Vítimas da guarda irresponsável e da falta de ações que os retirem do desamparo e promovam o bem-estar, cerca de 24.500 cães e gatos, revela uma estimativa municipal, estão abandonados em Fortaleza, em situação que talvez não mude tão cedo. No Dia dos Animais, comemorado hoje, quando também se celebra São Francisco, conhecido por ser protetor dos bichos, eles sofrem com a ausência de políticas públicas de monitoramento, castração, resgate e incentivo à adoção. Assim, a quantidade de animais abandonados deve seguir crescendo na Capital.
Cleonardo da Costa, coordenador do CCZ, afirma que, atualmente, as únicas medidas tomadas para evitar que mais cachorros e felinos fiquem ao relento são estímulos às organizações não-governamentais (ONGs) de proteção e campanhas educativas sobre a guarda consciente dos animais. Segundo ele, a falta de compromisso de tutores com o bem-estar animal é o fator que mais tem ocasionado a rejeição e o abandono.
No entanto, ações regulares de castração, que poderiam evitar a reprodução desregrada, e o resgate daqueles que já estão abandonados são, conforme Costa, inviáveis. O coordenador explica que o CCZ não possui estrutura e recursos necessários para realizar esterilizações e fornecer acolhimento a cachorros e gatos abandonados. “Nossa capacidade é de apenas 600 animais e a verba do SUS (Sistema Único de Saúde) não permite que façamos castrações, pois não temos condição de manter um centro cirúrgico e insumos”, revela.
Diante da falta de ações do poder público, as ONGs de proteção aos animais têm tomado a responsabilidade de realizar serviços de acolhimento. Desde 2006, a União Protetora dos Animais Carentes (Upac Fortaleza) trabalha resgatando, castrando e promovendo eventos de adoção. Segundo Gustavo Jorge, presidente da entidade, por mês, são retirados das ruas uma média de 15 animais pela equipe de voluntários e muitos outros pela própria população, que oferece lares temporários.
Antes de disponibilizar os cães e gatos para apadrinhamento, a ONG faz a vacinação e a esterilização dos animais. Também se realizam mutirões nos quais o serviço é oferecido. “O que mais pedimos ao poder público é que assuma, pelo menos, o trabalho de castração gratuita. Mas o ideal é que houvesse um lugar onde esse animais pudessem ser cuidados e colocados para adoção”, afirma.
A União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) é outra entidade que assumiu o papel de evitar o abandono. A presidente Geúza Leitão afirma que luta, juntamente ao Ministério Público Estadual, para que a Prefeitura desenvolva políticas públicas para adoção e castração, mas não obteve sucesso. Mesmo assim, faz a esterilização com a ajuda de veterinários. Por mês, são 220 castrações, contribuindo para controlar a natalidade.
“Sem isso, os animais se reproduzem muito rápido e são jogados nas ruas por tutores que não fazem a guarda responsável. Muitos morrem também atropelados e envenenados”, diz Geúza.
Foi o caso de 20 gatos mortos, provavelmente envenenados, encontrados, no último dia 26, no Polo de Lazer Gustavo Braga, no bairro Damas, onde moradores construíram espécies de abrigos para os felinos. Conforme a Sociedade Protetora dos Animais (SPA-CE), foi o terceiro extermínio de gatos registrados na área apenas em 2013.
Feira de adoção
Hoje e amanhã (5), é realizada, no térreo do Shopping Benfica, uma feira de adoção de gatos e cachorros, além de exposição de fotos que mostram a evolução de animais que foram abandonados e, após serem acolhidos por voluntários, aguardam um novo e definitivo lar. Os interessados em adotar um gato ou cachorro devem levar RG, CPF e comprovante de residência originais.
Fonte: Diário do Nordeste