A produção de plástico está aumentando de forma exponencial, aponta Ricard Sole, que estuda sistemas complexos na Universitat Pompeu Fabra em Barcelona, na Espanha.
Porém, os levantamentos de áreas onde o plástico flutuante se acumulam, como o Atlântico Norte, não têm localizado a quantidade esperada dos resíduos.
Sole e sua equipe propõem que houve um boom da população de micróbios cuja capacidade de biodegradar o plástico evoluiu.
Outros estudiosos concordam que muito menos plástico têm sido encontrado nos oceanos do que o esperado. No entanto, eles afirmam que existem várias outras explicações possíveis para esta ausência, segundo informado pelo New Scientist.
Surpreendentemente, mesmo que o plástico oceânico esteja sendo degradado muito mais rápido do que antes, não está claro se isso é algo positivo.
Por exemplo, a biodegradação pode acelerar a quebra de grandes partes de plástico em muitas peças muito pequenas, o que poderia ter um impacto geral maior.
O plástico também contém diversos aditivos que poderiam ser liberados e entrar na cadeia alimentar, explica a química ambiental Alexandra ter Halle do Laboratoire des IMRCP na França.
Em teoria, é possível que alguns micróbios tenham melhorado sua capacidade de quebrar plásticos. Estudos de Linda Amaral-Zettler, do Instituto Holandês para Pesquisa Marítima, revelam que os micróbios que colonizam o plástico flutuante são muito diferentes dos micróbios da água no entorno e sugerem que alguns se alimentam de poluentes.
O plástico está criando um novo ecossistema que Amaral-Zettler e colegas chamam de “plastisfera”.
Porém, quando Halle examinou o DNA dos organismos em plástico flutuante no Atlântico Norte, ela não encontrou nenhum micróbio conhecido em quebrar o plástico. Isso pode ter ocorrido porque eles ainda não foram descobertos e ainda podem existir milhões de micróbios desconhecidos.
Amaral-Zettler e ter Halle acreditam que é mais provável que o plástico flutuante esteja afundando no fundo do mar e não tem sido capturado pelas redes das embarcações de pesquisa. Ele também poderia ser engolido por organismos vivos ou transportados por correntes para partes inesperadas do oceano.
O estudo de Sole não prova que os micróbios estão metabolizando o plástico, mas essa ausência só pode ser explicada por uma resposta biológica que pode aumentar em proporção à quantidade de plástico. Se um processo físico fosse responsável por isso, ainda haveria uma tendência ascendente, aponta ele.
É possível que algum plástico esteja sendo biodegradado, diz Amaral-Zettler, mas deve ocorrer em uma escala de tempo muito longa – como 100 anos – para explicar o plástico que falta. Mesmo que isso ocorra muito mais rápido, ainda haveria um problema.
Os plásticos poluem cada parte do oceano, desde as praias das ilhas remotas até as partes mais profundas do mar. Grandes pedaços de plástico podem se acumular no estômago de animais, como as tartarugas, que morrem de inanição.
Embora possa haver menos do que o esperado, grandes quantidades de plástico flutuante são localizados nos giros subtropicais. Seu impacto na vida marinha também não está claro.
“Vários esquemas foram propostos para remover este plástico dos oceanos, mas tentar limpar os oceanos é impraticável. Precisamos procurar a prevenção e a redução”, diz Amaral-Zettler.