Andre Shell
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Um instrutor de elevada categoria espiritual chamou certa vez a nossa atenção para um quadro terráqueo, observado durante o NATAL à meia noite. Estava reunida opulenta família, num lauto e elegante banquete. Sobre a mesa posta, guarnecida de alva toalha de linho belga, entre flores perfumadas e candelabros policromos, enfileiravam-se as mais fortes e exóticas bebidas, de permeio a indigestas comedorias natalinas. Entendia aquele grupo que a celebração do Nascimento do menino JESUS teria de ser à custa de muitas festanças, entre comidas, bebidas e danças.
Dentre o que se enxergava sobre a mesa, sobressaíam nas lousas frias de um necrotério, os cadáveres de leitões recheados, besuntados de banha, trazendo, espetadas, rodelas de limão; cabritos tostados, quais mercadorias salvas de um incêndio, galinhas e perus ao forno, retorcidos, demonstrando os finais estertores de uma degola cruel; churrasco “mignon” ao espetinho trabalhado com esmero e, para completar o trágico banquete carnívoro, não faltavam o “rosbife em fatias”, o inocente coelho assado, nem a rã “à doré”. Era de estarrecer! Quanta carnificina! Quanto sangue derramado, quanta dor e sofrimentos causados aos pobres e inocentes animais.
Vibravam ainda no espaço as angustiosas lamentações que os coitadinhos deviam ter lançado violentamente aos céus, quando tiveram seus corações transpassados pelo punhal assassino do carrasco insensível. Parecia-nos ver, horas antes, lá na campina verdejante do interior, a prestimosa vaca a doar o seu leite para a nossa alimentação e o saltitante cabrito a lamber com ternura as mãos do fazendeiro, naturalmente, em sinal de gratidão pela amizade e proteção que os homens dispensam aos animais.
E agora, ó terrível desengano, lá estavam eles esquartejados e carbonizados!…
O saudável cereal, o apreciado legume, a boa hortaliça e a suculenta fruta, apenas representavam, naquela mesa, o insignificante papel de mero adorno culinário.
Quanta barbaridade! Era de cortar o coração de qualquer criatura mais sensível; contudo o macabro festim dos “CIVILIZADOS” antropófagos dava início.
Os convivas, ao redor da mesa, endereçavam aos petiscos olhares gulosos e de cobiça, enquanto iam engolindo ávidos os inocentes cadáveres, transformando seus estômagos em autênticos cemitérios ambulantes. Tudo se transmudava com rapidez através dos intoxicados sucos gástricos e com auxílio das bebidas alcoólicas. Se esse quadro fosse olhado de súbito por vós, teríeis a representação exata de um repulsivo açougue de inofensivos animais, instalado em palacete de luxo, onde jaziam sacrificados pela sanha do homem, cujo título dizem que é o de “Sapiente Rei da Natureza”!
Quase ao final do banquete, alguém levanta a voz, e, a pretexto de prece de Natal, todos começam, apressadamente, a invocar JESUS, para que Ele, nesse seu glorioso dia, viesse abençoar a ceia posta, aquele matadouro doméstico de IRMÃOS menos evoluídos, aliás nossos irmãos mais chegados.
Sem demora e, como por milagre, a cena mudou inteiramente.
Os espíritos presentes apreciavam a reunião de semblante triste, piedosos; alguns até choravam ante a brutal carnificina.
Após as invocações, Jesus compareceu! Sim; o Nazareno chegou!
No luzidio cortejo do Mestre, vinham também necessitados, esfaimados, doentes e maltrapilhos, tal como no “SERMÃO DA MONTANHA”. Formou-se então, ao redor do repugnante festim, sem que disso os convivas tivessem a menor ideia, um enorme anfiteatro, abrigando milhares e milhares de entidades, permanecendo bem no centro, como num circo romano, o grupo devorador de cadáveres, saudando e homenageando com muito barulho o Menino Jesus que acabara de nascer…
Jesus, o invocado, ofuscando a multidão presente pela luminosidade que d’Ele se desprendia, chegou e colocou-se em pé ante aquela turba. De semblante profundamente amargurado e triste, de coração opresso, entre lágrimas que banhavam a Sua face, abençoou, não aquele infeliz ato que dera margem a tamanha carnificina e dor, mas sim à inditosa família e seus convidados, implorando a DEUS uma razão mais lúcida para as suas mentes.
Em seguida, ergue Jesus seu olhar plácido e indulgente e suplica ajoelhado a Deus:
” PAI, PERDOA-OS MAIS UMA VEZ, POIS AINDA NÃO CHEGARAM A ENTENDER O NÃO MATARÁS… A NINGUÉM.”!
EIS COMO ALGUNS HOMENAGEIAM O MENINO JESUS!!!
Mensagem de Budha:
“O homem implora a misericórdia de Deus e não tem misericórdia pelos animais, para os quais ele é como um Deus. Tudo quanto vive na terra está unido por laços de parentesco, e os animais que matais já vos deram o doce tributo do seu leite, o macio de sua lã, e depositam sua confiança nas mãos que os degolam.
Ninguém pode purificar seu espírito com sangue.
Sobre a inocente cabeça de um animal, não é possível colocar nem o peso de um fio de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um deve responder.
Feliz seria a Terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da benevolência e só se alimentassem de alimentos puros, sem derrame de sangue. Os dourados grãos, os reluzentes frutos e as saborosas ervas que nascem para todos, bastariam para alimentar e dar fartura ao mundo.”