Tradução: Gastão Dias Mota (da Redação)
Quase um terço das baleias que o Japão arpoou na Antártida durante o último verão eram baleias grávidas, conforme reportagem do jornal australiano The Daily Telegraph.
O grupo conservacionista Sociedade Humanitária Internacional (HSI – na sigla em inglês) disse que os números do próprio Japão, revelados em documentos secretos descobertos durante o encontro de 2009 da Comissão Internacional Baleeira (IWC), ocorrido em Portugal, mostram a verdadeira face repugnante da caça à baleia realizada por aquele país.
A caça anual japonesa, declarada como sendo de estudo científico, resulta em enorme número de baixas entre as baleias fêmeas, afirma a HSI.
A HSI aponta que, pelas informações sobre a caça do Japão em 2008-2009, 679 baleias foram mortas, sendo 304 fêmeas. Os dados indicam ainda que 192 baleias estavam grávidas. Quatro eram lactantes.
“Cada uma das quatro fêmeas lactantes contaria com um filhote que teria morrido de fome”, de acordo com o diretor da HSI Michael Kennedy.
Michael Kennedy disse que os relatórios dos japoneses incluem detalhes horríveis sobre como fetos foram tratados após serem retirados de suas mães a bordo dos navios baleeiros.
“Eles relatam que fazem a medição do comprimento e do peso do feto, medem seus olhos e retiram amostras de pele para o que eles chamam de estudos genéticos”, disse Michael Kennedy. “Trata-se de informação horrível e inútil que, mesmo se fosse necessária, poderia ser obtida sem o desmembramento de um feto.”
Os detalhes do impacto do Japão sobre as baleias fêmeas estão contidos no documento “Cruise Report”, enviado secretamente ao comitê científico da IWC antes do encontro em Portugal.
Durante a caça de 2007-2008, a Austrália ficou chocada quando o jornal The Daily Telegraph publicou fotografias de uma baleia minke e seu filhote sendo embarcados num navio baleeiro japonês, para serem desmembrados.
A vice presidente da HSI, Kitty Block, disse que a caça à baleia pelo Japão deveria ser condenada, mas é empreendida em um santuário de baleias sob o pretexto da ciência.
“O fato é que a caça é comercial, e a matança de baleias grávidas a torna ainda mais covarde”, disse Kitty Block.
O ministro australiano do meio ambiente Peter Garrett, presente ao encontro do IWC, falou que o Japão matou mais de 13.000 baleias em nome da pesquisa, desde que foi imposta uma moratória à caça comercial das baleias em 1986.
Uma das táticas de Peter Garrett para tentar interromper a caça japonesa é mantê-la sob o controle direto do IWC, mas o Japão tem se colocado vigorosamente contra isto.
O Japão também tem feito muita pressão por uma “cota de caça à baleia costeira” – que lhe permitiria matar baleias em suas próprias águas, sem a pretensão de estudos científicos. Os grupos conservacionistas afirmam que seria o retorno da caça comercial às baleias.
Recentemente o governo australiano anunciou o que ele considera ser o maior estudo de baleias da Antártida. A expedição científica conjunta Austrália-Nova Zelândia partirá para a Antártida neste verão. Nenhuma baleia será morta durante as pesquisas.
Fonte: News.com