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Grupo de direitos animais tenta impedir festival de carne de cachorro

23 de junho de 2013
8 min. de leitura
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Por Ana Rita Negrini Hermes (da Redação)

Cãozinho sentado na cesta de uma bicicleta em frente a cachorros mortos que serão comidos num mercado público na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 21 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)
Cãozinho sentado na cesta de uma bicicleta em frente a cachorros mortos que serão comidos num mercado público na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 21 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)

Um grupo de direitos animais não conseguiu impedir um festival, no sul da China, dedicado a comer carne de cachorro, que conseguiu muita atenção da mídia e dividiu a comunidade da Internet na China, recentemente. As informações são do CRI English.

O festival anual, marcado para acontecer na sexta-feira na Região Autônoma de Guangxi Zhuang, se caracteriza por empilhar cachorros em gaiolas antes de serem mortos, terem sua pele removida e serem comidos.

Membros do Centro de Proteção de Pequenos Animais, chamado Boai, protestaram em Yullin, a cidade onde o festival acontece, pedindo ao governo local para cancelar o festival, disse o fundador do grupo, Du Yufeng.

Fotos de festivais anteriores mostrando cachorros sendo empilhados em gaiolas e os moradores locais banqueteando-se com suas carnes circularam nas redes sociais da China, levando milhares de pessoas a condenarem o festival e classifica-lo como cruel.

Oficiais do governo disseram que não poderiam impedir que o festival acontecesse, uma vez que era organizado pelos moradores locais e não pelo governo, disse Du.

Vendedores chineses vendem carne de cachorro no Mercado livre, na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 21 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)
Vendedores chineses vendem carne de cachorro no Mercado livre, na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 21 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)

Segundo registros, o evento começou há várias décadas, para marcar o solstício de verão.  O festival esperava atrair 10.000 participantes, de acordo com o South China Morning Post, jornal chinês.

Até agora, os internautas chineses demonstram ter opiniões divididas sobre este festival.

Um usuário da Internet, chamado joanmiyaoka, disse que o padrão moral de uma nação é testado por suas atitudes para com os animais.  Outro opositor do festival, chamado Stephen, disse que se uma tradição é cruel e horrível, não há necessidade de preservá-la.  Ele também disse para o povo chinês tratar os animais domésticos da mesma maneira com que eles tratam os pandas.

Ativista da proteção animal chinesa, Pian Shan Kong, ajoelha-se em frente a cães mortos para serem comidos e lhes pede desculpas, durante campanha contra o uso de carne de cachorro para alimentação,  na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 21 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)
Ativista da proteção animal chinesa, Pian Shan Kong, ajoelha-se em frente a cães mortos para serem comidos e lhes pede desculpas, durante campanha contra o uso de carne de cachorro para alimentação, na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 21 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)

Entretanto, fumingchu, outro usuário das redes sociais, salientou que embora ele não coma carne da cachorro, ele não se opõe a esta prática tradicional dos moradores de Yullin.  Uma cultura que aprecia animais não deveria, necessariamente, desconsiderar outra que defende comidas tradicionais.  Sua opinião é apoiada por outro usuário da web, chamado Jaminghard, que disse não ver problemas com o festival – desde que os cães não sejam torturados, porque não são animais em extinção.

Amantes de animais resgataram cerca de 500 cães em 2011, depois que o caminhão que os transportava foi forçado a parar em uma estrada a leste de Beijing por um motorista que atravessou seu carro na frente do caminhão e então usou seu microblog para alertar ativistas de direitos animais.

Atualmente, a China não tem leis de proteção a animais que não estejam em extinção.

Um trabalhador empurra sua moto para entregar gaiolas com cães a serem mortos e comidos a uma loja no mercado livre, na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 20 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)
Um trabalhador empurra sua moto para entregar gaiolas com cães a serem mortos e comidos a uma loja no mercado livre, na cidade de Yullin, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, sul da China, 20 de junho de 2012. (Foto: Imagine China)

Protestos na inauguração do festival

Por Paula Rosana (da Redação)

É calculado o sacrifício de 10 mil cães para o evento, cifra que converteu o torneio no objetivo principal dos ativistas dos direitos dos animais.

