Não se sabe ao certo quando eles chegaram por ali, provavelmente seguindo o curso d’água, mas o fato é que várias famílias de capivaras escolheram viver às margens da Lagoa da Pampulha, onde passeiam sossegadas e livremente pelos jardins criados pelo paisagista Burle Marx (1909-1994). Ao longo dos anos, as capivaras transformaram-se em mais uma atração para crianças e adultos que visitam a região. Agora, porém, as capivaras – que se alimentam das plantas dos jardins – estão sendo vistas como ameaça ao reconhecimento do Conjunto Arquitetônico da Pampulha como patrimônio cultural da humanidade.
“A população de capivaras da Pampulha cresce de maneira vertiginosa”, afirma o vice-prefeito, Délio Malheiros (PV), que acumula o cargo de secretário do Meio Ambiente. “Temos de trabalhar preventivamente.” A prefeitura conseguiu contar 170 exemplares, mas diz que o número pode ser até maior. Na última terça (9), Malheiros se reuniu com especialistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para discutir um plano de captura dos animais. A prefeitura pretende lançar, em agosto, um edital para contratar o serviço de manejo. Serão destinados cerca de R$ 350.000 à empresa vencedora para trabalhar por um ano, a partir de setembro. A administração municipal já recorreu ao expediente antes, mas nunca em uma escala tão grande. Desta vez, a ideia é retirar 90% dos animais de lá. “Vamos deixar um número reduzido, porque a capivara já faz parte da lagoa”, adianta Malheiros. Mais de 95% das pessoas que frequenta a lagoa dizem apoiar a ideia.
Entenda
A Prefeitura de Belo Horizonte (MG), por meio do vice-prefeito e secretário municipal de meio ambiente, Délio Malheiros, apresentou na manhã desta terça-feira (9) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) um termo de referência para embasar o edital que pretende contratar empresa especializada para criar plano de manejo para as capivaras da lagoa da Pampulha, na região de mesmo nome, na capital. A expectativa é que a empresa comece a atuar em setembro.
A abertura da concorrência está prevista para ser publicada em um mês e pretende contratar empresa para retirar 153 capivaras da orla da Lagoa (90% delas), realocando-as em ambiente adequado para a sobrevivência, que, segundo o Ibama, deve ser um lugar grande e preservado. Os 10% restantes (17 capivaras) ficarão na Pampulha e serão monitoradas pela empresa vencedora do edital. A reprodução delas deve ser acompanhada para que o número de animais não cresça muito.
Na visão da prefeitura, essa é uma medida preventiva. Além disso, a retirada dos animais da lagoa pretende evitar que eles destruam os jardins da região e circulem em vias públicas e estejam seguros.
“Esses 10% que continuarão na lagoa são importantes para manter a biodiversidade no local, e, como serão monitorados, não trazem risco”, justificou Malheiros.
O Ibama irá avaliar tecnicamente o termo para verificar se será necessário alguma alteração no texto do edital.
De acordo com cálculo apresentado pelo vice-prefeito, a empresa contratada gastará cerca de R$ 350 mil em um ano de monitoramento dos animais.
Com informações de Veja BH