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Meu pintinho amarelinho

30 de agosto de 2013
14 min. de leitura
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Foto: Divulgação / Wikipedia
Foto: Divulgação / Wikipedia

“Gallus gallus domesticus” é o nome científico da espécie de ave que possui asas curtas e largas e bicos pequenos. Apesar de possuir penas, não voa. A fêmea é a galinha e é o animal mais abundante no mundo e segundo a Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas, em 2011 existiam cerca de 20 bilhões de exemplares espalhados pelo planeta (*).

O macho é o galo. Os galos jovens são chamados de frangos ou galetos (a passagem para a idade adulta se dá na 26ª semana de vida) e os filhotes, machos ou fêmeas, são os pintos (são filhotes até 21 dias). O macho é o líder, acordando os outros membros do galinheiro com seu canto ruidoso na madrugada e decidindo o horário de recolhimento à noite para todos, para o sono. Quando ele se recolhe todos vão atrás. Além disso, ele avisa sobre a aproximação de tempestades e não é monogâmico, podendo copular com diversas fêmeas. No galinheiro deve haver somente um galo, pois se houver mais de um irão brigar por causa das fêmeas. Só há briga pelo território na falta de galinhas. Os galos cantam ao nascer do sol e batem as asas para demarcar o território, mas também podem cantar em outros horários, com a mesma finalidade. Pelo fato de não voarem, tornaram-se bastante territorialistas.

Os galos apresentam dimorfismos sexuais (características físicas diferentes) em relação às galinhas: são um pouco maiores; cantam mais e o canto atrai as fêmeas; são dotados de uma crista grande e mais comprida que é um apêndice carnoso avermelhado no alto da cabeça – a crista ajuda a dissipar calor do corpo desses animais; só eles apresentam esporões acima dos pés, que são espécies de unhas pontiagudas viradas para trás que usam como instrumentos para se defenderem e atacarem nas brigas com outros machos; as penas no pescoço, asas e costas são mais brilhantes; as penas do rabo são mais compridas; os pés dos galos são mais possantes e eles os exibem batendo-os no chão; possuem plumagem bem mais colorida; apresentam “barbela” que é uma espécie de prolongamento de pele vermelha, pendente nos dois lados da mandíbula, abaixo do bico.

Mas foram as galinhas que, primeiramente, apareceram representadas em cerâmicas coríntias do século VII a.C. (coríntio é um estilo de arte grega). Porém, sua introdução como aves domésticas, teria acontecido na Ásia. Acredita-se que os galináceos domésticos sejam uma variação híbrida gerada com o cruzamento entre os cinzentos da selva e vermelhos da selva, que são ainda encontrados vivendo em matas, bosques e cerrados da Índia.

Essa espécie selvagem da qual descendem, é o galo banquiva asiático, que vive no sul da Ásia, nas florestas da Índia e na Indochina. Na Índia, há lendas tradicionais nas quais a galinha simboliza o amor.

Registros antigos apontam a presença de aves selvagens na China desde 1400 a.C.. Os primeiros galos foram domesticados na Índia, cerca de 3200 a.C.. Na América, possivelmente tenham chegado a partir da Ásia, pelas costas do Equador e do Peru. Curiosamente, o início da domesticação de galináceos indianos, na Ásia, África e Europa não foi motivado pelo consumo de sua carne nem dos ovos e sim para produzir espécimes para sacrifícios religiosos e obtenção de galos para as abomináveis brigas. Posteriormente foram apreciados como aves ornamentais graças ao rico colorido de sua plumagem e no século XX, desafortunadamente, as galinhas tornaram-se fonte de alimento.

No Egito foram domesticadas por volta de 1500 a.C. (18ª Dinastia) e eram conhecidas como os “pássaros que dão à luz todos os dias”.

Na Grécia essas aves foram introduzidas no século V a.C. (nesse período destaca-se o governo de Péricles), mas foram os romanos que desenvolveram a primeira raça de galinhas – atualmente há mais de 100 raças. A espécie chegou à Europa e daí espalhou-se para o restante do mundo – os europeus levaram os galos banquivas para a Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Em estado selvagem vivem em florestas densas e em plantações de bambu.

