Abandonado por seu tutor em Tarifa Espanha, um cão estava à beira da morte, quando foi encontrado por soldados. Em poucos meses passou de um cão errante a um grande orgulho dos bombeiros. Só retornou do Haiti após salvar 18 vidas. “Turco” é um cão andaluz e sua história começa, como o filme de Buñuel e Dali, com uma faca bem afiada.
Não se sabe quanto tempo o cão vagou pelos arredores de Tarifa, no verão de 2008. Quando foi encontrado por soldados, estava morrendo de sede, era um saco de ossos, infestado de pulgas e carrapatos.
O cão foi adotado por Cristina Plaza, soldado do mesmo batalhão onde foi encontrado. Eles viveram felizes durante oito meses. Ele ganhou peso, ficou forte e saudável, mas jamais latia. Até que um dia, o destino começou a reservar uma surpresa. O cão resgatado da morte por soldados teria uma oportunidade para demonstrar a sua generosidade e retribuir o favor.
O sobrinho de um vizinho de Cristina, bombeiro de um grupo especializado em resgates, viu Turco correndo em volta das pessoas e percebeu que ele farejava tudo com a curiosidade de um detetive, que nunca desistia de buscar o objeto que era arremessado. Ele tinha as qualidades de um herói. O jovem pediu à Cristina para fazer um teste, e Turco não só provou ser um cão exemplar, mas um excelente farejador. Cristina concordou em deixá-lo no corpo de bombeiros, desde que pudesse visitá-lo regularmente, mas alertou que ele não latia. Como ele poderia, então, dar o alerta quando encontrasse um sobrevivente nos escombros? Em 15 dias ela recebeu um telefonema. “Seu cachorro late”.
Completada a sua formação, veio a prova de fogo. Turco voou ao Haiti com uma equipe de sete bombeiros. Nove dias de trabalho foram tão intensos quanto atrozes, trabalhando 16 horas por dia em condições inimagináveis. Até os cães ficam deprimidos com a magnitude da tragédia. Participou de 18 salvamentos. Quando há 150 mil mortos no chão, 18 finais felizes é uma grande vitória.
Ninguém vai esquecer o resgate de Redjeson Hauster Claude, uma crianças de dois anos. O menino estava sob os escombros da casa da família, abraçado ao avô morto, quando foi detectado por Turco. No momento em que o bombeiro puxou-o nos braços, a família dele começou a dançar ao redor, gritando de alegria. “Quando eu vi na televisão, comecei a chorar e não conseguia parar. Esse é o meu Turco! É a melhor coisa que já me aconteceu na vida “, diz Cristina.
Turco agora está de volta à Espanha, mastigando ossinhos e bolinhas, sua grande alegria, e treinando diariamente para continuar a salvar vidas.
Fonte: Prensanimalista