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Drogas para engordar bois causam graves problemas na saúde dos animais e das pessoas

26 de agosto de 2013
5 min. de leitura
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Por Patricia Tai (da Redação)

Boi com etiqueta em sua orelha - "mercadoria" criada para servir ao consumo humano, aparentando sinais de doença. Foto: Reprodução
Boi com etiqueta em sua orelha – “mercadoria” criada para servir ao consumo humano, aparentando sinais de doença. (Foto: Reprodução)

As drogas à base de substâncias beta-agonistas foram originalmente desenvolvidas para ajudar as pessoas com asma, mas nos últimos tempos têm sido misturadas à alimentação dos bovinos criados para consumo humano pois a indústria da carne descobriu que elas têm o poder de fazê-los crescer mais rápido em um curto período de tempo. A meta é “produzir mais carne com menos gado”. Um vídeo recente de bois “mancos” que haviam recebido tais drogas levantou preocupações sobre a segurança dos beta-agonistas para os animais e para os seres humanos que comem a sua carne. As informações são da Care2.

A carne de bovinos que receberam drogas como Zilmax da Merck ou Optaflexx da Eli Lilly é erroneamente etiquetada como sendo “natural; livre de hormônios e antibióticos” pois, segundo as diretrizes do Departamento de Agricultura Americano, os beta-agonistas não são enquadrados na categoria de hormônios de crescimento ou antibióticos. Mas os animais sob efeito de beta-agonistas, nas semanas antes de serem mortos, apresentam um acréscimo de 14 quilos aos seu peso, e a droga reduziu a gordura contida na carne.

Em outras palavras, os beta-agonistas são feitos sob encomenda para empresas como Tyson e Cargill, que produziram mais de 11 bilhões de quilos de carne no ano passado a partir de 91 milhões de bovinos. Em contraste, com 111 milhões de bovinos foram produzidos 9 bilhões de quilos de carne em 1952.

Como se andassem em metal quente

A Dra. Lily Edwards-Callaway, chefe da área que se diz responsável pelo “bem-estar” animal da JBS dos Estados Unidos, exibiu um vídeo no dia 7 de Agosto, na Associação Nacional Cattlemen’s Beef. Nas imagens, os animais podiam ser vistos “lutando para caminhar e mostrando outros sinais de sofrimento”, e pareciam “andar cuidadosamente, como se estivessem pisando em metal quente”, segundo a Reuters.

Edwards-Callaway argumentou que “o calor, o transporte e problemas de saúde” podem ter sido fatores a explicar o fato dos animais estarem mancando.

As imagens devem ter sido impactantes: no mesmo dia em que foi mostrado o vídeo, a Tyson Foods, segunda maior produtora de carne dos Estados Unidos, anunciou que deverá suspender a compra de animais alimentados com Zilmax. A empresa citou especificamente que “casos recentes de gado entregues para serem processados (sic) tinham dificuldade de andar ou eram incapazes de se mover”, e pontuou que “alguns especialistas em saúde animal sugeriram que o uso do suplemento Zilmax é uma causa possível”.

Zilmax é o nome comercial da Merck para a substância zilpaterol, que é “mais forte que os outros beta-agonistas do mercado”, de acordo com a Reuters. Outra substância parecida é a ractopamina, ingrediente ativo do Optaflexx, vendido pela Lilly. Conforme a reportagem, a Tyson “ainda está comprando bovinos medicados com Optaflexx”.

As discussões com relação à continuidade do uso destas drogas nada têm a ver com preocupações quanto aos problemas causados aos animais que estão sofrendo com os efeitos, e sim, como sempre, estão pautadas em interesses econômicos. A Rússia e a China proibiram a importação de carne de animais que receberam ractopamina. No intuito de ganhar uma fatia do lucrativo mercado chinês, a Smithfield Foods anunciou em Maio que deverá parar de ministrar ractopamina a metade de sua criação de porcos. Semanas depois, a China declarou que tinha planos de comprar da Smithfield.

Em publicação voltada para o mercado de criação de bovinos, a Cattle Network se refere aos beta-agonistas como “ferramentas poderosas para dar acabamento no gado” e afirma que, “se não se acrescentar Zilmax à alimentação dos animais, eles pesarão menos”. Em alinhamento com o que diz a Cattle Network está a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, USFDA (U.S. Food and Drug Administration), que tem dito atualmente que essas substâncias são “seguras” para os animais e aprovou a volta do uso do Zilmax em 2006. Os últimos relatórios de bovinos com sérios distúrbios contradizem isso, mas o que manda é o lucro, o mercado, o “produzir mais carne com menos gado”, a comoditização da vida.

Nota da redação: As evidências mostram, cada vez mais, que não há carne livre de toxinas para o consumo humano. Os animais são vistos como mercadorias pela indústria da morte e, para que gerem mais lucro, recebem verdadeiros venenos em seus corpos no sentido de renderem mais quilos para as prateleiras dos supermercados e açougues e para os pratos dos seres humanos que ainda os consomem.
 
O tal vídeo citado nesta matéria não está disponível publicamente, mas só a sua descrição já faz supor o horror das cenas: animais “lutando para caminhar e mostrando outros sinais de sofrimento”,  andando cuidadosamente, “como se estivessem pisando em metal quente”, animais mancando.
 
O texto quase permite visualizar os animais perdendo os sentidos, enlouquecendo de dores físicas. Esse é o preço pago pelos animais não-humanos para que as pessoas tenham carne em seus pratos em suas refeições diárias e em seus “churrascos de confraternização”.É interessante lembrar que, junto com esta carne, estão vindo inúmeras substâncias ocultas como os beta-agonistas e outras, incluindo a própria adrenalina do animal que sofre tremendamente ao morrer, e isso tudo é ingerido por quem come essa carne, sem dúvida causando consequências inimagináveis em sua saúde. O preço da agonia do animal, de sua dor e de suas doenças, está embutido no valor que se paga pela carne consumida por humanos no mundo todo a cada dia.

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