Avenida Ana Costa, 18 horas desta quinta-feira. O trânsito de veículos foi interrompido nos dois sentidos por pelo menos 40 pessoas que tentavam evitar o pior: o atropelamento de um cachorro, da raça pastor alemão, cego que, segundo testemunhas, foi jogado de dentro de um carro quando o sinal fechou. Desnorteado, o animal quase morreu, se não fosse a atitude rápida de uma mulher, que o prendeu à alça de uma bolsa.

“Fiquei desesperada. Todos gritando, vendo aquele cachorro no meio da avenida. Não pensei duas vezes e fui atrás dele”, conta a estudante de medicina veterinária, Giselle Cabral Martins. O cão, porém, estava assustado e se debatia a todo o instante. “Comecei a chorar e mais pessoas vieram me ajudar. Quando descobri como ele foi parar ali, fiquei indignada”, contou.

A universitária garante: ele foi jogado de um carro entre as ruas Luís de Faria e Doutor Luís Suplicy, no Gonzaga. “Quem estava no ponto de ônibus flagrou o momento e disse que foi um crime. Ele foi abandonado no meio da (Avenida) Ana Costa”, disse, indignada. “Ele (o cachorro) passou mal e não conseguiu mais se levantar. Não tinha forças e achamos que ele estivesse machucado, mas vimos que, no final, estava bem”.

No entanto, foi a empresária Silvana de Carvalho quem o levou para casa. “Tinha acabado de sair do trabalho quando passei por lá e vi toda a confusão. A Giselle não poderia, então ele está comigo. Não podia deixá-lo na rua”, explicou. Ela também não flagrou o abandono, mas conversou com outras pessoas que disseram e enfatizaram terem visto o momento em que um homem abriu a porta de um carro e o largou na rua.

“Quem fez isso é desumano. Mas fiquei indignada por ninguém ter anotado a placa. Precisamos encontrar quem o largou”, disse a empresária, que pede ajuda de alguma instituição para cuidar do animal, já que não pode ficar com ele. “Resgatei, pois não tive outra escolha. Ligamos para polícia, para os Bombeiros e até para a Prefeitura e ninguém foi até lá”, disse, ao afirmar que, apesar de estar assustado, é extremamente dócil.

Segundo a coordenadora da Coordenadoria de Proteção à Vida Animal da Prefeitura de Santos (Codevida), Leila Abreu, casos de abandono como esse são mais comuns do que o esperado. ”Enquanto um animal for tratado como um objeto pela Justiça, não haverá punição suficiente”, disse.

Ela levanta a possibilidade também de que o cachorro tenha fugido de alguma residência naquela região e, as pessoas, sensibilizadas por tudo o que ocorreu, possam ter compreendido o fato de outra forma.

Comoção nacional

Na última semana, um casal que voltava da maternidade com um filho recém-nascido divulgou, via internet, um vídeo que mostra uma cadela sendo abandonada em uma movimentada avenida da capital paulista. As imagens mostram o desespero do animal tentando voltar ao veículo quando sinal abre. No entanto, o motorista o deixou no meio do trânsito.

Fonte: A Tribuna