A bióloga Karen Lips, da Universidade de Maryland, identificou 63 novas espécies de rãs no Parque Nacional de Omar Torrijos, uma zona de floresta tropical intocada no Panamá de 1998 a 2004. Mas a par dessa descoberta, a bióloga e a sua equipe, do Smithonian Tropical Research Institute, no Panamá, começaram a perceber um outro fenômeno de sinal contrário: uma parte dessas espécies estava desaparecendo em um ritmo alarmante. Usando técnicas da genética, os investigadores descobriram agora que entre as rãs já desaparecidas estavam cinco espécies novas, que ainda não tinham sequer sido descritas. E que agora também já não serão. O estudo será publicado dia 20 de junho na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A bióloga da universidade de Maryland decidiu lançar um programa de monitoração no Panamá depois de uma espécie emblemática da Costa Rica, o sapo-dourado (Bufo periglenes), ter desaparecido sem deixar rastro. Aparentemente, foi por causa de um fungo chamado chytridiomycosis, ou fungo cítrico, que é devastador para os anfíbios, que o sapo dourado se extinguiu. E observações feitas pelos cientistas no terreno confirmaram os piores receios: o fungo está na América Central e avança à velocidade de 30 quilômetros ao ano.
Das 63 espécies de rãs identificadas pelos biólogos no Panamá, 25 já desapareceram devido ao fungo cítrico. Apesar dos esforços feitos nesse sentido, nenhuma dessas 25 espécies é avistada desde 2008. Mas a essas 25 é preciso acrescentar, afinal, outras cinco, que só por técnicas genéticas a equipe conseguiu identificar.
“É tristemente irônico que estejamos descobrindo novas espécies a uma velocidade quase idêntica àquele a que elas estão desaparecendo”, afirmou Andrew Crawford, coautor do estudo, sublinhando que “os nossos dados revelam novas espécies neste local, apesar de ele estar bem estudado, mas as observações também mostram que muitas das novas espécies para ciência já desapareceram”.
Fonte: DN Ciência