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CAPACIDADE

A genialidade oculta das formigas revela inteligência coletiva extraordinária

24 de julho de 2025
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: ovelyday12/iStock

As formigas são superorganismos cuja coordenação social desafia a forma como costumamos compreender a inteligência no reino animal. Embora pequenas, essas criaturas exibem comportamentos altamente complexos e organizados que nascem da cooperação entre indivíduos, sem qualquer liderança centralizada. Elas se comunicam principalmente por meio de feromônios, deixando trilhas químicas no solo para orientar outras operárias até fontes de alimento, sinalizar perigos ou marcar áreas importantes da colônia. Esse sistema de estigmergia permite uma cooperação invisível, eficiente e surpreendente.

Quando uma formiga encontra alimento, retorna ao ninho deixando um rastro químico que outras seguem. Com o tempo, esse trajeto se fortalece conforme mais operárias o percorrem, criando uma espécie de “caminho otimizado” semelhante ao funcionamento de algoritmos digitais. Essa capacidade de organização coletiva é um exemplo de inteligência emergente, em que o grupo opera com mais eficiência do que qualquer indivíduo isolado conseguiria.

Em situações de risco, como aumentos súbitos de temperatura, as colônias tomam decisões baseadas na soma das percepções sensoriais individuais. Pesquisas revelam que formigas em grupos maiores toleram mais calor antes de decidir evacuar, demonstrando que a decisão é coletiva, contextual e adaptável. Isso reforça a ideia de que a colônia age como um único organismo pensante.

Além disso, algumas espécies de formigas utilizam ferramentas improvisadas, constroem pontes com seus próprios corpos e até realizam amputações médicas em companheiras gravemente feridas para evitar infecções. Há casos documentados de formigas que retiram partes infectadas de outras com precisão e cuidado, uma habilidade que exige não apenas instinto, mas algum grau de reconhecimento social.

Outro exemplo fascinante é a capacidade de navegação. Formigas do deserto, como a Cataglyphis fortis, são capazes de percorrer grandes distâncias e retornar ao ninho usando apenas referências solares, estimativas de distância e memória espacial, mesmo quando se movem de costas ou em trajetos confusos.

A ciência ainda discute se formigas são capazes de sentir emoções como medo, empatia ou alegria, mas estudos já indicam que elas reconhecem suas companheiras, reagem a ameaças com comportamentos de defesa organizados e possuem memória social. Algumas pesquisas comparam sua estrutura de tomada de decisão a redes neurais, sugerindo que colônias inteiras funcionam como cérebros coletivos.

Essas descobertas provocam uma reflexão importante sobre a forma como a sociedade enxerga os insetos e outros animais considerados inferiores ou descartáveis. Para os defensores dos direitos animais, a sofisticação da vida das formigas mostra que mesmo os menores seres do planeta têm valor intrínseco, complexidade e direito à existência. Respeitá-los é também uma forma de reconhecer a beleza e a diversidade da vida em todas as suas formas.

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