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DESMATAMENTO

82% das espécies exclusivas da Mata Atlântica estão em risco de extinção

Estudo com participação de brasileiros e publicado na Science aponta que 13 espécies endêmicas do bioma estão provavelmente extintas; projeções apontam que entre 35% e 50% da diversidade de árvores do planeta pode estar ameaçada devido ao desmatamento

12 de janeiro de 2024
Redação Galileu
6 min. de leitura
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Foto: Yuri Nikolai | Wikimedia Commons

Uma Lista Vermelha das quase 5 mil espécies de árvores que ocorrem na Mata Atlântica foi apresentada em um estudo publicado na revista Science e divulgado nesta quinta-feira (11). Ao todo, 13 espécies endêmicas (aquelas que ocorrem apenas nesse bioma e em nenhum outro lugar do mundo) foram classificadas como possivelmente extintas, e projeções da pesquisa sugerem que até metade da diversidade de árvores do planeta pode estar sob ameaça devido ao desmatamento.

“A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da União Internacional de Proteção da Natureza (IUCN). Isso era esperado, pois a Mata Atlântica perdeu a maior parte de suas florestas e, com elas, as suas árvores”, afirma Renato Lima, professor do Departamento de Ciências Biológicas do campus Piracicaba (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), em comunicado à imprensa.

O especialista liderou o estudo, que foi financiado pela União Europeia e é resultado de uma parceria de pesquisadores do Brasil, França e Países Baixos. Apesar de apontar que as descobertas eram esperadas, Lima admitiu que sua equipe ficou assustada ao notar que 82% das mais de 2 mil espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas. “O quadro geral é muito preocupante”, ele diz.

Espécies como o pau-brasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba estão entre as árvores ameaçadas de extinção. A pesquisa utilizou mais de 3 milhões de registros de herbários e de inventários florestais, bem como informações sobre a biologia, ecologia e usos das espécies de árvores, palmeiras e samambaiaçus.

As espécies endêmicas foram classificadas de acordo com categorias de ameaça da IUCN: 52% estão em perigo; 11% estão criticamente em perigo; 19% estão na categoria “vulnerável”; 17% em “menos preocupante” e 1% aparecem como quase ameaçadas.

A pesquisa não se limitou à Mata Atlântica: os autores também fizeram projeções sobre o tamanho do impacto da perda de florestas sobre as espécies de árvores em escala global. Eles indicam que entre 35% e 50% das espécies podem estar ameaçadas apenas devido ao desmatamento.

Também foram propostos um fluxo metodológico e ferramentas para implementar a avaliação do grau de ameaça de espécies em larga escala. Com isso, é possível avaliar o risco para milhares de tipos de plantas simultaneamente. “Isso também permite aplicar a mesma abordagem para outras regiões do mundo ou até outras formas de vida, como orquídeas ou bromélias, por exemplo”, apontou Gilles Dauby, coautor do estudo e especialista do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, na França.

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