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22 mil espécies estão ameaçadas de extinção

20 de junho de 2014
5 min. de leitura
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Foto de Nick Garbutt / IUCN
Foto de Nick Garbutt / IUCN

Em 2014, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) está a celebrar os 50 anos de existência da sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção, ferramenta globalmente utilizada essencial para guiar ações de conservação e decisões políticas.

Apesar da data, na realidade, pouco temos para comemorar além de alguns poucos esforços bem sucedidos para a remoção das espécies das categorias de maior ameaça. Uma atualização da lista foi divulgada na semana que passou e incluiu mais 817 espécies. Assim, agora são 73.686 espécies avaliadas, das quais 22.103 (30%) estão ameaçadas de extinção. A lista é atualizada duas vezes por ano.

Anunciando os novos números, a IUCN deu destaque para dois grupos extremamente preocupantes. Um deles são as orquídeas conhecidas como sapatinhos (sub-familia Cypripedioideae), que têm quase 80% das espécies ameaçadas de extinção. Elas são encontradas na América do Norte, Europa e Ásia (regiões temperadas), onde a destruição do seu habitat e a coleta das espécies selvagens para alimentar o comércio local e internacional são as principais causas da ameaça.

“O surpreendente da avaliação é o grau de ameaça a essas orquídeas”, comentou Hassan Rankou, especialista da IUCN.

A IUCN também destacou que 94% dos lémures estão ameaçados de extinção. Das 101 espécies sobreviventes, 22 estão criticamente ameaçadas, 48 estão ameaçadas e 20, vulneráveis. Isso os torna um dos grupos de vertebrados mais ameaçados da Terra, e os culpados são a destruição do seu habitat e a caça para a alimentação.

“Apesar da profunda ameaça aos lémures, que tem sido exacerbada pela crise política em Madagáscar [os animais são endémicos deste país], acreditamos que ainda há esperança”, comentou Christoph Schwitzer, especialista da IUCN. Ele acredita que ações conjuntas entre os investigadores, comunidades e ONGs podem ter sucesso na proteção de espécies ameaçadas de primatas.

Brasil

No país, a IUCN já avaliou cerca de 5.500 espécies, e, na primeira atualização de 2014 da Lista Vermelha, deu destaque para o tatu-bola-do-nordeste ( Tolypeutes tricinctus), mascote da Copa da FIFA 2014, que permanece classificado como Vulnerável.

Acredita-se que a espécie declinou em mais de um terço nos últimos dez a 15 anos devido à perda de 50% de seus habitats, a Caatinga e o Cerrado.

O risco é tão grave que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) instituiu o Plano de Ação Nacional para Conservação do tatu-bola, o PAN Tatu-bola.

A caça predatória, a destruição de seus habitats e o pouco conhecimento existente sobre a espécie têm ameaçado sua sobrevivência, aponta o ICMBio. A nível nacional, a espécie integra a Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção, classificada como Em Perigo.

A IUCN nota que o status de Vulnerável do tatu-bola pode mudar com o anúncio da avaliação nacional.

Numa reportagem para a revista National Geographic, a equipe da IUCN explica que o mascote da Copa 2014 recebeu o nome de Fuleco, uma fusão das palavras futebol e ecologia.

“Porém, o quanto o uso do tatu-bola-do-nordeste como mascote da Copa do Mundo se traduzirá em conservação para ele e para as outras nove espécies de tatu do Brasil, resta ser visto”, enfatizam.

Outras espécies

A atualização da lista também teve como triste notícia a extinção na natureza de uma samambaia endémica do Arquipélago das Bermudas, a Diplazium laffanianum, também causada pela destruição do seu habitat, além da introdução de espécies exóticas.

A boa notícia, enfatizada pela IUCN, é a recuperação de uma espécie devido a esforços de conservação da Autoridade de Parques e Natureza de Israel. O peixe Acanthobrama telavivensis, mais conhecido como Yarkon bleak, encontrado apenas em Israel, saiu da categoria Extinto na natureza para Vulnerável devido a um programa de reprodução em cativeiro dos últimos 120 peixes que haviam restado na natureza. Em 2006, nove mil peixes nascidos em laboratório foram liberados no seu habitat restaurado.

“Apesar de celebrarmos alguns casos de sucesso para a conservação em cada uma das Listas Vermelhas da IUCN, há um longo caminho a percorrer entre onde estamos agora e 2020, o prazo estabelecido por quase 200 governos para estancar a perda da biodiversidade e evitar a extinção de espécies”, notou Jane Smart, diretora do Programa Global de Espécies da IUCN.

A IUCN pretende que a lista seja um Barómetro da Vida, aumentando o número de espécies avaliadas de cerca de 70 mil para pelo menos 160 mil até 2020.

A Lista Vermelha é um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação mundial de várias espécies de plantas, animais, fungos e protistas, servindo de referência para a maioria dos projetos de conservação e instituições renomadas, como a BirdLife International.

“Ao longo dos últimos 50 anos, a Lista Vermelha da IUCN tem guiado o trabalho de conservação – pouquíssimas ações positivas acontecem sem a Lista Vermelha como um ponto inicial”, comentou Julia Marton-Lefèvre, diretora geral da IUCN.

“Precisamos continuar a expandir o conhecimento sobre as espécies do mundo para melhor compreender os desafios que enfrentamos, estabelecer prioridades de conservação e mobilizar ações concretas para acabar com a crise da biodiversidade”, enfatizou.

Fonte: Esquerda.net

 

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