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TRÁFICO DE ANIMAIS

"A corrupção é o ar que os crimes contra a vida selvagem respiram", denuncia relatório

14 de julho de 2023
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Divulgação

A Comissão de Justiça da Vida Selvagem (WJC) alerta que a corrupção é um dos principais fatores que viabilizam e facilitam os crimes contra a vida selvagem, como o tráfico de espécies ameaçadas e partes de animais usadas em práticas medicinais tradicionais e na fabricação de acessórios.

Essa conclusão é apresentada no relatório intitulado “Dinheiro Sujo: O Papel da Corrupção como Facilitador dos Crimes contra a Vida Selvagem”, lançado pela organização internacional nessa quarta-feira. Uma das principais mensagens transmitidas é que “a corrupção é o oxigênio que os crimes contra a vida selvagem respiram”.

Os relatores alertam que “a corrupção facilita a caça, o transporte, o processamento e a venda de produtos ilegais da vida selvagem em todas as etapas da cadeia de suprimentos global, desde o local de origem até o mercado de destino”. Eles destacam os subornos recebidos por autoridades alfandegárias, fronteiriças e emissoras de licenças e outros documentos, que facilitam a circulação de animais e produtos derivados, bem como essas atividades ilegais.

Os autores também ressaltam que a corrupção enfraquece os sistemas de justiça e o trabalho das autoridades judiciais, “permitindo que as redes criminosas atuem impunemente”. Isso resulta na revelação antecipada de operações de combate ao crime, dificultando ou mesmo impedindo a prisão dos criminosos.

Apresentando alguns casos reais de corrupção, incluindo o tráfico de chifres de rinocerontes, o relatório visa fornecer maior clareza sobre esse “tema obscuro” e revelar os impactos que a corrupção tem sobre a biodiversidade. Além disso, ele apresenta ações concretas que podem ser implementadas no terreno para ajudar a combater essas práticas, direcionando-se principalmente aos legisladores.

“Os danos causados pela corrupção podem afetar todos os aspectos da sociedade, mas, especificamente no caso dos crimes contra a vida selvagem, os impactos podem ser vistos na erosão da confiança nas instituições responsáveis pela proteção ambiental, nos danos ambientais resultantes e na violência e ameaças à vida humana”, escrevem os especialistas.

O relatório destaca que, embora as conexões entre corrupção e crimes contra a vida selvagem sejam reconhecidas em uma série de acordos internacionais, a escassez de dados e condenações revela uma implementação inadequada desses compromissos na prática.

Abordagens “inovadoras e coesas” para crimes contra a vida selvagem e corrupção, o reconhecimento de suas interconexões, o desenvolvimento de capacidades de prevenção e investigação, e a criação de estruturas legais que fortaleçam o combate a essas atividades são ações que “devem ter prioridade para erradicar os danos causados pela corrupção e reduzir as oportunidades para que redes criminosas pratiquem crimes contra a vida selvagem”, conforme afirmado no documento.

Olivia Swaak-Goldman, diretora executiva da WJC, afirma que “todos os esforços para combater os crimes contra a vida selvagem serão em vão se a corrupção não for enfrentada em primeiro lugar”.

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