De janeiro a novembro de 2013, 2218 cães foram assassinados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Rondonópolis. Foram mortos 1324 animais com alguma enfermidade, em geral, são animais que foram abandonados por seus tutores, sadios ou com alguma doença que poderia ser tratada. E 894 cães foram mortos por estarem infectados por leishmaniose.
Desde o dia 18 de novembro o CCZ parou de matar animais que não estão infectados por leishmaniose. Agora, o tutor do cão deve apresentar o exame clínico comprovando que o cão é portador da doença.
De acordo com o médico veterinário Marcelo de Oliveira, responsável pelo CCZ, muito donos abandonavam os cães sem motivos aparentes. “A maioria dos cães que recebíamos era por abandono, descaso, maus-tratos. Por não receberem os cuidados necessários, os animais adoeciam e os donos levavam para serem mortos”, afirma.
Com a nova medida adotada pelo CCZ, o objetivo é reduzir o número de abandono dos animais, mantendo a função de detectar e controlar as doenças. Segundo o médico veterinário do Centro, frequentemente são elaboradas campanhas educativas, para que os tutores cuidem de seus animais e os protejam de doenças. “O problema é que as pessoas não querem gastar dinheiro para tratar dos animais e os abandonam quando eles ficam doentes”, observa Marcelo.
Em outubro desde ano, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, negou o pedido de suspensão de liminar (SL 677) apresentado pela União em face da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que cassou a Portaria Interministerial 1426/2008, deste modo, ele autorizou o tratamento de cães com leishmaniose.
A leishmaniose é causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi, que é transmitido aos animais e ao homem através da picada do flebótomo, também chamado de mosquito-palha.
“O cão que tem a leishmaniose, mas faz tratamento, pode ter a cura clínica, porém, será portador do protozoário o resto da vida. É quase impossível o cão que faz o tratamento transmitir a doença aos humanos”, destaca Marcelo.
A presidente da Associação Rondonopolitana de Proteção Animal (Arpa), Mara Rodrigues Oliveira, ressaltou a falta informação da população quanto ao tratamento da leishmaniose para os cães. “Matar o cão não resolve, em 2010, em Rondonópolis, foram mortos mais de três mil cães com leishmaniose, nem por isso a doença deixou de infectar animais na cidade. Os tutores precisam se conscientizar que é possível prevenir a doença. Mas se mesmo assim o animal for infectado, é possível tratar, e o cão não é o único animal que transmite a doença, existem vários outros transmissores”.
O tratamento da leishmaniose visceral canina requer compromisso financeiro e de tempo do tutor e nem todos os cães reagem da mesma forma. Mas muitos cães já foram tratados e voltaram a ser saudáveis. Como toda doença, a Leishmaniose canina pode e deve ser prevenida com a aplicação da vacina e com o uso da coleira preventiva que contém substâncias que repelem o mosquito transmissor. A limpeza do quintal e terrenos baldios é de fundamental importância.
A Vacina para leishmaniose já é utilizada no dia a dia das clínicas e hospitais veterinários, o animal que será vacinado deve ser soronegativo para leishmaniose, a vacina deverá ser aplicada em três doses com intervalo de 21 dias, e o animal deverá ser revacinado a cada um ano.
A doença
Os principais sintomas da Leishmaniose para os cães, transmitida pelo mosquito palha, são o emagrecimento repentino e lesões em várias partes do corpo. O mosquito é encontrado em regiões de mata e na cidade, em regiões periurbanas, principalmente onde há árvores e que as folhas caem no chão e ficam úmidas.
Fonte: Gazeta MT