A cidade de Yulin, no sul da China, acolheu nesta sexta-feira (21) o festival de comida feita com carne de cachorro, apesar dos protestos no país de um crescente movimento que defende os cães e outros animais de tais abusos. As informações são do La Jornada.

As fontes do Estado estimam que serão mortos 10 mil cachorros para o evento, uma cifra que converteu o certame no objetivo principal dos ativistas dos direitos dos animais na China.

Moradores e defensores desta iguaria em Yulin, na província de Guangxi, assinalam que neste encontro anual, de um dia de duração, é comemorado o solstício de verão e essa tradição forma parte da cultura da região.

No entanto, os ativistas acusam os açougueiros de usar métodos primitivos para matar animais em um “festival sangrento” e asseguram que alguns deles inclusive, são cozidos vivos.

“Estamos no lugar onde se matam. Há muita gente aqui. Estamos tentando capturar (para salvar) alguns cachorros” disse Du Yufeng, a fundadora do Centro de Proteção de Animais Pequenos Bo’ai  ao repórter.

Uma mulher membro de um pequeno grupo budista na cidade de Guangzhou, que não quis dar seu nome verdadeiro, disse que ela e outros três ativistas viajaram quinta-feira à Yulin e disse ao repórter que grupos budistas de outras áreas têm tentado salvar cachorros da matança nesta cidade. “Mas como o festival é celebrado hoje, não podemos fazer mais nada” disse.

Du Yufeng não perde a esperança. “Queremos negociar com a prefeitura e queremos que proíbam o festival” disse. No entanto, são muitos os moradores que defendem o evento, embora na Internet as opiniões sejam as mais variadas.

No jornal “China Daily” citam a Wei Huan, um habitante da cidade de Guilin, onde a carne de cachorro se come com lichia (uma fruta chinesa), que assegura que este é seu prato favorito e cresceu comendo-o. “Por que temos que fazer o que os manifestantes gostam ou não gostam?” dizia Wei, de 27 anos.

Os ativistas acusaram os funcionários locais de não ter detido os caminhões que transportavam cães de forma ilegal, muitos deles roubados ou criados ilegalmente.

Na opinião da ativista, “se uma pessoa come carne de cachorro na sua casa, é uma questão de consciência”, mas “a matança cruel em público danifica a imagem da cidade e obriga seus cidadãos a sofrerem pelos crimes de outros”.

A carne de cachorro é muito popular em numerosas áreas do sul da China e não costuma ser um problema encontrá-la no cardápio dos restaurantes. Uma busca na popular página da internet Sohu.com aloja 135 mil resultados quando se procura restaurantes com carne canina em Pequim.

Na China alguns homens comem carne de cachorro, assim como a de cobra, tartaruga ou outros animais por sua suposta capacidade de aumentar a libido.

Os críticos assinalam que o baixo preço da carne de cachorro (em média ¥ 50 yuanes ou U$ 8 dólares por quilo, é a metade do preço da carne de cordeiro) reflete o comércio ilegal neste tipo de produtos, já que a criação de cachorros destinados à alimentação é dispendiosa.

“Roubar cães para comercializar sua carne se converteu num delito organizado” disse em março Grace Ge Gabriel, diretor asiático da organização internacional Fund for Animal Welfare.

Há três locais onde se rouba e mata os cachorros: na província de Jiangsu, na de Jilin e na de Guangdong, disse ao “China Daily” Guo Peng, perito em proteção de animais da Universidade Shandong.

Os ativistas mostraram as terríveis condições em que são realizados os carregamentos ilegais de cães e conseguiram interceptar vários destes caminhões. Gabriel disse que os ativistas conseguiram resgatar 2.200 cachorros na região central de Chongqing e na província Guizhou, no começo de março.

Na última década se formou no país mais de uma centena de grupos de defesa dos cães, disse o porta-voz de IFAW, He Yong à repórter. “Acredito que as pessoas comuns normalmente são contra o consumo de carne canina e não somente aquelas que têm um animal doméstico”.

O Partido Comunista, pouco receptivo com quase todo o tipo de manifesto, parece bastante tolerante com os defensores dos animais. Mas na opinião de He: “O governo deveria assumir mais responsabilidade no assunto, proibindo as pessoas de comer carne de cachorro ou pelo menos não incentivando”.

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