EnglishEspañolPortuguês

Mais de 600 cães foram assassinados em Aracaju (SE) nos últimos três anos

14 de novembro de 2013
3 min. de leitura
A-
A+
(Foto: Marina Fontenele/Divulgação)
(Foto: Marina Fontenele/Divulgação)

Nos últimos três anos mais de 600 cachorros foram assassinados em Aracaju por suspeita de leishmaniose, de acordo com os dados do Centro de Controle de Zoonoses da capital (CCZ), que identificou um total de 1217 casos em cães neste período.

A Leishmaniose é uma doença infectocontagiosa causada por um protozoário conhecido como Leishmania, que é transmitido pela picada do mosquito chamado flebótomo, conhecido como “mosquito palha” ou “birigui” e pode acometer homens e cães.

Segundo a coordenadora do CCZ, Roseane Nunes, os números são alarmantes. “O centro virou um local para assassinar cães sem um diagnóstico responsável”, alerta. Ela se refere à garantia dos resultados. “Alguns desses animais estavam com câncer, mas mesmo assim foram mortos”, revela.

O médico veterinário e professor Fernando Morschel reforça o discurso de Roseane e afirma que alguns profissionais de veterinária do estado não estão preparados para fazer o diagnóstico da doença.

De acordo com dados da Secretaria Municpal da Saúde, entre 2011 e 2013 foram registrados 72 casos de leishmaniose em pessoas na capital, sendo 13 somente este ano. O bairro do Mosqueiro, na Zona Sul da capital, lidera o número de ocorrências em humanos durante este tempo com nove. Em seguida, está o Santa Maria com sete, e Santos Dumont, com cinco.

Os principais sintomas da leishmaniose visceral são febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos. Ainda não foi desenvolvida uma vacina contra a leishmaniose visceral, que pode ser curada nos homens através de alguns medicamentos, mas não nos animais.

Ações

A assessoria de imprensa afirma que desde março deste ano estão sendo realizados treinamentos mensais com os agentes de endemias na tentativa de educar a população. Além disso, estão sendo colocadas armadilhas para capturar o mosquito palha, responsável pela transmissão da doença, em locais de risco.

O veterinário Fernando Morschel diz que medidas a longo prazo como a dedetização, campanhas para o uso de repelentes, vacinação dos animais, pulverização e a castração dos animais farão a diferença. “Tivemos uma reunião em janeiro, mas até agora nenhuma dessas ações foram iniciadas”, lamenta o professor.

Para completar as ações, a presidente da Organização Não-Governamental Educação e Legislação Animal (Elan ) Nazaré Moraes verifica a necessidade da construção de um hospital veterinário público. “A saúde pública de Aracaju ignora as pesquisas científicas para procurar soluções. Aqui o controle da doença é matando cachorros”, analisa.

Pesquisa

A cada ano, quase dois milhões de novos casos de leishmaniose são notificados no mundo, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Ministério da Saúde estima que quase três mil pessoas são contaminadas pela doença, anualmente.

A doença, que era restrita às áreas de floresta e zonas rurais, tem avançado nas cidades, em função dos desmatamentos e do avanço imobiliário.

Fonte: G1

Você viu?

Ir para o topo