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VITÓRIA DOS ATIVISTAS

Ursa que foi responsabilizada pela morte de um homem na Itália é transferida para Santuário

22 de julho de 2025
Vivian Guilhem | Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução/ ANSA Brasil

A ursa JJ4, que ficou conhecida internacionalmente após o trágico incidente que resultou na morte de um corredor em 2023 na região do Trentino, na Itália, foi transferida para um santuário na Alemanha após mais de um ano de reclusão em um cercado de isolamento. A fêmea de 17 anos, foi capturada pelas autoridades italianas após ser responsabilizada pelo ataque a um humano que invadiu seu território natural. A decisão de removê-la para o Santuário de Oderhaus, mantido pela organização Four Paws, foi tomada após intensa mobilização jurídica, social e institucional.

JJ4 é uma ursa selvagem que vivia nos Alpes italianos e foi monitorada pelas autoridades locais como parte de um programa de reintrodução da espécie na região. A iniciativa, originalmente voltada à conservação da vida silvestre, passou a ser questionada por setores políticos e da população após o incidente com o humano. A ursa chegou a ter uma ordem de abate emitida, revertida após protestos de ativistas, organizações de proteção animal e intervenção da justiça.

Desde abril de 2023, a ursa permaneceu confinada em um espaço inadequado para um animal de sua espécie, vivendo sob forte estresse e longe de seu habitat natural. Sua transferência representa uma vitória parcial, já que garante sua sobrevivência e oferece condições de vida mais adequadas, embora ainda dentro dos limites da privação da liberdade, imposta pela relação humana com a fauna silvestre.

Especialistas em direitos animais defendem que casos como o de JJ4 deveriam servir como alerta sobre os conflitos crescentes entre humanos e animais silvestres, impulsionados pelo avanço urbano, destruição de habitat e invasão de áreas naturais. Animais selvagens não são agressores por natureza, mas seres sencientes que defendem sua vida, seus filhotes e seus territórios quando se sentem ameaçados. A tragédia humana, embora lamentável, não pode justificar a punição, encarceramento ou morte de um animal que agiu por instinto diante da presença de um invasor.

O caso de JJ4 revela como a gestão pública da vida selvagem ainda é marcada por posturas especistas, que colocam os interesses humanos acima do direito fundamental dos animais de existirem em paz e segurança. A transferência da ursa para um santuário é um gesto de responsabilidade, mas também uma reparação tardia por meses de confinamento injusto.

A história de JJ4 não pode ser esquecida. Ela nos obriga a repensar nosso papel na natureza, o respeito à liberdade animal e a urgente necessidade de políticas públicas que protejam, em vez de punir, os seres que compartilham o planeta conosco. Que o futuro reserve mais empatia e menos controle sobre quem nunca deveria ter sido aprisionado.

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