Galináceos são onívoros e comem grãos, frutos, folhas, pétalas, brotos de plantas cultivadas como o arroz, o milho e o feijão, sementes, animais invertebrados, etc.. Podem viver até 15 anos. Os galos cantam, as galinhas cacarejam, só cantando quando põem ovos e os pintos piam. Pintos bicam tudo por instinto, por não saberem bem o que é e o que não é comida. O processo de postura dos ovos acontece durante todo o ano, mas nem todos serão chocados. Cabe exclusivamente às fêmeas a tarefa de chocar. Nessa fase a galinha está choca, ou no choco. Durante a incubação ela cobre os ovos com o corpo para aquecê-los a fim de que os embriões se desenvolvam e nasçam os pintos. Uma galinha pode percorrer uma longa distância para, cuidadosamente, escolher um local adequado e seguro para fazer o ninho. O tempo médio para a eclosão dos ovos e nascimento dos pintos é de 21 dias. Galinhas quando chocam podem até incluir ovos de outras espécies sob seu regaço. E também aceitam filhotes de outros animais para cuidar.

Foto: ninha.bio
Foto: ninha.bio

As galinhas são animais sociáveis e gostam de ficar umas com as outras buscando comida, limpando-se com banhos de terra para livrarem-se de parasitas, tomando sol e explorando o solo, o que é muito importante para elas, podendo até passar 90% de seu tempo nessa atividade. Quando estão em ambiente natural, galináceos exibem também atividade noturna.

Na criação doméstica as galinhas são de diversas cores e raças e são aves decorativas e de estimação. São muito afetuosas, atendem pelo nome e reconhecem o tutor. Para a criação de galinhas é preciso: um terreiro, onde elas vão ciscar ou debicar, uma área coberta onde ficarão os comedouros, bebedouros, poleiros e um espaço separado para a postura de ovos.

Os maiores predadores de aves domésticas são lobos guarás, jaguatiricas, aves de rapina, quatis, mãos peladas, furões, cobras, gambás, cachorros do mato, raposas, gatos do mato, etc., mas os mais cruéis são os seres humanos.

Até há algum tempo atrás, galinhas eram consideradas parvas e estúpidas, sendo porisso somente vistas como fonte de alimento. Mas essa concepção vem mudando com as pesquisas científicas que estão acontecendo pelo mundo. Christine Nicol, pesquisadora há 20 anos da Universidade de Bristol, Reino Unido, professora de bem estar e proteção animal, autora do artigo científico “The Intelligent Hen” de 2013, afirma que galinhas ganham de bebês humanos de até 4 anos em raciocínio lógico em situações específicas, noções de matemática e autocontrole.

Segundo a cientista, galinhas são animais inteligentes, capazes de decifrar labirintos e de fazer planos para o futuro utilizando suas habilidades sensoriais. Entendem conceitos intelectuais sofisticados, aprendem através da observação, e os seus conhecimentos evoluem de geração para geração. Galinhas exibem flexibilidade comportamental. Por exemplo, às galinhas foram dados alimentos saborosos e outros ruins em tigelas de cores diferentes. Em seguida, os pesquisadores ofereceram comida para os pintos, mas as cores para os bons e maus alimentos foram trocadas. As galinhas advertiram seus filhotes a não comerem o que elas pensavam ser a comida ruim. O estudo relata ainda experiências sugerindo que as galinhas podem ter uma forma de autoconsciência (uma compreensão de que é um indivíduo separado de outros indivíduos), têm percepção de tempo e são capazes de executar tarefas em troca de gratificações.

Galinhas se preocupam com o futuro. Esses mesmos cientistas ensinaram galinhas a bicar 2 botões para obter 2 recompensas distintas. Com o botão 1 elas esperavam pouco (2 segundos) para obter pouca recompensa (3 segundos de acesso à comida). Com o 2, elas esperavam muito (6 segundos) para obter muito (22 segundos). A pesquisadora Christine Nicol resume a conclusão: “93% das galinhas foram capazes de exercer autocontrole pensando no futuro, aguardando a recompensa maior”.

Segundo a entidade de defesa de animais “Animal”, Lisboa, Portugal, no “Projeto Animais Excepcionais”, galinhas compreendem relações de causa/efeito e têm a noção de que os objetos continuam a existir, mesmo que estejam longe da sua vista. Galinhas são capazes de distinguir indivíduos humanos e são capazes de aprender com os membros da sua espécie. Cada galinha tem um temperamento diferente da outra – tal como cães, gatos ou humanos, cada galinha é um indivíduo diferente. Como todos os animais, galinhas amam suas famílias e dão valor às suas próprias vidas. As galinhas vivem em pequenos grupos hierárquicos onde a comunicação é essencial. Formam complexas hierarquias sociais, onde cada uma sabe o seu lugar, lembrando-se dos rostos e posições sociais de mais de 100 outras aves. Possuem mais de 30 vocalizações que usam para criar e transmitir mensagens, mas também se comunicam visualmente através da linguagem corporal.

