Só se pode concluir que, se for verdadeira a alegação de que o incêndio na fábrica da Perdigão foi sabotagem, tal ação foi um total equívoco para o movimento dos direitos animais no Brasil:
• Expôs vidas de animais humanos e não-humanos a riscos desnecessários
• Não produziu nenhum efeito prático no objetivo de salvar vidas ou causar prejuízo econômico
• Desconsiderou o estado do movimento dos direitos animais no Brasil e a história política de perseguição e repressão a movimentos sociais contestatórios nesse país
• Estabeleceu uma estratégia de comunicação desastrosa com o público, optando pela ameaça em vez da denúncia e conscientização, gerando por si mesma um movimento de separação, não de aproximação e empatia. Ação direta, pra ser bem sucedida no campo político, deve trazer empatia do público, não medo.
Temo pelo futuro do movimento pelos direitos animais no Brasil, pois vejo-o marcado por irresponsabilidade, por espontaneísmo, aintiintelectualismo, alienação política, falta de conhecimento e de reflexão tanto sobre a natureza de suas demandas quanto sobre a sua inserção numa realidade histórica e política próprias – a realidade deste país, Brasil, considerando também suas especificidades regionais.
Os ativistas pelos direitos animais precisam urgentemente abandonar essa postura alienada que, como mencionei antes, deriva de uma formação política deficiente e jamais desmerecer o peso do conhecimento filosófico e histórico como “perda de tempo”, quando na verdade é o meio para a construção de um movimento consciente e capaz de interferir na realidade para transformá-la. A principal tarefa para o movimento pelos direitos animais é promover a EDUCAÇÃO: a educação de si mesmos e a educação vegana. Somente assim poderemos construir um movimento consciente de que os fins têm de ser coerentes com os meios e de que, mais que nenhum outro, o movimento pelos direitos animais jamais pode se afastar dos princípios da paz e da não-violência.