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ESPERANÇA

A camada de ozônio está realmente se recuperando? A história de sucesso que prova que podemos salvar o planeta

24 de novembro de 2025
9 min. de leitura
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Foto: Roberto Machado Noa/Getty Images

Imagine se toda a vida na Terra estivesse exposta à radiação solar de forma perigosa, sem proteção alguma. Esse cenário quase se tornou realidade nas décadas passadas, mas uma mobilização global sem precedentes conseguiu reverter uma das maiores ameaças ambientais da história moderna. Hoje, temos evidências científicas sólidas de que a camada de ozônio está se recuperando – e essa é uma das maiores vitórias da humanidade na proteção ambiental.

O que é a camada de ozônio e por que ela é vital

A camada de ozônio é uma região de alta concentração de ozônio localizada na estratosfera, entre 15 e 35 quilômetros acima da superfície terrestre. Ela funciona como um “escudo invisível” que protege nosso planeta da radiação ultravioleta (UV) prejudicial do Sol. Sem essa proteção natural, a vida como conhecemos simplesmente não seria possível.
Em meados da década de 1970, os cientistas fizeram uma descoberta alarmante: essa camada protetora estava sendo destruída por atividades humanas. Na década de 1980, ficou comprovado que havia um esgotamento severo sobre a Antártida – o que popularmente ficou conhecido como “buraco na camada de ozônio”.

Os vilões por trás da destruição

Os pesquisadores identificaram que o enfraquecimento da camada de ozônio se devia principalmente ao uso de substâncias químicas artificiais com halogênios, conhecidas como substâncias que destroem a camada de ozônio (SDO). Essas substâncias estavam presentes em milhares de produtos do nosso dia a dia.
Os principais culpados eram:
  • Clorofluorcarbonetos (CFCs): amplamente utilizados em aparelhos de ar condicionado, geladeiras, aerossóis e inaladores para asma
  • Hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs): substitutos dos CFCs que também causavam danos
  • Halons: usados em sistemas de combate a incêndios
  • Brometo de metilo: comum na agricultura para controle de pragas

A mobilização que mudou o mundo

Diante da crescente evidência científica sobre os danos causados pelos CFCs e a compreensão das múltiplas consequências de seu uso descontrolado, cientistas e legisladores uniram forças para pressionar as nações a controlar essas substâncias.
A resposta foi rápida e coordenada:

Convenção de Viena (1985)

Em 1985, foi adotada a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, que entrou em vigor em 1988. Por meio dela, os países concordaram em investigar e monitorar os efeitos das atividades humanas sobre a camada de ozônio e adotar medidas concretas de controle.

Protocolo de Montreal (1987)

O marco mais importante foi o Protocolo de Montreal relativo às Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assinado em 16 de setembro de 1987. Este tratado estabeleceu medidas práticas e viáveis para a eliminação gradual das substâncias destrutivas para a camada de ozônio.

Emenda de Kigali (2016)

Mais recentemente, a Emenda de Kigali estabeleceu um calendário para a diminuição gradual do uso dos gases nocivos à camada de ozônio e incluiu medidas de controle para reduzir os hidrofluorcarbonetos (HFC), que se mostraram potentes gases de efeito estufa.

As ações concretas que fizeram a diferença

Graças ao Protocolo de Montreal, transformações significativas aconteceram:
  • CFCs foram completamente eliminados dos produtos comerciais
  • Halons tiveram sua produção gradualmente eliminada desde 2010
  • Brometo de metilo foi substituído por novos métodos de controle de pragas na agricultura
  • 99% das SDOs controladas pelo Protocolo foram eliminadas
Inicialmente, os CFCs foram substituídos por HCFCs e, posteriormente, por HFCs. Após a emenda de Kigali, está sendo promovida uma transição para HFCs de baixo impacto ambiental.

Os resultados que podemos comemorar

As evidências científicas são claras: a camada de ozônio está se recuperando. Embora os danos causados ainda não tenham sido completamente reparados, pesquisadores monitoram periodicamente o progresso e estimam que a recuperação completa possa ocorrer em meados deste século.
Como destacou António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas: “Esta conquista nos lembra que, quando as nações dão ouvidos aos alertas da ciência, o progresso é possível”.

O que teria acontecido sem essas medidas

Se não fossem tomadas as medidas de proteção, as consequências seriam devastadoras:
  • Aumento substancial do câncer de pele em todo o mundo devido à superexposição à radiação UV-B
  • Maior ocorrência de doenças oculares como catarata
  • Prejuízo ao equilíbrio dos ecossistemas, danificando plantas, animais e micróbios
  • Impacto negativo na produção de alimentos
  • Alteração na troca de dióxido de carbono entre a atmosfera e a biosfera
  • Maior dano a materiais naturais e sintéticos presentes no planeta

Uma lição de esperança para o futuro

A recuperação da camada de ozônio representa uma das maiores vitórias da cooperação internacional em questões ambientais. Ela prova que é possível passar “da ciência à ação global” quando há vontade política e comprometimento coletivo.
Esta história de sucesso nos ensina que:
  • A ciência pode orientar políticas eficazes quando é levada a sério
  • A cooperação internacional funciona quando há um objetivo comum claro
  • As empresas podem se adaptar a regulamentações ambientais sem comprometer a inovação
  • É possível reverter danos ambientais quando agimos a tempo

O legado do Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio

Celebrado anualmente em 16 de setembro, o Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio nos lembra que a proteção ambiental é possível quando unimos forças. As celebrações de 2025 reconhecem especialmente como a adoção dos tratados demonstrou ser possível transformar alertas científicos em ação global efetiva.
A recuperação da camada de ozônio não é apenas uma vitória ambiental – é uma prova de que a humanidade pode enfrentar desafios globais quando há determinação, cooperação e compromisso com as futuras gerações. Essa experiência nos dá esperança e um modelo a seguir para enfrentar outros desafios ambientais, como as mudanças climáticas.
Hoje, quando olhamos para o céu, podemos ter a certeza de que nosso “escudo invisível” está se fortalecendo novamente, protegendo toda a vida na Terra. É uma lembrança poderosa de que, juntos, podemos construir um futuro mais sustentável para todos.

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