Um novo estudo, liderado pelo Dr. Joseph C. Corbo, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, Estados Unidos, publicado na edição de fevereiro de 2013 da revista científica “Plos One”, afirma que galinhas são superiores aos seres humanos em termos de visão de variações de cores. A visão superior de cores das galinhas, se deve à organização de receptores de cor na retina, que ultrapassa largamente o observado na maioria das retinas de outros animais e, certamente, na maioria das retinas dos mamíferos. De acordo com o cientista, as galinhas provavelmente devem esta visão de cores excepcionais a não ter passado um período da sua história evolutiva no escuro.

Muitos estudos estão revendo a literatura científica produzida até aqui a respeito da inteligência dos animais explorados para consumo. Lori Marino, professora de Psicologia na Universidade de Emory, Georgia, Estados Unidos, cientista líder do projeto “The Someone Project” do “Farm Sanctuary”, organização de proteção animal vegana, diz que seres humanos preferem não reconhecer a inteligência de galinhas, assim como de outros animais como vacas e porcos, para poder comê-los sem remorsos. Segundo Bruce Friedrich do “Farm Sanctuary”, “quando você pergunta às pessoas por que elas comem galinhas mas não gatos, a única coisa que elas expressam é que sentem cães e gatos mais sofisticados cognitivamente que as espécies que elas comem – e nós sabemos que isso não é verdade”. “O que isso resume é que as pessoas não conhecem os animais que consomem da maneira que conhecem os cães ou gatos”, disse Friedrich.

Foto: Divulgação
Jo-Anne e Friedrich – Foto: Daily Mail

Esse projeto pretende destacar pesquisas retratando galinhas, porcos e outros animais criados para o consumo como mais inteligentes e emocionalmente complexos do que geralmente se acredita. “Este projeto não é uma forma bruta de transformar pessoas em veganas do dia para a noite, mas sim de dar a elas uma nova perspectiva, e talvez fazê-las se sentirem um pouco desconfortáveis em comer carne”, diz Lori Marino.

Outro estudo recente realizado por pesquisadores de Universidades da Austrália e Grã Bretanha concluiu que muitas pessoas que comem carne experimentam um conflito moral ao se lembrarem da inteligência dos animais que estão consumindo. “Embora a maioria das pessoas não se importe em comer carne, elas não gostam de pensar que os animais que estão comendo têm mentes inteligentes”, escreveram os pesquisadores no “Personality and Social Psychology Bulletin”, revista científica internacional.

Mais um estudo recente sugere que a inteligência percebida em um animal é o principal fator para desestimular o consumo de sua carne. Esse estudo publicado na “Science Direct”, revista científica, chama-se “Too Close to Home. Factors Predicting Meat Avoidance”, foi escrito por psicólogos da Universidade de Columbia Britânica, Canadá, e trata sobre os fatores que levam as pessoas a evitar o consumo de carne. Segundo o estudo, as pessoas tendem a atribuir níveis mais baixos de funcionamento mental aos animais que estão prestes a comer.
Os variados estudos levam à mesma conclusão: quanto mais inteligente é um animal, mais eticamente desagradável é comer sua carne.

E como a vil indústria alimentícia trata as galinhas? Pior impossível – a vida das galinhas é miserável e violentamente interrompida depois de uma curta existência de exploração e os pintos machos são cruelmente mortos após o nascimento. Segundo o “Centro Vegetariano”, Portugal: “Nunca sequer conhecerão seus pais, muito menos terão a sorte de serem criadas por eles. Nunca poderão tomar banhos de terra, sentir o sol no seu corpo, respirar ar fresco, empoleirar-se em árvores, ou construir os seus ninhos.

As galinhas criadas para consumo, chamadas “churrasco” pela indústria aviária, passam toda a sua vida em granjas com centenas de milhares de outras aves, onde o pouco espaço disponível e o confinamento levam a surtos de doença. São criadas e drogadas para crescerem tão rápido, que suas pernas e os seus orgãos não são capazes de acompanhar esse crescimento, o que muitas vezes lhes provoca ataques cardíacos, insuficiência de orgãos e deformidades em suas pernas. Devido ao seu excesso de peso, muitas ficam tão aleijadas que morrem por nem sequer conseguir chegar à água para beber. Quando chegam às 6 ou 7 semanas de idade, são enjauladas e metidas em caminhões para abate.

