Enquanto equipes de resgate continuam em busca de sobreviventes humanos entre escombros de prédios destruídos pelo terremoto e pelo tsunami que assolaram o Japão, grupos de bem-estar animal estão reunindo forças para resgatar os animais abandonados no país.
Isabella Gallaon-Aoki da associação “Animal Garden Niigata”, está em Sendai, uma das cidades costeiras mais danificadas pelo tsunami.
“A cada dia mais animais estão morrendo”, disse ela. “Está frio aqui, eles não têm comida. Muitos foram amarrados, principalmente nas áreas rurais, então não têm a possibilidade de procurar por comida ou qualquer coisa. Tenho certeza que eles estão desesperados”.
Segundo Gallaon-Aoki, os esforços para resgatar animais na região têm sido muito difícil, por causa da falta de combustível e as condições das estradas, o que tem dificultado o acesso a áreas costeiras.”Estamos em uma área, onde não há basicamente nada – quer dizer, está completamente destruída, não há nenhum sinal de vida, apenas destruição total”, disse ela. “O que vamos fazer a partir de agora, é sair para as áreas onde acreditamos que os animais foram deixados e temos a esperança de encontrar alguns que estejam vivos.”
A “Animal Garden Niigata” está sendo assistida por Cathy King, veterinária voluntária da Organização Mundial de Veterinários. Segundo ela, “provavelmente serão resgates bastante sérios, animais em condições graves, na zona principal do desastre, pois o acesso é muito restrito, além disso, o foco principal das organizações em geral é encontrar pessoas sobreviventes”.
Muitas pessoas, principalmente estrangeiros, fogem do país deixando para trás os seus amigos peludos. “Os abrigos estão recebendo telefonemas de pessoas dizendo: ‘Eu estou no caminho para o aeroporto, eu vou embora, eu tenho quatro cães no meu apartamento e meu vizinho tem a chave. Então, a prioridade agora é cuidar desses animais.”
Wybenga David, um americano que vive no Japão, é o diretor do “Japan Cat Network”, com sede na província de Shiga, cerca de 550 quilômetros a sudoeste de Sendai. Seu grupo uniu forças com a “Animal Garden Niigata” e com o grupo de bem-estar animal HEART-Tokushima para formar um suporte de resgate efetivo para as vítimas do terremoto.
Wybenga concorda que o maior desafio, neste momento, é ajudar os animais deixados para trás por aqueles escaparam do desastre. “O que aconteceu foi que as pessoas em áreas menos afetadas decidiram deixar suas casas. Algumas embaixadas decidiram chamar de volta seus cidadãos, algumas escolas internacionais decidiram fechar. De repente, os estrangeiros têm que sair e dependendo do país, exige muitos procedimentos para viajar com um cão ou gato, e se você está indo embora de repente, você provavelmente não está pronto – você não tem os documentos necessários”.
“Estamos tentando chegar a essas pessoas e faremos o nosso melhor para seus animais. Esperaremos para reuni-los de novo quando voltarem”.
King disse os veterinários da Organização Mundial têm experiência anterior ajudar os animais após desastres naturais, incluindo os que trabalharam no Haiti após o terremoto do ano passado, e nos Estados Unidos, depois do furacão Katrina em 2005.
De acordo com King, um problema que surgiu após o Katrina foi que os animais foram resgatados por diferentes grupos e levados para locais diferentes, então os seus tutores foram muitas vezes incapazes de localizá-los, ou seja, os animais tiveram de ser encaminhados para adoção.
É um cenário que as organizações querem evitar no Japão. Ela disse que uma das prioridades é a criação de uma base de dados centralizada de animais resgatados, contendo informações sobre onde e quando eles foram encontrados, bem como, para onde foram levados.
A equipe conta com quatro frentes para a realização desse trabalho: médicos veterinários, tradutores e voluntários especializados em catástrofes naturais.
King acredita que na próxima semana a ajuda incluirá animais de fazenda, além da continuidade com os animais de companhia. Para isso, será necessária a ajuda de associações de bem-estar animal do Japão. O maior problema nesses casos, é que os abrigos vão ficar sobrecarregados com animais.
“Os abrigos precisam de ajuda com depósitos, galpões ou construções pré-fabricadas, onde, pelo menos, possamos começar a resgatar animais e aloja-los em gaiolas individuais”.
“Os animais são muito significativos para as pessoas no Japão. As pessoas adoram seus cães e gatos e eles fazem parte de suas famílias”.