para se amamentar por conta da disputa e por isso acabam não sobrevivendo. Eles não são animais violentos.

“Se encontrar um casal, família, ou um único gambá em sua casa ou quintal, tem dois caminhos, que seria chamar um órgão ambiental para fazer o resgate e retirada do animal da residência e posterior soltura, ou esperar até a noite, pois como ele é um animal com hábitos noturnos, ao anoitecer ele vai se deslocar do ambiente em que ele está alojado e dormindo.

Normalmente as pessoas encontram ele de dia, dormindo no forro da residência. A recomendação para dificultar a entrada deles em residências é vedar essas áreas onde ele se abriga e evitar o acúmulo de lixo, que atraem insetos, escorpiões, que são animais que eles são predadores”, diz a professora.

O Grupo de Estudos de Animais Selvagens da Ufra (Geas/Ufra) listou algumas curiosidades sobre a espécie:

“Aquele animal preto com as listras brancas nas costas, que esguicha um líquido fedorento quando se sente ameaçado, não é um gambá, e sim um Cangambá, que pertence à família Mephitidae, ordem Carnívora, mas não são marsupiais, o que já indica que não são da mesma espécie dos gambás.”

– Lembra o que os gambás do filme “A Era do Gelo” faziam quando se sentiam em perigo? Uma de suas estratégias de defesa é um processo chamado tanatose, quando o animal se finge de morto. Eles não apenas se mantém imóveis, mas tem a capacidade de mudar algumas características no funcionamento do corpo, como por exemplo, diminuir a frequência cardíaca e respiratória e ficar realmente sem movimentos quando tocados. Esse período pode durar de 1 a 30 minutos.”

 

  • Diapausa embrionária: Muitos marsupiais são capazes de ter uma segunda fecundação ainda durante o período de gestação. Esse segundo embrião fica em “estado de dormência” até que o primeiro filhote tenha se desenvolvido por completo. O embrião dorminhoco começa então a se desenvolver, no período chamado de diapausa embrionária, o que pode durar mais de 200 dias.

 

  • Lactação: No começo, o leite produzido pela fêmea é rico em proteínas. Como o filhote vai crescendo, essa composição muda, deixando o leite rico em gorduras. Com a diapausa embrionária (citada anteriormente), é comum ver dois filhotes amamentando no marsúpio, em estágios diferentes de desenvolvimento. Com isso, as fêmeas dos marsupiais podem produzir dois tipos de leite ao mesmo tempo.

 

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Fonte: Dol

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