As aves exploradas pelos seus ovos, chamadas poedeiras, vivem juntas em jaulas de arame, onde nem sequer têm espaço para mexer as asas. As jaulas são colocadas umas sobre as outras, e os excrementos das galinhas que estão em cima caem constantemente sobre as que estão em baixo. A estas galinhas cortam parte dos seus bicos extremamente sensíveis, para que não se debiquem umas às outras, o que acontece devido à frustração de viverem aprisionadas. Quando os seus corpos estão exaustos e a sua produção de ovos diminui, são enviadas para abate, geralmente para se tornarem caldo de galinha, ou comida para cão e gato, porque a sua carne está demasiado maltratada para se poder usar para outros fins.

Os pintos machos, das galinhas que são usadas para procriação, por não poderem dar ovos e por não terem carne tenra como a das fêmeas, são mortos. Todos os anos, mais de 100 milhões de pintos são moídos vivos ou atirados em sacos para morrerem sufocados.

As galinhas são enfiadas em pequenas gaiolas e metidas em caminhões para abate. Centenas de milhões destas sofrem por asas e pernas partidas devido à brutalidade com que são manuseadas, e milhões delas morrem de estresse na viagem.
No matadouro, as suas pernas são metidas numa espécie de algemas (as aves ficam presas de pernas para o ar), as suas gargantas são cortadas, e são depois colocadas em água fervente para que larguem as penas. A maior parte das galinhas ainda está consciente quando lhes cortam a garganta e o corpo, e muitas são escaldadas ainda vivas depois de terem passado pelo corte de garganta”.

Sem contar que as luzes ficam acesas até 18 horas por dia – assim as galinhas não dormem e comem mais (isso acontece principalmente com as que produzem ovos).

Na ração das aves são adicionados antibióticos, que deixam traços na carne, sendo cumulativos no organismo do humano que as come. São necessárias altas doses de antibióticos devido ao absurdo confinamento, muitas aves por m2. Nos EUA 70% de toda a produção de antibióticos são misturados às rações de animais. Isso cria superbactérias resistentes a antibióticos.
Segundo um estudo de 2006, feito pela Universidade de Harvard em 135 mil pessoas, as que comiam frequentemente carne de galinha, mesmo grelhada e sem pele, tinham 52% mais probabilidades de desenvolver câncer de bexiga, comparadas com as pessoas que não a comiam. Os comedores de carne morrem mais de câncer de intestino, boca, faringe, estômago, seio e próstata.

Os frangos de granja envelhecem rapidamente e, por essa razão, são abatidos antes de completarem 45 dias de vida. Se o abate ocorrer depois dos 45 dias de vida, eles contraem muitas doenças, por exemplo, leucemia. Quem consome frango de granja está comendo uma carne contaminada por pus e células cancerosas. Esta é a razão do surgimento dos cistos e tumores nos seios, no útero e nos ovários femininos, como também, na próstata masculina, além do envelhecimento precoce.
E as galinhas são tão sensíveis, amorosas e delicadas, que mães galinhas cacarejam para seus filhos ainda dentro dos ovos e eles piam em resposta à sua mãe…

“O primeiro passo para respeitar os animais é deixar de comê-los” – Miguel Moutinho (presidente da “Sociedade Ética de Defesa dos Animais – Animal” de Portugal)

Referências:

(*) http://opiniaoenoticia.com.br/economia/numero-de-galinhas-e-tres-vezes-maior-do-que-o-de-humanos/

http://goveg.com/factoryFarming_chickens.asp

http://www.centrovegetariano.org/Article-474-A%2Bvida%2Bdas%2Bgalinhas.html

PPS de Rildo Silveira (graduado em Educação Física e pós graduado em Fisiologia e Nutrição Esportiva. Autor de mais de 250 PPSs sobre proteção animal, ambiental e veganismo – ativista pelas causas animal e vegana):  “Rinha de Galos”:

Texto meramente informativo

TEXTO REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL – DIREITOS AUTORAIS

Reprodução permitida, desde que, com todos os créditos da autora e de seu trabalho.
Martha Follain: Formação em Direito, Neurolinguística, Hipnose e Regressão. Terapia Floral de Bach, Aromaterapia, Terapia Floral de Minas, Fitoterapia Brasileira, Cromoterapia, Cristaloterapia, Terapia Ortomolecular, Bioeletrografia, Terapia de Integração Craniossacral – para animais humanos e animais não humanos. Consultora da “Phytoterápica”. Atendimentos e cursos – CRTH 0243

www.floraisecia.com.br

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