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Maus-tratos aos animais causam indignação em São Francisco do Sul (SC)

21 de março de 2012
3 min. de leitura
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Por Fernanda de Aquino

Parece que a bruxa anda solta lá pelas bandas do Ervino (SC).

Segundo relato de uma moradora – uma dessas pessoas que acham que animal também sente fome, frio e desamor, – é grande o número de animais em condições dramáticas naquela região.

Desesperada, ela desabafa:

“Precisamos nos reunir para tentar acudir os bichinhos lá do Ervino urgente! A situação é de chorar. Tenho ouvido cada história de arrepiar. Inclusive a de um cachorro com uma bicheira horrível, que estou ‘caçando’ há duas semanas, e hoje fiquei sabendo que um ‘louco’ decepou a perna do cachorro e o mesmo anda cambaleando pelo mato esperando a morte. Sem contar nos cavalos que são levados até as dunas para carregar montanhas enormes de areia (extraída da restinga, área de preservação). Quando os coitados não conseguem puxar a carroça apanham com pedaços de pau nas pernas, pedradas, com a pá, são queimados, tem as orelhas decepadas, chicotadas e são totalmente subnutridos. Animais que ficam presos na carroça dia e noite, não descansam, não se alimentam, a boca toda cortada por causa do bridão na boca.

Tentei tirar fotos de alguns cavalos, porém fui alertada a não mexer com os carroceiros, pois no ano passado um senhor fez uma denúncia de maus-tratos e alguns moradores atearam fogo na casa deste senhor e ele teve que ir embora. Não tenho medo, mas preciso de estratégia pra não bater de frente com esse povo num primeiro momento.

Isso sem contar dos muitos filhotes de gatos e cachorros, sarna, bicheiras, bicho de pé, subnutrição e descarte dos pobrezinhos. Não sei o que fazer, peço a Deus que me dê uma luz”.

Para não ter que ouvir que publico exageros, fui lá conferir: é verdade. E esta senhora não precisa pedir nada a Deus. Existe um órgão competente no município para essa tarefa. O Bem Estar Animal, o projeto da Secretaria de Saúde de São Francisco do Sul (SC), não existe só de ‘boniteza’, penso eu.

Muito se tem feito, há de se reconhecer. A população de cães perambulando pelas ruas diminui a cada dia. A temida ‘carrocinha’ foi substituída por um equipado ‘ônibus castrador”. Prêmios foram distribuídos como reconhecimento. Campanhas são realizadas nas escolas. Mas ainda é pouco. Sem um sistema punitivo eficaz, através da aplicação da lei de proteção animal, que já existe, a crueldade corre solta no mundo humano.

Enquanto isso, a Gang do Bicho, uma associação informal de amigos de animais, dá seus pulinhos e tenta amenizar a situação. Fornecem ração (inclusive para cães com tutores caras-de-pau que pensam que o bicho é de pelúcia), encaminham para castração e cuidados veterinários e oferecem para adoção. Tudo isso por conta e risco próprios. Sim, são gotas d’água. Mas enquanto você não faz a sua parte, outros farão. Ou será ao contrário? Enquanto outros fazem a sua parte, você se folga…

Enquanto não houver uma mudança radical na mentalidade da população no sentido de conscientização animal, qualquer iniciativa, embora válida, me soa mais como ‘murros em ponta de faca’. Eles continuarão nascendo na rua ou em lares desestruturados e continuarão a ser os primeiros a levar um chute da sociedade. Trate o homem e ele saberá tratar um animal.

O recado está dado. Espero, do fundo do meu coração, que as próximas notícias dessa questão sejam as melhores como “o Bem Estar foi lá e resolveu tudo”. Os bichinhos não votam, mas nós, sim.

Fonte: Correio do Litoral

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