“Se não fizerem alguma coisa depressa, durante este fim de semana prolongado vai tudo embora”, diz, com amargura, Gilberto Silva, da associação Duna Mar Nascente, uma associação de moradores da Praia de Faro, em Portugal.
Habitante desta ilha-barreira da Ria Formosa desde que nasceu, é um conhecedor profundo dos hábitos de nidificação de muitas espécies de aves e teme que uma colônia com cerca de seis dezenas de ninhos de andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons) e de borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) seja destruída na zona da Barrinha, devido ao pisoteio e à prática de desportos nas dunas e beira-mar.
O alerta público para esta situação foi dado na semana passada pela associação Almargem. Num comunicado, a Almargem revelou que, “em plena época de nidificação e eclosão dos ovos, sucedem-se os passeios incontrolados pelas dunas, nomeadamente com quads”.
“A própria Capitania do Porto de Faro, certamente por desconhecimento, costuma frequentar o local nas suas ações de vigilância, invadindo de motocicleta as zonas de cria”, acrescenta a mais importante associação ambientalista algarvia.
Gilberto Silva, que mora bem na zona nascente da Praia, disse que, nas últimas semanas, nem têm sido os quads o maior problema.
“Há pessoas que vêm para aqui fazer kite-surf. Alguns são aprendizes e correm pela praia com o kite na mão, pois não têm ainda experiência para andar no mar”, contou. “O problema é que as pessoas não se dão conta”, desabafou.
Muitas vezes, encontra crias mortas, pisadas por transeuntes, revelou. “Também há pessoas que trazem para aqui os cães que correm atrás das andorinhas e destroem os ninhos”, acrescentou.
Gilberto Silva marcou todos os ninhos que existiam na colônia em questão e, dos 70 que identificou no início da época de nidificação, “já desapareceram 40 ou 50”.
Uma vez que a associação que dirige “não tem força”, o presidente da Duna Mar Nascente alertou a Almargem, que rapidamente veio a público denunciar a situação.
No seu comunicado, a associação ambientalista algarvia denunciou ainda que “o Parque Natural da Ria Formosa, infelizmente, nada tem feito para isolar e condicionar o acesso aos locais de nidificação, nomeadamente da andorinha-do-mar-anã, uma espécie protegida pela Diretiva das Aves”.
Por esse motivo, a Almargem exige da parte do Parque Natural uma intervenção imediata no sentido de preservar este precioso valor natural, uma das razões de ser da sua existência. Uma ação que Gilberto Silva considera urgente, “nem que seja pondo fitas à volta do local e uns sinais a dizer o que ali há”.
(Com informações do Barlavento)